Folha de Londrina

Prefeitura prevê caos nas contas e quer reverter votação

- Guilherme Marconi Reportagem Local (V.S.)

A derrota na tramitação do projeto de iniciativa popular pegou a equipe de secretário­s de Marcelo Belinati (PP) de surpresa. Na saída do plenário, após a polêmica votação, uma reunião emergencia­l foi convocada pelos membros do primeiro escalão do Executivo. Porta-voz da Prefeitura de Londrina, o secretário municipal de Fazenda, João Carlos Perez, disse que a revogação da PGV (Planta Genérica de Valores) significa perda de arrecadaçã­o e investimen­tos no município e que a perspectiv­a do Executivo é reverter o resultado na segunda discussão do projeto.

“Foi desfavoráv­el, mas teremos mais um tempo para demonstrar à Câmara que qualquer tentativa de revogar a planta trará um prejuízo muito grande à cidade. A revogação não atende a coletivida­de, atende a um grupo pequeno”, frisou Perez. Ele também considera inviável, em princípio, uma emenda com redução de alíquota para 0,5% sobre o valor venal, que hoje está em 0,6%. “Qualquer iniciativa de reduzir a alíquota tem que estar acompanhad­a de um estudo de impacto financeiro orçamentár­io. Estamos falando de R$ 50 milhões a menos em caixa.”

Contrário à tramitação, o líder do prefeito na Câmara, o vereador Jairo Tamura (PP), não quis conceder entrevista após a derrota por considerar “um projeto polêmico” e tampouco utilizou a palavra para se opor ao projeto de lei e persuadir os demais da base de sustentaçã­o. Já o prefeito Marcelo Belinati não apareceu e foi cobrado por opositores pela omissão no debate.

Em nota encaminhad­a pela assessoria de imprensa, Belinati escreveu que o “Legislativ­o é um poder autônomo e independen­te e merece todo o respeito”. Mas fez um alerta: “Como prefeito tenho a obrigação de esclarecer as consequênc­ias da aprovação desse projeto para a cidade. Vai ser uma tragédia para Londrina. Vai ser o caos. Obras param, atraso de salários para servidores, compromete a contrataçã­o de médicos e serviços como a coleta de lixo”, escreveu ao comparar a situação financeira de outros municípios como Porto Alegre e Rio de Janeiro. “O momento é de muita serenidade e responsabi­lidade para com a cidade e nossos cidadãos e espero que todas essas questões sejam analisadas com muita profundida­de em razão da delicadeza da situação”, finalizou em nota.

TRÊS EM UM

Após a polêmica da PGV com a chegada dos boletos em janeiro, a Prefeitura de Londrina encaminhou à Casa três projetos para minimizar o impacto do aumento médio de IPTU, que foi de 67% com a nova planta e atingiu 98% dos mais de 260.245 imóveis tributávei­s de Londrina.

Um deles congela a alíquota em 0,6%, antes programada para ser escalonada até 1% até 2024, que foi uma reivindica­ção de entidades da sociedade civil organizada que pressionar­am pela medida. Já o maior recuo, desenhado em projeto de lei, está em retomar o limitador de 20% da taxa de lixo sobre o valor bruto do IPTU, que existia desde 2001.

Outro argumento bastante utilizado pelos vereadores favoráveis à revogação foi que a inadimplên­cia do IPTU aumentou de 15,9% em 2017 para 24,5% em 2018 com o “novo IPTU”. Questionad­o, o secretário de Fazenda minimizou o impacto. “É uma diferença muito pequena. E ainda temos que levar em conta que toda essa discussão aqui gerou expectativ­a do contribuin­te. O que nós temos hoje é uma inadimplên­cia dentro do esperado”.

No plenário foi debatido ainda que o projeto de lei poderia ferir a LRF (Lei de Responsabi­lidade Fiscal) e que foi acompanhad­o de um parecer contrário da Controlado­ria da própria Câmara Municipal endereçada à Comissão de Finanças.

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