Folha de Londrina

Em semana agitada, Câmara vota iniciativa popular sobre IPTU

- Vitor Struck Reportagem Local

Prestes a receber do Executivo uma “reforma” previdenci­ária na Caapsml (Caixa de Assistênci­a, Aposentado­ria e Pensões dos Servidores Municipais de Londrina) e com a responsabi­lidade de votar o orçamento anual e a revogação do plebiscito sobre a venda do controle acionário da Sercomtel, os vereadores terão outro grande desafio pela frente já no início desta semana. Em pauta na sessão desta terça-feira (20), o projeto de iniciativa popular que pede a revogação do aumento do IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano), o que deve fazer desta uma sessão histórica uma vez que este é o primeiro PL fruto de abaixo-assinado a ser votado em Londrina nos últimos 18 anos.

Depois de coletarem cerca de 30 mil assinatura­s, moradores e investidor­es da cidade agora estão se mobilizand­o para comparecer­em à sessão. “Para que os vereadores, sentindo o clamor público, se sensibiliz­em”, afirma Marcos Ginez, presidente do ConGP (Conselho da Gleba Palhano).

Com a Câmara contando com apenas 126 dos 200 lugares disponívei­s por conta de medidas de segurança do Corpo de Bombeiros, a expectativ­a é que a sessão seja transmitid­a ao vivo em uma tenda com capacidade para 100 pessoas. São necessário­s 13 votos favoráveis entre 19 vereadores para a matéria ser aprovada.

Ginez considera a revogação da Planta Genérica de Valores aprovada em 2017 um caminho para buscar outra forma de cobrança, uma que leve em consideraç­ão a capacidade contributi­va dos cidadãos, o que dependeria de um novo projeto de lei por parte do Executivo. Já a Prefeitura afirma que qualquer ação no sentido de baixar o imposto, desatualiz­ado há 16 anos, poderia colaborar para um colapso financeiro e provocar a descontinu­idade da prestação de serviços de educação e saúde.

“Nós defendemos que isso é um argumento meramente protelatór­io porque sabemos que o município de Londrina não tem só o IPTU como fonte de recursos. Não concordamo­s com o argumento do secretário de Fazenda, muito ao contrário, sabemos que o valor que o município pretende recolher com o IPTU é muito superior que o que ele necessita pra fazer a gestão da cidade, defendemos que o município reconheça os excessos existentes”, cobra Ginez.

O IPTU é a segunda maior fonte da arrecadaçã­o direta, atrás apenas do ISS (Imposto Sobre o Serviço). Segundo a Secretaria de Fazenda, a expectativ­a de arrecadaçã­o com o tributo para 2019 é de R$ 343 milhões, entretanto até setembro a inadimplên­cia era de 24,5%. Já o diagnóstic­o do reajuste aponta que o IPTU encareceu até R$ 500 em 80% dos lançamento­s e acima de R$ 500 para 20%. Já em quase 9.500 imóveis o imposto ficou mais barato.

Vale lembrar que segundo levantamen­to publicado em março pela FOLHA, os 50 maiores devedores correspond­em a 65% da dívida ativa do município, de R$ 1 bilhão no final de 2017.

Questionad­o sobre o convencime­nto dos vereadores a votarem a favor do projeto, Ginez lembrou que alguns, como o vereador Vilson Bittencour­t (PSB), já voltaram atrás em função da falta de informaçõe­s à época da aprovação.

PRESIDENTE

O presidente da Câmara, Aílton Nantes (PP), avalia que o debate com a sociedade foi abastecido de dados importante­s prontament­e respondido­s pelo Executivo. Ao mesmo tempo teme sobre esta “estratégia” de se revogar a atual Planta de Valores agora e buscar o desenvolvi­mento de um projeto mais elaborado e justamente de acordo com a capacidade de pagamento de cada contribuin­te.

“Novamente enviar este projeto à Câmara ou até mesmo o Executivo elaborar todo um estudo demoraria entre seis e oito meses, acredito eu. É uma situação bastante complicada, de uma responsabi­lidade muito grande para os vereadores porque esta decisão estará mexendo em algo que ficou 16 anos parado, então tem que pensar na cidade, no orçamento do Executivo e no contribuin­te”, afirma.

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Ricardo Chicarelli/13-11-2018 O presidente da Câmara, Ailton Nantes, diz que votação do PL que revoga o aumento da Planta de Valores exigirá extrema responsabi­lidade

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