Varejo on-line investe em shopping virtual
Plataformas contam com estrutura ampla e uma base atrativa de potenciais clientes
Há três anos a empreendedora Isadora Fontana Sireia vende a sua produção de guardanapo e papel toalha personalizados em um marketplace - espécie de shopping on-line - ao invés de investir em uma loja virtual. Ela considera as plataformas uma opção mais segura para os clientes e lojistas, e também com bom suporte ao varejista.
O “shopping virtual” é um caminho para quem pretende iniciar a venda on-line e não conta com capital para investir em um projeto solo. As plataformas contam com estrutura ampla e uma base atrativa de potenciais clientes. Os investimentos em marketing ficam por conta delas, o que é um bom negócio para o lojista, uma vez que o custo de aquisição do cliente é mitigado pelo marketplace.
“O marketplace deveria ser uma opção para o lojista sempre que o mesmo faça sentido para o seu segmento e para o seu público objetivo”, comentou Daniela Jurado, diretora comercial e sócia da VTEX, empresa especializada em digital commerce.
Existem marketplaces, como por exemplo a Shopfácil, que conseguem redirecionar todos os usuários que fazem alguma transação no internet banking do Bradesco para a loja on-line, garantindo assim fluxo diário de visitas. Os shoppings virtuais monitoram as métricas dos lojistas, analisando os SLA (contratos de nível de serviço) de entrega e nível de satisfação, gerando fidelização dos clientes.
Esse tipo de comércio eletrônico vem em uma crescente e está em processo de maturidade digital. Em 2017, as vendas em shoppings virtuais representaram 18,5% do total de vendas on-line no Brasil.Um dos maiores players atuando no País já comporta mais de 18,8 mil vendedores com empresa registrada.
De acordo com o CEO do Marktplace Brasil, Rafael Colombo Dias, “é importante entender que uma das principais tarefas da plataforma é dar visibilidade aos produtos dos vendedores. O empreendedor, por sua vez, deve dar uma boa atenção na descrição e nas fotos dos produtos que quer vender. Lembrando que é através das imagens e dos textos sobre o produto que o cliente vai decidir sobre comprar ou não.”
Neste mercado virtual há os de produtos chamados horizontais como Mercado Livre e Americanas, onde o cliente encontra de tudo. E os verticais, que atendem um nicho específico de mercado como Estante Virtual, Centauro, Elo7. “Os empreendedores devem pesquisar qual é o mais interessante para seu produto. Minha sugestão é sempre começar
Em 2017, as vendas em shoppings virtuais representaram 18,5% do comércio on-line no Brasil
Lojista precisa ter em mente que é importante ter uma estratégia para fidelizar o cliente
pelo Mercado Livre, que é um marketplace horizontal completo, com ótimos treinamentos e uma plataforma bastante acessível, tanto para quem vende quanto para quem compra, inclusive com mecanismos de segurança que garantem a compra para o cliente e o recebimento para o vendedor”, aconselhou Dias. Uma boa opção para artesãos, segundo o CEO, é o Elo7, que é o maior site de produtos criativos e autorais do Brasil.
QUALIFICAÇÃO
A diretora da VTEX destacou que o o lojista precisa ter em mente, que mesmo sendo um canal que facilita a geração de tráfego e venda, o cliente que compra no marketplace é cliente dele e não do seller, portanto é importante ter uma estratégia de fidelização. “É importante incluir na DRE (demonstrativo de resultados do exercício) a comissão do marketplace, a qual pode variar entre 12% e 30% segundo o segmento, e o que às vezes e dependendo da margem, pode inviabilizar o projeto”, ressaltou Jurado.
Apesar de ser uma opção para o empresário de micro e pequena empresa, o membro do Conselho Administrativo da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), Maurici Júnior, lembra que é preciso entender que para entrar neste universo há a necessidade de qualificação e muito trabalho. “Deve haver planejamento da operação. Assim como um negócio físico é preciso ter um plano de negócio. Não adianta ele entrar sem planejar o estoque de pedidos, por exemplo”, enfatizou Júnior.
Os grandes marketplaces possuem regras rígidas e o lojista tem a responsabilidade de responder as dúvidas dos clientes e com tempo de resposta rápido. “Se ele não conhece a regras do jogo, pode ser penalizado e, em alguns casos, banido da plataforma”, explicou o membro da ABComm. “O segredo é o atendimento imediato. Por causa do perfil das minhas clientes, as noivas, o meu maior fluxo de atendimento é a noite, lá pela meia noite, 1h e aos domingos à tarde”, comentou Sireia. Ela afirmou que ainda ‘bate cabeça’ na organização do trabalho, mas as ferramentas que a plataforma oferece auxiliam nesta gestão. “Tem o controle eletrônico, mas também mantenho um controle antigo, com anotação no papel dos pedidos. Já aconteceu de ficar sem luz e com as anotações não perdi o controle de quem estava atendendo”, explicou a empreendedora.
Ela também separa um tempo durante a semana para atendimento dos pedidos de última hora. Sireia atende clientes de todo o Brasil. Para garantir a qualidade do trabalho, ela limitou a variedade oferecida. “Fiz um levantamento recentemente e constatei que já mandei encomendas para todos os Estados, mas 30% dos clientes são de São Paulo”, contou a lojista.