‘Cada um ajuda como pode’
Um acidente de trânsito em agosto deste ano vitimou o porteiro Julio César Fontana, 41, padrasto de Alex Souza, 20. Fontana retornava do trabalho para casa em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), de moto, quando foi atingido por um carro. A PRF constatou que a motorista envolvido no acidente havia ingerido álcool. O acidente foi na BR-369, nas proximidades do Parque Governador Ney Braga. Fontana foi socorrido pelos serviços de atendimento, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Souza conta que em sua casa todos trabalham e que “cada um ajuda como pode”, mas que a maior fonte de sustento da família era o salário de Fontana. “Agora minha mãe recebe pensão do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), já ajuda bem. Dividimos com a filha dele”, conta.
O ortopedista José Everaldo Pedrollo disse que, dentro da ortopedia, o principal motivador de consultas são acidentes pessoais e domésticos, mas que os de trânsito costumam ser os mais graves. “Os acidentes de trânsito trazem maior comprometimento de recursos hospitalares e tempo de tratamento. Dentro dessas lesões, as principais costumam ser nos membros inferiores, como fratura de perna, pé, fêmur. Principalmente em motociclistas, pela exposição das extremidades inferiores”, explica.
Para o médico, os acidentes de trânsito envolvem uma maior possibilidade de sequelas e a “hospitalização costuma ser longa”. Os pacientes costumam ter de 20 a 40 anos, conforme explicou Pedrollo. “É importante lembrar que não se resume ao momento do acidente, mas todo o tempo de tratamento posterior. São lesões que não levam menos do que seis meses para a recuperação, pode demorar mais de ano”, afirma.
Pedrollo reforça que, nos acidentes de trânsito, a recuperação completa em tempo razoável é exceção. “Alguma sequela fica. Normalmente a gente tem uma recuperação lenta e uma sequela residual. São pacientes jovens que ficam por muito tempo afastados”, pontua.
O sociólogo e especialista em educação e segurança no trânsito, Eduardo Biavati, lembra que o problema dessa faixa etária se envolver em acidentes fatais é que não há como repor essa perda e o impacto na força de trabalho em um futuro próximo. Segundo Biavati, nascem cada vez menos crianças e a população está envelhecendo. Naturalmente, a PEA (População Economicamente Ativa), o índice de pessoas aptas a trabalhar, diminui. “O que mais mata os jovens não são as doenças, mas sim o trânsito e homicídios”, disse.