Bolsonaro insiste em reforma da Previdência ainda este ano
‘Não posso pautar minha vida em um álibi falso’, diz Moro
O juiz federal Sergio Moro rechaçou a tese de que tenha recebido uma espécie de “recompensa”, após decidir pela prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O futuro ministro da Justiça disse ainda que decidiu adiar exoneração porque “não enriqueceu com o serviço público”
Curitiba -
O juiz federal Sergio Moro disse nessa terça-feira (6), em entrevista coletiva, que optou por tirar férias antes de assumir o Ministério da Justiça, ao invés de pedir exoneração direta, por questões financeiras e de segurança. Ele também confirmou que teve contato com o economista Paulo Guedes antes do segundo turno das eleições, mas negou contato prévio com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Foi a primeira vez que Moro falou com a imprensa desde o anúncio com outras coisas. Qual o problema de o juiz tirar férias e começar a planejar o que vai fazer no futuro? Não estou assumindo cargo”, frisou.
Moro falou que a declaração do vice-presidente eleito Hamilton Mourão, de que foi sondado para ocupar a pasta durante a campanha, procede. “Fui procurado pelo Paulo Guedes no dia 23 de outubro. Ele me trazia uma sondagem acerca do meu interesse de compor o governo. Adiantei meu entendimento sobre esse tema e disse que só poderia tratar depois das eleições. Mais ou menos declinei a ele o que Lei da Ficha Limpa, o petista liderava a disputa presidencial. “Minha decisão foi tomada em 2017, sem qualquer perspectiva de que o então deputado federal fosse eleito presidente da República”.
De acordo com ele, Lula foi condenado a 12 anos e um mês de detenção e preso porque cometeu um crime, e não por causa das eleições. “Não posso pautar minha vida num álibi falso de perseguição política”. O magistrado garantiu, da mesma forma, que não usará o cargo para perseguição política. “Na Lava Jato, pessoas foram condenadas com base em provas robustas. Todos têm direito a igual proteção da lei”.
Em relação à quebra do sigilo da delação do ex-ministro Antonio Palocci e ao adiamento do depoimento de Lula, Moro afirmou que ambas as decisões seguiram o histórico da Operação, de dar aos fatos e às provas o máximo de publicidade. “Quando se divulga notícia falsa em eleição, é fake news. Quando a notícia é verdade, isso é direito à informação”.
O juiz foi indagado, ainda, se Bolsonaro chegou a lhe prometer a indicação ao STF (Supremo Tribunal Federal), quando a vaga for aberta, possivelmente em 2020, com a aposentadoria de Celso de Mello. “Não estabeleci condições para assumir o Ministério. Conversei com o presidente eleito sobre uma pauta de convergências. Não há no momento uma vaga aberta no STF”.
Não posso pautar minha vida num álibi falso de perseguição política"