O enfraquecimento da Associação dos Municípios do Norte Pioneiro
Ações contra ex-prefeitos e ex-funcionários comprometem imagem da entidade levando municípios a pedir desligamento
Ofuturo da Amunorpi (Associação dos Municípios do Norte Pioneiro) é incerto na opinião de prefeitos ouvidos pela FOLHA, em consequência das denúncias do MPPR (Ministério Público Estadual) à Justiça envolvendo exprefeitos e ex-funcionários em ações criminosas praticadas dentro instituição. Somente este ano quatro municípios pediram desligamento em razão dos escândalos dentro da entidade.
Na semana passada, o núcleo de Santo Antônio da Platina do Gepatria (Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa), órgão do MP, ajuizou três ações civis públicas contra ex-prefeitos da região e ex-funcionários da Amunorpi por utilização, com desvio de finalidade, de diárias e passagens aéreas custeadas com recursos públicos. De acordo com a denúncia, os valores pagos irregularmente, atualizados, ultrapassam a soma de R$ 750 mil. O rombo dentro da instituição, no entanto, deve ultrapassar a cifra de R$ 1,5 milhão, conforme apurou a reportagem.
Para o prefeito de Guapirama, Pedro de Oliveira (MDB), a Amunorpi tinha por finalidade princípios antiéticos e imorais: promover deputados estaduais e federais financiados por meio de recursos dos municípios que compõem a entidade, coordenados por uma quadrilha que envolvia ex-funcionários e ex-prefeitos da instituição. “Logo quando assumi a prefeitura, em 2013, eu percebi que existia uma quadrilha agindo dentro da Amunorpi, e junto com outro prefeito da região denunciamos o esquema criminoso ao Ministério Público. Tinha diretor-executivo e arquiteto recebendo salários de R$ 12 mil e R$ 7 mil, respectivamente, para não fazer absolutamente nada”, revela Oliveira.
O prefeito de Guapirama diz que por conta da corrupção que se instalou dentro da Amunorpi, atualmente a entidade é um desastre e está sem credibilidade. “Quando ingressei na Amunorpi eu imaginava tratar-se de uma instituição séria com representatividade política municipal, estadual e federal para fortalecer o desenvolvimento socioeconômico da região, mas isso nunca existiu. Percebi então que mensalidade que pagávamos era usada para financiar um sistema de corrupção dentro da instituição, e que os interesses pessoais prevaleciam lá dentro. A Amunorpi nunca teve peso político algum, razão pela qual, muitos prefeitos, assim como eu, deixaram a associação”, justifica o emedebista.
Oliveira defende a unificação entre a Amunorpi e Amunop (Associação dos Municípios do Norte do Paraná). Para ele, as associações devem unir forças para que o Norte Pioneiro consiga a representatividade política que nunca teve e o desenvolvimento almejado por todos. “É preciso bom senso! Chega de picuinhas! Exemplo dessa disputa desnecessária é a briga pela faculdade de Medicina confirmada na segunda-feira (12) para Cornélio Procópio. Precisamos de um olhar macro, em que a região seja beneficiada, algo, no entanto, ainda muito difícil de ser compreendido por muitas pessoas”, critica o prefeito.
Para a prefeita de Quatiguá, Adelita Moraes (PTB), deixar a Amunorpi foi uma decisão difícil, pois municípios pequenos precisam ter voz e representatividade.