70 anos de Historia
Em 13 de novembro de 1948 a Folha de Londrina publicou sua primeira edição. Na capa, uma foto do então presidente Getúlio Vargas representando a “nova política” sinalizava que o jornal também pretendia o novo. Eram tempos de muito trabalho no Norte do Paraná, onde nossos avós tinham na porta de casa miniaturas de machados e outras ferramentas para pendurar as chaves que deveriam abrir o futuro.
O trabalho era sonho de todos os que tinham chegado em Londrina duas décadas antes, inspirados pela promessa de que aqui encontrariam a riqueza, embora tenham também encontrado as dificuldades, a poeira e a doença na travessia do rio Tibagi. Mas a lenda sempre prevalece sobre a realidade e assim criou-se a imagem de que aqui se acendiam charutos com notas de dólar.
Entusiasmado pelo novo, João Milanez possivelmente viu no cinema “Cidadão Kane”, que chegou às telas em 1941, com Orson Welles na direção e também no papel de um magnata da comunicação. Milanez talvez tenha pretendido repetir na realidade o que viu nas telas. E, guardadas as devidas proporções, reproduziu na vida real uma carreira de sucesso, como o empresário que deu ao Paraná e ao Brasil um veículo de tanto prestígio que ainda hoje figura como um desses milagres de permanência, avançando com ética, conteúdo privilegiado e tecnologia sobre tempos difíceis.
A FOLHA nasceu sob a égide do trabalhismo brasileiro. Na capa da primeira edição, além do perfil de Vargas, consta um editorial com princípios de direitos, igualdade e justiça social, que então galopavam sobre um Brasil agrário, sob a sigla do PTB – Partido Trabalhista Brasileiro.
Quis o destino que cerca de 50 anos depois da Folha ser concebida sob o emblema do trabalhismo, o jornal passasse a ser dirigido por José Eduardo de Andrade Vieira, senador também pelo PTB, que adquiriu o jornal nos anos 1990 e renovou a ousadia de ter, no interior do Paraná, um veículo que representasse o futuro das comunicações. Traçando uma linha dos longínquos 1948 até hoje, não resta a dúvida que a FOLHA cumpre o destino de fazer da imprensa a plataforma de onde sempre se vislumbra o futuro.
Com Andrade Vieira, as máquinas de escrever deram lugar aos computadores, o parque gráfico foi renovado, estabeleceu-se uma linha de qualidade que ganharia o selo ISO 9002. A visão de um futuro tecnológico, unido à criatividade humana, teve seu embrião nos anos 90 e eclodiu como um modo de produção que hoje transforma o jornal num veículo antenado à contemporaneidade, com recursos tecnológicos de ponta, como a Realidade Aumentada e o Especial Transmídia.
Como no filme “Cidadão Kane”, o olhar sobre o processo jornalístico se amplifica, não apenas com a vista focada sobre o que sai da impressora que magicamente João Milanez pôs para funcionar, mas com vistas ao mundo tecnológico que Andrade Vieira implementou. Sua intenção era aproximar ainda mais o jornal de seus leitores, de forma tão presente e rica que o velho rio Tibagi hoje pode correr não apenas sob a ponte de Jataizinho, mas pela sala de visitas dos assinantes. Para comemorar a data, a FOLHA publica esta página baseada em sua primeira capa.