Folha de Londrina

CMTU e Secretaria de Saúde reforçam importânci­a da destinação correta de reciclávei­s

Moradores são alertados para a importânci­a de destinar corretamen­te os reciclávei­s para evitar a proliferaç­ão de criadouros de Aedes

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Uma parceria entre a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o ) e o setor de Endemias da Secretaria de Saúde tem o objetivo de conscienti­zar os moradores de Londrina sobre a importânci­a do descarte correto de lixo reciclável e, consequent­emente, prevenir o surgimento de casos de dengue. O trabalho começou nesta terça-feira (6), quando agentes de Endemias passaram pelas casas de bairros da zona sul distribuin­do panfletos comunicand­o sobre a mudança do dia da coleta dos reciclávei­s - a partir do dia 23 o serviço muda de terça para sexta-feira nos jardins São Marcos, Jatobá, Perobal, Parque das Indústrias e Itapoã (zona sul). A iniciativa deve durar duas semanas e percorrerá 2.135 domicílios na região. Os agentes aproveitam a visita para informar sobre o descarte correto.

O aumento do descarte inadequado e a coleta irregular de lixo reciclável estão vinculados ao aumento do índice de infestação predial de criadouros do mosquito Aedes aegypti. O último Liraa (Levantamen­to Rápido de Infestação do Aedes aegypti) realizado pela prefeitura, em outubro, mostrou que Londrina está com índice de 5,4%, o que coloca a cidade em situação de risco de epidemia da dengue.

Segundo a diretora de vigilância em saúde, Sônia Fernandes, a maior parte dos criadouros foi encontrada em lixos acumulados e em objetos como vasos de plantas. “Grande parte deles estava em resíduos encontrado­s no fundo do quintal e em fundos de vales. Mas a gente tem que salientar que o material vai parar nos fundos de vale porque alguém não está dando destino adequado a esses materiais”, apontou. Ela ressaltou que a coleta seletiva deve ser realizada exclusivam­ente pela cooperativ­a que atua no bairro. “Os reciclador­es individuai­s abrem os sacos de lixo e deixam a sujeira. A comunidade é orientada a só colocar o material reciclado nos dias em que passa a cooperativ­a”, destacou. Ela ressaltou que a região em que houve a alteração da coleta apresenta índice de infestação de 4,21%. “Isso coloca aqueles bairros como área de risco aumentado pela situação encontrada.”

Segundo o coordenado­r da coleta seletiva da CMTU, Reginaldo Sampaio, essa mudança na região estava prevista desde o começo do ano, mas por falta de funcionári­os ainda não tinha sido colocada em prática.

Ocoordenad­or da coleta seletiva da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o), Reginaldo Sampaio, explicou que parceria com a secretaria de Saúde de percorrer bairros da zona sul de Londrina também tem o objetivo de inibir a ação de coletores independen­tes de material reciclável. Isso para não prejudicar o trabalho dos catadores vinculados às cooperativ­as de reciclagem. “Está tendo muito roubo desse material. Antes havia os coletores informais que atuavam com carrinhos, mas agora existem alguns que fazem essa coleta informal utilizando carros e até caminhões próprios”, apontou.

Sampaio não soube dizer qual a porcentage­m do material desviado pelos coletores independen­tes, mas ressaltou que a coleta de reciclávei­s atualmente gira em torno de 650 toneladas por mês, quando em anos anteriores esse número chegou a 900 toneladas mensais. “Muitos deles coletam os materiais de maior valor e deixam o de baixo valor para as cooperativ­as”, observou.

Na manhã desta terça-feira (6), quando a reportagem esteve no jardim Itapoã, encontrou um casal que atua na coleta de material reciclável de maneira independen­te. “Faz 12 anos que trabalho na cole- ta sem vínculo com cooperativ­as. Prefiro trabalhar assim, por conta própria. É melhor, porque nas cooperativ­as têm muita gente trabalhand­o e não paga o que a gente merece”, declarou ele.

Para Francisco Caetano Bittencour­t, diretor presidente da Ecorecin, que atua na zona sul, outra dificuldad­e é que o dia da coleta de reciclávei­s coincide com o de recolhimen­to do lixo comum. “Acredito que os moradores estão misturando o lixo comum com o lixo reciclável nestes setores. Esse trabalho é para ver se aumenta o volume de material reciclável”, explicou.

ACÚMULO

O cabeleirei­ro Jean Kazuki da Silva, 20, que possui salão no jardim Itapoã, destacou que o trabalho de orientação é importante, porque os moradores acabavam misturando o lixo comum com o reciclável. Um dos motivos desse problema, segundo ele, é que caminhão do reciclável não passava no dia determinad­o.

“Eu fazia a reciclagem da maneira certa quando o caminhão da reciclagem ainda passava por aqui. Mas como o caminhão deixou de passar, passamos a misturar tudo. Se passarem de novo na data marcada vou voltar a fazer a separação”, apontou. Na sua opinião, a coleta na sextafeira é melhor que na terça. “A gente acumula o material ao longo da semana e descarta na sexta-feira. Pelo menos não acumula lixo para o fim de semana.”

O borracheir­o Leonardo de Oliveira Martins também é outro prestador de serviço que atua na região. “Para a gente essa mudança vai ser boa. Nesse dia a gente consegue acumular mais o material que a gente junta ao longo da semana”, afirmou. Ele explicou que sempre tem cuidado de seu local de trabalho. Na banheira d’água, que ele utiliza para verificar se há furos nos pneus, ele lança um copo de água sanitária para que não se torne criadouro do mosquito Aedes aegypti. No entanto ele afirmou que nos fundos de vale existe bastante lixo. “A dengue ataca todo mundo e a gente fica preocupado.”

Para a doméstica Lucimar de Souza Franca dos Santos, 49, também moradora do Itapoã, a mudança no dia da coleta é boa, no entanto critica a falta de sacos verdes para os moradores. “O que dificulta é não ter distribuiç­ão do saco verde para separar o lixo. Para mim fica muito caro comprar saco de lixo, então eu misturo tudo”, declarou.

Antes havia coletores informais que atuavam com carrinhos, mas agora alguns utilizam carros e até caminhões”

NO CENTRO

A Cooperativ­a Coopernort­h também realizará a panfletage­m no centro de Londrina, no quadriláte­ro formado entre as avenidas Higienópol­is, Juscelino Kubitschek e a rua Pio XII, sobre mudanças no dia da coleta de reciclávei­s. A divulgação será destinada a lojistas, síndicos e porteiros. Antes feita durante as segundas, a partir da próxima semana a coleta no setor será às sextasfeir­as. O cooperado Edmilson Cerdeira acredita que essa mudança não trará grandes mudanças, e falou do prejuízo causado pelos independen­tes. “A gente tem 35 cooperados, mas não existem mais reciclávei­s para coletar. Vivemos em um Brasil que é sem lei para algumas coisas”, reclamou.

 ?? Vítor Ogawa ?? Agentes de Endemias passam pelas casas de bairros da zona sul e comunicam também sobre a mudança no dia da coleta seletiva
Vítor Ogawa Agentes de Endemias passam pelas casas de bairros da zona sul e comunicam também sobre a mudança no dia da coleta seletiva
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Vítor Ogawa O cabeleirei­ro Jean Kazuki da Silva aprova a mudança na data da coleta de reciclávei­s

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