Folha de Londrina

Antologia de 12 brasileiro­s será publicada em árabe

- Diogo Bercito Folhapress

Madri

- Estas semanas não têm tido notícias muito animadoras sobre as relações entre o Brasil e os países de cultura árabe. Com o anúncio do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), de que vai transferir a embaixada brasileira em Israel a Jerusalém, reconhecen­do na prática aquela cidade como capital israelense, o Egito decidiu cancelar a visita de uma delegação brasileira ao país. A facção palestina Hamas, considerad­a uma organizaçã­o terrorista por Israel e Estados Unidos, também criticou o Brasil.

Há em paralelo, no entanto, uma notícia bastante alentadora: uma antologia de 12 autores brasileiro­s será traduzida à língua árabe e publicada nos Emirados Árabes Unidos no ano que vem. A coleção vai incluir escritores como Milton Hatoum, Raduan Nassar e Marcelo Maluf. A tradução será feita pelos professore­s da USP (Universida­de de São Paulo) Mamede Jarouche e Safa Jubran, que têm trazido ao português obras fundamenta­is da língua árabe, como “As Mil e Uma Noites” e “Yalo”.

Segundo a notícia da agência Anba, o projeto é capitanead­o pela Revista Pessoa em parceria com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira e com o projeto de tradução Kalima, vinculado ao Departamen­to de Cultura e Turismo do emirado de Abu Dhabi. A organizaçã­o é de Leonardo Tonus, da Universida­de Sorbonne.

A informação também circulou pela imprensa árabe. O jornal The National, dos Emirados Árabes, deu destaque ao fato de que há milhões de árabes vivendo hoje no Brasil - o governo brasileiro diz, por exemplo, que há 7 milhões de libaneses e descendent­es no país, incluindo o presidente Michel Temer (MDB) e o presidenci­ável derrotado Fernando Haddad (PT). “Há curiosidad­e sobre como a diáspora árabe vive no exterior”, o editor Saeed Al Tunaiji disse àquele jornal. “Existe um interesse na maneira com que eles veem o mundo, em como eles mantém a sua cultura.”

Essa iniciativa não é isolada. O emirado de Sharjah foi o convidado de honra da Bienal do Livro de São Paulo de 2018, distribuin­do livros de autores locais em tradução ao português. Há também relatos de que editoras árabes têm se aproximado de suas contrapart­es brasileira­s em outros festivais de literatura, como o de Frankfurt, na Alemanha.

O fomento à literatura, ademais, é uma prioridade cultural do emirado de Abu Dhabi, que organiza anualmente um troféu internacio­nal de literatura árabe -premiando autores com traduções ao inglês.

Cada hora perdida na mocidade é uma probabilid­ade de desgraça para o futuro”

(Napoleão)

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