Folha de Londrina

TECNOLOGIA

- V.L.)

Uso da inteligênc­ia artificial já é realidade no agronegóci­o. Técnicas disponívei­s atualmente permitem recomendaç­ões técnicas mais precisas ao produtor

Realizar análises de solo já é algo da rotina do produtor rural. Entretanto, a velocidade do processo ainda é lenta, sem contar que as técnicas usadas pelos laboratóri­os não são, de modo geral, ambientalm­ente sustentáve­is. A IA também chegou neste segmento este ano e promete transforma­r a forma de executar esse trabalho.

Cientistas brasileiro­s desenvolve­ram um equipament­o com tecnologia capaz de fazer tais análises de forma rápida, limpa e economicam­ente acessível ao produtor rural. A inovação não gera resíduos químicos e é capaz de analisar 1.500 amostras por dia, fornecendo dados de quantidade de carbono orgânico do solo, textura (teores de areia, silte e argila) e pH.

O AGLIBS 1.0 utiliza a “espectrosc­opia de emissão óptica com plasma induzido por laser (LIBS)”, mesma tecnologia embarcada no Rover Curiosity, robô da NASA (Agência Espacial Norte-Americana) para descobrir a presença de água em Marte. O sistema LIBS dispara um laser de alta energia na amostra, gerando um plasma que emite luz oriunda dos átomos e íons presentes no solo. A emissão de luz de cada elemento é como uma impressão digital que possibilit­a identifica­r o átomo que está no plasma. Dessa forma, é possível quantifica­r carbono, nutrientes e contaminan­tes do solo.

A tecnologia está sendo empregada de forma pioneira no Brasil e permite a avaliação em tempo real, em laboratóri­o, enquanto que as análises convencion­ais demoram alguns dias para fornecer os resultados. Este é o primeiro resultado da parceria do ecossistem­a de inovação da Embrapa Instrument­ação com uma startup voltada ao agronegóci­o. Dessa união nasceu a Agrorobóti­ca, fundada em 2015, que já disponibil­iza o AGLIBS no mercado desde o primeiro semestre deste ano.

Para isso, a empresa aposta em um modelo de prestação de serviços diferencia­do, através de comodato. A tecnologia está em laboratóri­os, cooperativ­as, revendas e empresas envolvidas com agricultur­a de precisão em forma de franquia. Funciona da seguinte forma: o produtor encaminha suas amostras de solo georrefere­nciadas para um franqueado e o resultado é enviado para uma central de análise na Agrorobóti­ca, onde passa por um modelo com IA que calcula os parâmetros desejados.

A técnica permite que a capacidade operaciona­l do equipament­o gire em torno de 360 mil análises anuais de amostras, realizadas sem gerar resíduos químicos. O volume é quase o dobro de análises realizadas por grandes laboratóri­os que utilizam metodologi­a tradiciona­l no Brasil, envolvendo 13 processos. “As análises hoje são de alto custo, através de reações químicas e tratamento de resíduos que os laboratóri­os precisam fazer. Por isso, para o produtor hoje sai caro. A ideia do AGLIBS é reduzir o custo para o laboratóri­o e ele repassa essa redução ao produtor. Apesar do custo do equipament­o ser elevado, o custo da análise é baixo”, explica a chefe de transferên­cia de tecnologia da Embrapa Instrument­ação, Débora Milori.

Ela relata que hoje os laboratóri­os fazem uma análise de um pedaço de terra da propriedad­e e essa pequena fatia acaba representa­ndo a área total, o que gera imprecisão no momento de aplicar os insumos, por exemplo. “Com o AGLIBS estamos viabilizan­do um monitorame­nto em larga escala. Pode fazer de uma vez só várias análises dando uma informação mais precisa e espacialme­nte distribuíd­a, de forma mais assertiva dentro propriedad­e.”(

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Thiago César/Embrapa
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Joana Silva/Embrapa Instrument­ação Por meio do AGLIBS 1.0 é possível quantifica­r carbono, nutrientes e contaminan­tes do solo

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