‘SUS perfeito é economicamente inviável’
Curitiba - Ao apontar o subfinanciamento da saúde no Brasil, o estudo do CFM reforçou a necessidade de se aplicar mais recursos na área. Mas, ao mostrar uma defasagem dos gastos mesmo após ganhos reais nos últimos anos, seu resultado seria também um sinal de alerta para que se comece a discutir a modificação dos sistema. Esta é a opinião de Luiz Ernesto Pujol, secretário-geral do CRM-PR (Conselho Regional de Medicina do Paraná). “O conselho luta pelo SUS perfeito, mas acredito que seja uma luta inglória, porque é economicamente inviável. A saúde é cada vez mais cara”, explica.
Para Pujol, além de mais recursos para a saúde, o País precisará discutir a universalidade do SUS. Na opinião do médico, caberia ao sistema priorizar as pessoas de baixa renda e sem acesso à saúde privada. “Esse estudo mostra que não temos mais condições de manter o SUS da maneira que ele é”, avalia. “Estamos perdendo crianças por falta de leitos neonatais e pediátricos, perdendo jovens por falta de UTI, perdendo gestantes por falta de leitos para mulheres grávidas - tudo por falta de recursos que, às vezes, são usados por pessoas que poderiam pagar por eles.”
Na avaliação do secretário de Fazenda de Londrina, João Carlos Barbosa Perez, é necessário trabalhar para que os recursos sejam aplicados de maneira mais eficiente. Ele não vê solução, no entanto, sem discutir a divisão dos gastos entre municípios, Estados e União. “Essa expansão de gastos do município nas áreas de saúde e educação acaba encolhendo a capacidade de investimento em outras áreas”, aponta.
O secretário da Saúde de Londrina, Felippe Machado, diz que uma revisão na divisão dos gastos é necessária para manter a viabilidade do sistema. Ele diz que, se Estados e União aumentassem sua participação na mesma proporção praticada pelos municípios, o cenário da saúde no Brasil seria outro. “Se não houver um aporte diferenciado da União, não podemos descartar uma piora deste sistema dentro de alguns anos ou meses”, projeta.