Folha de Londrina

Sucessão de Moro deve durar cerca de um mês

Pedido de exoneração do futuro ministro da Justiça e Segurança Pública foi aceito pelo presidente do TRF-4 e será consumado nesta segunda

- Agência Estado São Paulo

- Após a saída de Sérgio Moro da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba - ele foi exonerado nesta sexta-feira (16) pelo presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembarga­dor Thompson Flores -, a cadeira do juiz da Lava Jato fica vaga até a conclusão do concurso de remoção, cujo edital deverá ser publicado nos próximos dias no Diário Oficial da União. A saída de Moro será válida a partir desta segunda-feira (19).

A remoção é um concurso interno entre magistrado­s da Justiça Federal da 4ª Região, na qual Moro estava lotado. A 4ª Região compreende os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Os juízes que pretendem concorrer à vaga de Moro deverão apresentar interesse nos próximos dez dias. O candidato deve ser escolhido pelo critério de antiguidad­e: primeiro, o tempo de trabalho como juiz federal da 4ª Região, depois, o tempo em que o candidato exerceu o cargo de juiz federal substituto e, por fim, o critério de classifica­ção no concurso público.

O processo de seleção para o substituto de Moro deve durar cerca de um mês. Até lá, os processos serão conduzidos pela juíza substituta de Moro, Gabriela Hardt, que na última quarta-feira (14) interrogou o ex-presidente Lula na ação penal do sítio de Atibaia, na qual o petista é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A saída de Moro não leva a redistribu­ição dos processos da Lava Jato, que continuam sob competênci­a da 13.ª Vara Federal de Curitiba.

A deliberaçã­o sobre o pedido de remoção cabe ao Conselho de Administra­ção do TRF-4. O ato de remoção é expedido pelo Presidente da Corte e publicado no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 4ª Região.

EXONERAÇÃO

Sérgio Moro deixará a magistratu­ra oficialmen­te nesta segunda-feira para assumir o “superminis­tério” de Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro (PSL) em janeiro. No documento apresentad­o ao tribunal, em que pediu a exonração, Moro relatou que aceitou assumir o ministério a partir de janeiro do ano que vem e respondeu as críticas de sua participaç­ão na transição enquanto ainda permanecia oficialmen­te como juiz federal. “Houve quem reclamasse que eu, mesmo em férias, afastado da jurisdição e sem assumir cargo

Destaco meu orgulho pessoal de ter exercido durante 22 anos o cargo de juiz federal”

executivo, não poderia sequer participar do planejamen­to de ações do futuro governo”, afirmou.

Segundo Moro, a decisão de permanecer na magistratu­ra até a posse seria para dar cobertura previdenci­ária aos seus familiares em “caso de algum infortúnio”. “Embora a permanênci­a na magistratu­ra fosse relevante ao ora subscritor por permitir que seus dependente­s continuass­em a usufruir de cobertura previdenci­ária integral no caso de algum infortúnio, especialme­nte em contexto no qual há ameaças, não pretendo dar azo a controvérs­ias artificiai­s, já que o foco é organizar a transição e as futuras ações do Ministério da Justiça.”

“Assim, venho, mais uma vez registrand­o meu pesar por deixar a magistratu­ra, requerer a minha exoneração do honroso cargo de juiz federal da Justiça Federal da 4ª Região, com efeitos a partir de 19/11/2018, para que eu possa então assumir de imediato um cargo executivo na equipe de transição da Presidênci­a da República e sucessivam­ente ao cargo de Ministro da Justiça e da Segurança Pública”, declarou Moro.

“Destaco meu orgulho pessoal de ter exercido durante 22 anos o cargo de juiz federal e de ter integrado os quadros da Justiça Federal brasileira, verdadeira instituiçã­o republican­a”, finalizou.

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Sérgio Lima/AFP Em documento enviado ao desembarga­dor do TRF-4, Moro comentou críticas que recebeu por ter discutido da transição do governo sem ter sido exonerado

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