Moro diz que não assumirá cargo na equipe de transição de Bolsonaro
Brasília
- Sergio Moro disse nesta quarta-feira (7), ao desembarcar em Brasília, que não assumirá cargo na equipe de transição de governo de Jair Bolsonaro (PSL), pois ainda não deixou o cargo de juiz. Ao chegar à capital federal, onde participou de reuniões com integrantes da gestão que se inicia em janeiro, ele foi questionado se poderia ser nomeado agora. “Antes de ser nomeado, eu devo pedir exoneração. Não tem como assumir sem estar exonerado”, respondeu.
Na semana passada, logo após o anúncio de que o juiz da Operação Lava Jato será seu novo ministro da Justiça, Bolsonaro disse que nesta semana Moro iria participar dos trabalhos de transição.
O juiz aceitou convite para comandar a pasta da Justiça a partir de janeiro, se afastou dos processos que conduzia na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, mas formalmente segue magistrado, pois ele ainda não pediu exoneração do cargo, apenas está de férias.
A decisão de Sergio Moro de aceitar um cargo no novo governo foi duramente criticada pelo PT, que o acusa de parcialidade nas decisões da Lava Jato. A sigla pediu que sua posse seja barrada pela Justiça. Moro se disse tranquilo a respeito.
O juiz não quis comentar outros assuntos, justificando que já falou longamente à imprensa na terça (6), em Curitiba. Ele seguiu para o Centro Cultural Banco do Brasil, que abriga as reuniões da equipe de transição, escoltado por agentes da Polícia Federal.
PLANOS PARA A SEGURANÇA
Em sua primeira entrevista coletiva após ser anunciado como próximo ministro da Justiça, concecida em Curitiba na terça-feira (7), o juiz Sergio Moro se pronunciou a respeito de temas polêmicos, especialmente os relacionados à segurança pública. A área é considerada uma das prioridades do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
Moro apresenta algumas discordâncias em relação a bandeiras defendidas por Bolsonaro ao longo da campanha eleitoral, especialmente a tipificação de organizações sociais como terroristas. Ele também possui ressalvas em relação à flexibilização do porte de armas e quanto à licença para não punir policiais que atiram para matar criminosos -os chamados excludentes de ilicitude.
No entanto, o futuro superministro da Justiça -que vai congregar outras pastas e atribuições no governo Bolsonarotem mais convergências do que divergências com o chefe e se coloca como seu subordinado. “O governo é dele, ele dá a última palavra em relação a essas proposições”, disse.