História que cada um conta
Alunos de escola municipal participaram de atividade de contação de história realizada por eles próprios
Aarte de contar histórias de forma oral perpassa os milênios, atravessando culturas e fronteiras territoriais. Tudo sempre aconteceu de forma natural e intuitiva consolidando a oralidade como uma forma de valorização da cultura dos povos. Porém, compondo o crescente movimento nacional da arte narrativa, a contação de histórias de forma artística também tem ganhado terreno e, cada vez mais, são realizados eventos específicos para trazer à tona o melhor dessa atividade. Tanto é que, recentemente, ocorreu em Londrina, o 8º ECOH (Encontro de Contadores de Histórias de Londrina) que, em 16 dias de programação, realizou cerca de 30 espetáculos com artistas do Brasil e exterior, apresentados em bibliotecas, centros culturais e escolas municipais.
Ao ouvir uma história, abre-se um mundo novo de possibilidades e descobertas tanto para crianças quanto para adultos. Quando levado ao contexto escolar, também tornase uma ferramenta pedagógica que facilita o processo de ensino-aprendizagem dos alunos por ser uma maneira eficiente de inserir os conteúdos de forma prazerosa (como nas brincadeiras, nas rodas cantadas), promovendo o desenvolvimento da criança, além da imaginação. Este contato favorece, ainda, o surgimento de novos leitores, já que, ao escutar uma história, estimula-se que o aluno vá em busca de novos títulos, novos autores e novos enredos.
No município de Londrina, a Secretaria Municipal de Educação realiza o projeto “Toda Quinta tem História”, voltado ao público infantil, cuja contação, feita pelo arquiteto e artista plástico Paulo Tio, é inserir o livro de forma lúdica e criativa no cotidiano das crianças para que estas tomem gosto pela leitura. A atividade é gratuita, sempre a partir das 14h e, a cada semana, passa por uma biblioteca pública da cidade que compõe as unidades do Sistema de Bibliotecas Públicas de Londrina ou vai até as escolas conforme solicitação e possibilidade de cronograma. Além deste projeto, há quinze anos, o município já realiza o programa Bibliotecas Escolares “Palavras Andantes”, no qual um dos eixos é a “Hora do Conto” nas bibliotecas de cada escola.
ATIVIDADES
O Instituto Atsushi e Kimiko Yoshii, parceiro do Programa Folha Cidadania, projeto de responsabilidade social do Grupo Folha de Comunicação desde 1993, realiza diversas atividades de caráter cultural com escolas municipais. Dentre elas, a contação de histórias e troca de livros com alunos na Chácara Gaciosa. Durante uma tarde descontraída, no último dia 13, alunos da Escola Municipal Tereza Canhadas Bertan puderam vivenciar a arte de contar sua própria história e, também, construir outra de forma coletiva. A atividade lúdica começa com a escolha de um personagem ou imagem que tenha marcado sua memória para ser desenhado e colorido pelos alunos. Na sequência, formam uma roda para que, cada um, conte de onde vem o personagem escolhido e qual a história dele. Por fim, uma atividade em que cada um escreve uma frase de história que é continuada pelo amigo ao lado.
Dos vários personagens desenhados pelos alunos, muitos deles faziam referência ao livro “A Árvore que Dava Dinheiro”, do escritor londrinense Domingos Pellegrini. O livro lançado em 1981, que tornou-se um clássico da literatura infanto-juvenil, mostra uma história de muito humor e ação, valores humanos, informação econômica, educação financeira e lições de vida ao questionar se “dinheiro traz felicidade?” Segundo a professora Caroline Silva Sales, o título foi escolhido para ser trabalhado com os alunos depois de um trabalho sobre gêneros textuais, no qual estudaram reportagens, notícias, crônicas, além de abordarem as “fake news”. “No decorrer do projeto, iniciamos uma pesquisa com personalidades paranaenses”, conta.
Foi então que o livro “A Árvore que Dava Dinheiro” entrou em cena na atividade. “A cada aula, a professora da biblioteca contava um capítulo do livro, como se fosse uma novela”, completa. Ao mesmo tempo, eram realizadas atividades de produção de textos, reescrita de textos e rodas de conversa. “O ponto de partida foram os gêneros textuais mais usados no jornalismo. Para isso, utilizamos os exemplares que recebemos pelo projeto
Folha Cidadania, que nos possibilita trabalhar as várias formas do texto no impresso. Além do conteúdo, conseguimos abordar o vocabulário, ou seja, aprender o significado de novas palavras.”
Histéfani Vitória Moreira,
11 anos, conta que escolheu a história do livro de Pellegrini por considerar um assunto importante para a sociedade. “Estamos vivendo num mundo em que as pessoas estão muito gananciosas”, comenta. Giovanna Duarte, 11 anos, escolheu o personagem do livro “Pollyana”, por se identificar com a personalidade da protagonista. “Por mais que a vida seja difícil, acho que precisamos olhar para o lado bom, sempre com otimismo”, diz ela, que costuma ler um livro por mês. Maykon Bueno, 11 anos, preferiu um personagem de desenho animado Dragon Ball, já que gosta de gibis. “Gosto muito desse tipo de leitura. Já Yago Pereira Soares, 10 anos, contou que desenhou o personagem Moby Dick. “A história mostra que não podemos maltratar os animais”, conclui.
A contação de histórias é também uma ferramenta pedagógica”
A atividade lúdica começa com a escolha de um personagem”