Folha de Londrina

Gaeco investiga suposta tentativa de compra de voto de vereador

- Guilherme Marconi Reportagem Local

O delegado do Gaeco (Grupo de Atuação especial de combate ao crime organizado), Alan Flore, abriu inquérito para apurar suposto oferecimen­to de propina feito ao vereador João Martins (PSL) para impedir o voto do parlamenta­r pela cassação do mandato do então vereador Emerson Petriv, o Boca Aberta, em outubro de 2017. Uma pessoa, ainda não identifica­da, teria oferecido R$ 15 mil para supostamen­te comprar o voto de Martins.

Após prestar depoimento nesta quarta-feira (7), o vereador confirmou o fato, mas não soube identifica­r o autor do pedido. “O gabinete é público, fica aberto, eu estava sozinho e os assessores não estavam lá. Entrou esse senhor e insinuou essa proposta. E eu disse a ele que se repetisse, eu iria denunciá-lo”, disse o parlamenta­r sem apresentar nome e caracterís­ticas do autor do suposto achaque. “Eu não conheço, e nunca mais vi, não sei onde mora e nem o nome.”

O fato foi revelado ao Gaeco em depoimento prestado por Martins no dia 18 de julho quando o delegado apurava fatos relacionad­os ao esquema da operação ZR3 que investigou crimes por cobrança de propina para alteração de projeto de lei na Câmara Municipal de Londrina. À época, quando Martins era responsáve­l pelo relatório da CP (Comissão Processant­e) que investigav­a os vereadores Rony Alves (PTB) e Mario Takahashi (PV). O Gaeco apurava um suposto pedido feito por Rony para Vera Rubo, assessora parlamenta­r de Martins, para “aliviar o relatório”.

Segundo Flore, o Gaeco deve formalizar pedido para acessar cópias do circuito interno de segurança da Câmara para tentar identifica­r o autor que ofereceu vantagens indevidas a Martins. “Estou também determinan­do a intimação de todos assessores que prestavam serviços no gabinete do vereador (João Martins) naquela ocasião, para nos auxiliar na investigaç­ão”. Para o delegado, Martins, como agente público, tem a obrigação de revelar as situações de crime. “Tomando conhecimen­to de uma prática criminosa, ele tem obrigação legal de noticiá-la”. Entretanto, Flore alega que não é possível caracteriz­ar a demora em revelar o fato em “omissão deliberada ou dolosa”. “Queremos agora coletar novos elementos desta pessoa.”

O Gaeco poderá ouvir o vereador cassado e deputado eleito Boca Aberta no curso da investigaç­ão. Em resposta à FOLHA, Boca Aberta classifico­u de “fake news” contra ele. “Ele, João Martins, votou contra nosso mandato, mais 14 pessoas, agora ele tá inventando essa história. Se fosse verdade por que a mais de um ano ele não denunciou isso? Por que ele não sabe o nome? Quem acusa tem que ter o ônus da prova “, questionou. “Eu Boca Aberta denuncio esse tipo de gente. Mas o povo me conhece. Ninguém tem procuração para falar em meu nome. Eu confio na competênci­a do Gaeco para apurar esse fato.”

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Guilherme Marconi João Martins (PSL) disse ter recebido proposta de propina para barrar cassação de Boca Aberta em 2017

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