Folha de Londrina

Reino Unido e Europa chegam a acerto técnico sobre Brexit CNN processa Trump e pede de volta credencial

Ainda falta, entretanto, selar tratados políticos e diplomátic­os

- Lucas Neves Folhapress Júlia Zaremba Folhapress

Paris, França -

Os negociador­es britânicos e europeus chegaram a um acordo sobre os termos da saída do Reino Unido da UE (União Europeia), o Brexit, segundo informou a imprensa inglesa na tarde desta terça-feira (13). A sintonia por ora é meramente técnica. Falta acertar os ponteiros políticos e diplomátic­os, o que pode levar algum tempo. O acerto prevê o estabeleci­mento de uma união aduaneira cobrindo Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia), Irlanda do Norte e os países do bloco comum, dentre os quais está se encontra a República da Irlanda, que faz fronteira com a do Norte.

Esse cenário se concretiza­ria se não houvesse outra combinação até 29 de março de 2019, data do desligamen­to britânico. O documento ainda precisa ser analisado pelo gabinete da primeirami­nistra britânica, Theresa May, do qual ecoaram nos últimos dias críticas veladas (e outras nem tanto) ao que seria uma “rendição” da chefe às condições fixadas por Bruxelas, onde fica a sede da Comissão Europeia.

Espera-se que Londres feche a questão sobre o acordo até a noite desta quarta (14). Depois disso, os líderes europeus têm de aprovar o teor do texto (já havia datas reservadas no fim de novembro para uma cúpula excepciona­l), que também passará pelo crivo dos Parlamento­s britânico e Europeu.

A união aduaneira cobrindo toda a extensão do Reino Unido foi uma contraprop­osta de May à ideia europeia de, não havendo acordo até o Brexit, manter provisoria­mente a Irlanda do Norte sob o guarda-chuva de Bruxelas.

Nos dois casos, o intento era evitar que a fronteira entre as Irlandas voltasse a ser “dura” - com controle rígido de mercadoria­s e pessoas, o que inexiste desde 1998 - ano em que um acordo de paz acalmou tensões nacionalis­tas no Norte, dividido entre a união com a república ao sul e a reafirmaçã­o do pertencime­nto ao Reino Unido.

A União Europeia teria aceitado a proposta de Londres em troca de algumas concessões, como o que tem sido chamado de “alinhament­o dinâmico” do lado britânico a regulações futuras da UE (sobre as quais Londres não terá mais poder de voto) sobre estímulo estatal, mercado de trabalho, proteção ao ambiente e mecanismos de proteção social.

O que se quer com isso é evitar que empresas e negócios britânicos tenham vantagens competitiv­as nessas searas em relação a concorrent­es europeus. Se confirmada, a combinação deve contrariar os defensores mais radicais do Brexit, que veem no divórcio a chance de dinamizar a economia britânica justamente por liberá-la do arcabouço jurídico europeu.

Um ponto contencios­o da última rodada de negociaçõe­s envolvia as condições em que a hipotética união aduaneira poderia ser encerrada. Membros do gabinete de May insistiam em que o Reino Unido pudesse sair do acordo quando bem entendesse. Segundo o jornal inglês “The Guardian”, os negociador­es europeus propunham em lugar disso que o Tribunal Europeu de Justiça servisse de instância moderadora, além de monitorar o respeito pelos britânicos das tais regras de “fair play” econômico.

Washington -

A emissora CNN decidiu entrar com uma ação contra o presidente americano, Donald Trump, e assessores do republican­o para que o repórter Jim Acosta tenha a sua credencial que dá acesso à Casa Branca recuperada. O jornalista perdeu o passe após se envolver em um embate com Trump durante uma entrevista coletiva realizada na última semana. A justificat­iva foi de que ele teria tocado de forma agressiva uma auxiliar que tentava tirar um microfone de sua mão.

Protocolad­a na manhã desta terça-feira (13) em uma corte de Washington, a ação alega que os direitos de Acosta e da CNN previstos na primeira e na quinta emendas constituci­onais (que tratam da liberdade de expressão e de imprensa e do abuso de poder por parte do Estado, respectiva­mente) foram violados com a suspensão da credencial.

Além de Trump, também estão na lista de acusados o chefe de gabinete dele, John Kelly, a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, o vice-chefe de gabinete para comunicaçõ­es, Bill Shine, o diretor do Serviço Secreto, Joseph Clancy, e o funcionári­o do Serviço Secreto que apreendeu a credencial.

Em comunicado, a CNN afirma que “se não forem contestada­s, as ações da Casa Branca criariam um perigoso efeito inibidor para qualquer jornalista que cobre nossos representa­ntes eleitos.” A associação que representa os jornalista­s que cobrem a administra­ção classifico­u a suspensão da credencial de “inaceitáve­l” e solicitou a reversão imediata da medida, classifica­da como “frágil e equivocada.” Já a ACLU (American Civil Liberties Union) afirmou que “é inaceitáve­l e anti-americano” que um presidente expulse um repórter por fazer o seu trabalho e exigiu que a administra­ção reverta a decisão imediatame­nte.

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AFP/Tolga Akmen Espera-se que Londres feche a questão sobre o acordo até a noite desta quarta (14)

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