Gaeco investiga suposta tentativa de compra de voto de vereador
O delegado do Gaeco (Grupo de Atuação especial de combate ao crime organizado), Alan Flore, abriu inquérito para apurar suposto oferecimento de propina feito ao vereador João Martins (PSL) para impedir o voto do parlamentar pela cassação do mandato do então vereador Emerson Petriv, o Boca Aberta, em outubro de 2017. Uma pessoa, ainda não identificada, teria oferecido R$ 15 mil para supostamente comprar o voto de Martins.
Após prestar depoimento nesta quarta-feira (7), o vereador confirmou o fato, mas não soube identificar o autor do pedido. “O gabinete é público, fica aberto, eu estava sozinho e os assessores não estavam lá. Entrou esse senhor e insinuou essa proposta. E eu disse a ele que se repetisse, eu iria denunciá-lo”, disse o parlamentar sem apresentar nome e características do autor do suposto achaque. “Eu não conheço, e nunca mais vi, não sei onde mora e nem o nome.”
O fato foi revelado ao Gaeco em depoimento prestado por Martins no dia 18 de julho quando o delegado apurava fatos relacionados ao esquema da operação ZR3 que investigou crimes por cobrança de propina para alteração de projeto de lei na Câmara Municipal de Londrina. À época, quando Martins era responsável pelo relatório da CP (Comissão Processante) que investigava os vereadores Rony Alves (PTB) e Mario Takahashi (PV). O Gaeco apurava um suposto pedido feito por Rony para Vera Rubo, assessora parlamentar de Martins, para “aliviar o relatório”.
Segundo Flore, o Gaeco deve formalizar pedido para acessar cópias do circuito interno de segurança da Câmara para tentar identificar o autor que ofereceu vantagens indevidas a Martins. “Estou também determinando a intimação de todos assessores que prestavam serviços no gabinete do vereador (João Martins) naquela ocasião, para nos auxiliar na investigação”. Para o delegado, Martins, como agente público, tem a obrigação de revelar as situações de crime. “Tomando conhecimento de uma prática criminosa, ele tem obrigação legal de noticiá-la”. Entretanto, Flore alega que não é possível caracterizar a demora em revelar o fato em “omissão deliberada ou dolosa”. “Queremos agora coletar novos elementos desta pessoa.”
O Gaeco poderá ouvir o vereador cassado e deputado eleito Boca Aberta no curso da investigação. Em resposta à FOLHA, Boca Aberta classificou de “fake news” contra ele. “Ele, João Martins, votou contra nosso mandato, mais 14 pessoas, agora ele tá inventando essa história. Se fosse verdade por que a mais de um ano ele não denunciou isso? Por que ele não sabe o nome? Quem acusa tem que ter o ônus da prova “, questionou. “Eu Boca Aberta denuncio esse tipo de gente. Mas o povo me conhece. Ninguém tem procuração para falar em meu nome. Eu confio na competência do Gaeco para apurar esse fato.”