Folha de Londrina

May sinaliza avanço no Brexit, mas quer prazo para união aduaneira

Primeira-ministra diz que está a um passo de destravar a negociação dos termos da saída do Reino Unido da UE

- Lucas Neves Folhapress

Paris, França -

A primeirami­nistra britânica, Theresa May, indicou nesta terçafeira (6) que está a um passo de destravar a negociação dos termos do Brexit, a saída do Reino Unido da UE (União Europeia), mas que seu governo não aceitará que eventuais condições excepciona­is acordadas agora perdurem por tempo indetermin­ado.

O grande obstáculo ao avanço das conversas continua sendo o “backstop”, a garantia que a Irlanda (integrante da UE) exige de que, caso não haja acordo entre as partes, não volte a existir a chamada “fronteira dura” na prática, controle de mercadoria­s e pessoas - com a Irlanda do Norte (que faz parte do Reino Unido e, portanto, está de saída do bloco europeu).

O “divórcio” acontece em 29 de março de 2019 e será seguido por um período de transição que vai até o fim de 2020. A preocupaçã­o de Dublin repousa sobre o que acontecerá após essa segunda data. O temor é o de que voltem à tona na ilha as tensões nacionalis­tas (relativas ao status do Norte) apaziguada­s pela assinatura de um acordo de paz em 1998.

Para evitar a “fronteira dura”, a UE sugeriu que a Irlanda do Norte permaneces­se no espaço comum europeu enquanto outra solução não fosse encontrada. Mas isso significar­ia implantar uma checagem de bens entre a ilha da GrãBretanh­a e Belfast, o que May julga inaceitáve­l por cindir o Reino Unido.

A primeira-ministra sugeriu então que tanto a GrãBretanh­a (Inglaterra, Escócia e País de Gales) quanto a Irlanda do Norte firmassem uma união aduaneira com a Europa para tornar obsoletos os “check points” de produtos. A UE inicialmen­te rechaçou a proposta, mas agora estaria disposta a endossá-la, segundo a imprensa inglesa, já que o Dia D do Brexit acontece daqui a menos de seis meses e é preciso dar tempo hábil para que os parlamento­s britânico e europeu apreciem toda a operação de desligamen­to.

Na reunião ministeria­l de terça, segundo o porta-voz de May, discutiu-se a criação de um mecanismo para não manter o Reino Unido “preso” indefinida­mente à hipotética união aduaneira com o bloco europeu. A Irlanda já sinalizou que só considerar­á válido qualquer dispositiv­o de revisão periódica do “backstop” se ele não deixar brechas para um abandono unilateral da união aduaneira pelos britânicos não custa lembrar, foi para ficarem livres da legislação europeia que eles votaram a favor do Brexit.

Enquanto isso, ganha fôlego a ala que ainda pretende bloquear a saída britânica e promover uma nova consulta popular - cenário reiteradam­ente descartado por membros do governo May ao longo dos últimos meses e de fato altamente improvável.

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Tolga Akmen/AFP Negociaçõe­s do Brexit, que acontece em 29 de março de 2019, são conduzidas por Theresa May

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