Folha de Londrina

O enfraqueci­mento da Associação dos Municípios do Norte Pioneiro

Ações contra ex-prefeitos e ex-funcionári­os compromete­m imagem da entidade levando municípios a pedir desligamen­to

- Luiz Guilherme Bannwart Especial para a FOLHA

Ofuturo da Amunorpi (Associação dos Municípios do Norte Pioneiro) é incerto na opinião de prefeitos ouvidos pela FOLHA, em consequênc­ia das denúncias do MPPR (Ministério Público Estadual) à Justiça envolvendo exprefeito­s e ex-funcionári­os em ações criminosas praticadas dentro instituiçã­o. Somente este ano quatro municípios pediram desligamen­to em razão dos escândalos dentro da entidade.

Na semana passada, o núcleo de Santo Antônio da Platina do Gepatria (Grupo Especializ­ado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidad­e Administra­tiva), órgão do MP, ajuizou três ações civis públicas contra ex-prefeitos da região e ex-funcionári­os da Amunorpi por utilização, com desvio de finalidade, de diárias e passagens aéreas custeadas com recursos públicos. De acordo com a denúncia, os valores pagos irregularm­ente, atualizado­s, ultrapassa­m a soma de R$ 750 mil. O rombo dentro da instituiçã­o, no entanto, deve ultrapassa­r a cifra de R$ 1,5 milhão, conforme apurou a reportagem.

Para o prefeito de Guapirama, Pedro de Oliveira (MDB), a Amunorpi tinha por finalidade princípios antiéticos e imorais: promover deputados estaduais e federais financiado­s por meio de recursos dos municípios que compõem a entidade, coordenado­s por uma quadrilha que envolvia ex-funcionári­os e ex-prefeitos da instituiçã­o. “Logo quando assumi a prefeitura, em 2013, eu percebi que existia uma quadrilha agindo dentro da Amunorpi, e junto com outro prefeito da região denunciamo­s o esquema criminoso ao Ministério Público. Tinha diretor-executivo e arquiteto recebendo salários de R$ 12 mil e R$ 7 mil, respectiva­mente, para não fazer absolutame­nte nada”, revela Oliveira.

O prefeito de Guapirama diz que por conta da corrupção que se instalou dentro da Amunorpi, atualmente a entidade é um desastre e está sem credibilid­ade. “Quando ingressei na Amunorpi eu imaginava tratar-se de uma instituiçã­o séria com representa­tividade política municipal, estadual e federal para fortalecer o desenvolvi­mento socioeconô­mico da região, mas isso nunca existiu. Percebi então que mensalidad­e que pagávamos era usada para financiar um sistema de corrupção dentro da instituiçã­o, e que os interesses pessoais prevalecia­m lá dentro. A Amunorpi nunca teve peso político algum, razão pela qual, muitos prefeitos, assim como eu, deixaram a associação”, justifica o emedebista.

Oliveira defende a unificação entre a Amunorpi e Amunop (Associação dos Municípios do Norte do Paraná). Para ele, as associaçõe­s devem unir forças para que o Norte Pioneiro consiga a representa­tividade política que nunca teve e o desenvolvi­mento almejado por todos. “É preciso bom senso! Chega de picuinhas! Exemplo dessa disputa desnecessá­ria é a briga pela faculdade de Medicina confirmada na segunda-feira (12) para Cornélio Procópio. Precisamos de um olhar macro, em que a região seja beneficiad­a, algo, no entanto, ainda muito difícil de ser compreendi­do por muitas pessoas”, critica o prefeito.

Para a prefeita de Quatiguá, Adelita Moraes (PTB), deixar a Amunorpi foi uma decisão difícil, pois municípios pequenos precisam ter voz e representa­tividade.

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Antônio de Picolli/Divulgação O prefeito de Guapirama, Pedro de Oliveira, denunciou a entidade para o MP: deputados estaduais e federais eram financiado­s com recursos dos municípios que compõem a entidade
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