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Chegada de imigrantes e refugiados nos últimos anos trouxe como desafio a necessidade de integração e acolhimento desse público
Oincremento das políticas afirmativas nas instituições de ensino superior no País e a chegada de imigrantes e refugiados ao Brasil nos últimos anos trouxe como desafio a necessidade de integração, acolhimento e inclusão desse público e reforçou a importância do combate ao racismo e à xenofobia não apenas dentro do ambiente acadêmico, mas em toda a sociedade. Para discutir os desafios do acolhimento e da inclusão, o Neab (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros) da UEL (Universidade Estadual de Londrina), em conjunto com o NRE (Núcleo Regional de Educação de Londrina) promoveram nesta terça-feira (6) o evento Igualdade Racial: desafios do acolhimento e inclusão.
“Estamos vendo atualmente, sobretudo nos últimos meses, o acirramento do racismo, com manifestações xenófobas e racistas aqui dentro da UEL, através de pichações nos banheiros. Tivemos também em outras instituições de ensino. Percebemos que algumas pessoas estão achando que é possível manifestar abertamente aquele racismo que, às vezes, gostaria de manifestar antes”, destacou a coordenadora do Neab, Maria Nilza da Silva. Ela ressalta, no entanto, que a Constituição Federal deve ser respeitada e a Justiça e o Ministério Público devem ser acionados pelos cidadãos que se sentirem discriminados. “Os negros, indígenas, imigrantes e, sobretudo, os imigrantes negros vivenciam o racismo que, muitas vezes, não tinham noção de que poderiam encontrar no Brasil.”
Promotor de Garantia dos Direitos Constitucionais do Ministério Público estadual, Paulo Tavares, lembrou que a igualdade racial passa pela educação e o professor tem o papel de contribuir para que o aluno desenvolva empatia pelo outro. “Tivemos avanços na questão de gênero, avanços na questão dos idosos, com o Estatuto, e avanços na área do combate ao racismo, mas a população não deixou de ser homofóbica, não deixou de ter preconceito com os idosos e nem os negros deixaram de sofrer violência física e psicológica. A luta por um país mais justo, igualitário, fraterno e solidário tem que ser diária”, destacou.
Fundada em São Paulo, em 1996, o Arsenal da Esperança é uma casa de acolhimento que recebe, diariamente, 1,2 mil pessoas em situação de vulnerabilidade, dentre eles, muitos estrangeiros, imigrantes e refugiados. Missionário na instituição, o padre italiano Simone Bernardi participou do evento na UEL, onde disse compreender os vários tipos de medo despertados na sociedade pela presença dos imigrantes, mas defende que as pessoas se abram para recebê-los e os vejam não como um problema, mas como uma possibilidade positiva. “Nós precisamos do outro. O outro não é um problema para resolver de alguma forma. É uma oportunidade para eu, junto aos outros, me tornar mais rico. Todos que se engajam de alguma forma para tentar dar uma resposta aquele problema se tornam pessoas mais realizadas e mais completas.”
Além do racismo, afirma Bernardi, o Brasil atravessa um momento de divisão pelo ódio, onde há um forte desejo de eliminar aqueles que pensam de modo diferente. Ele observa que a forma de combater o ódio não é “com mais ódio”. “Quem trabalha com educação tem este problema a ser enfrentado, mas também a possibilidade de construir uma outra forma de ver a questão que é não perceber o imigrante como um inimigo. Temos que experimentar mais as possibilidades concretas de dialogar, de nos reconciliar, de acolher. Não porque somos bons, mas porque é necessário. Não podemos esconder nem fechar os olhos.”