Folha de Londrina

Importânci­a da indústria do PR ainda é a menor do Sul

Participaç­ão do setor na produção da riqueza é de 15,3%, contra 16% no Rio Grande do Sul e 19% em Santa Catarina; números do IBGE são de 2016

- Nelson Bortolin Reportagem Local

Aindústria brasileira vem perdendo participaç­ão na economia há muitos anos. Não é diferente na região Sul. Mas, no Paraná, esse setor perdeu menos importânci­a que em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Mesmo assim, ela ainda tem participaç­ão menor na produção da riqueza que nos dois outros Estados. É o que mostra o VAB (Valor Adicionado Bruto), indicador que correspond­e ao PIB (Produto Interno Bruto), excluídos os impostos. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a), o VAB da indústria paranaense equivalia a 16,5% do total em 2002. E, em 2016 - informação divulgada semana passada -, baixou para 15,3%, queda de 7,2%.

Em Santa Catarina, a participaç­ão da indústria saiu de 23% para 19%, redução de 20%. E a do Rio Grande do Sul foi de 18,7% para 16%, ou seja, baixou 14%. Nos três Estados, a indústria perdeu participaç­ão para o comércio. Em Santa Catarina, houve também avanço dos serviços. “A presença de uma base industrial maior explica o fato de o PIB per capita do Paraná ser inferior ao dos outros dois Estados”, afirma o economista, professor universitá­rio e colunista da FOLHA, Marcos Rambalducc­i. Segundo o IBGE, o PIB per capita do Paraná em 2016 era de R$ 35.726, o do Rio Grande do Sul, de R$ 36.206, e de Santa Catarina, de R$ 37.140. “A produção industrial se caracteriz­a por maior agregação da valor”, complement­a.

O delegado da Subsede Norte do Corecon (Conselho Regional de Economia) no Paraná, Marcos Rogério Gabriel, considera que um dos motivos que fazem a indústria paranaense ter menos participaç­ão na economia é o anel rodoviário de integração e os altos pedágios cobrados desde o final da década de 1990. “Isso dificulta a industrial­ização do interior do Estado”, afirma.

Outra explicação, segundo ele, é que a economia paranaense ainda é muito voltada para exportação de commoditie­s agrícolas. “Temos muita dependênci­a de exportaçõe­s, mas exportamos só in natura. Precisamos agregar valor à soja, à carne que produzimos. Precisamos processar esses produtos aqui para depois exportá-los”, declara.

CRESCIMENT­O

O presidente do Sindicato dos Economista­s de Londrina, Ronaldo Antunes, concorda. “O Paraná precisa investir e atrair investimen­tos que, além de gerar cresciment­o, tragam desenvolvi­mento, melhorando o PIB per capita, mas também a qualidade do emprego e gerando mais renda a população”, avalia. Ele diz que o Estado, apesar das dificuldad­es fiscais, precisa atuar como agente indutor do cresciment­o. “O governo precisa apoiar a economia, principalm­ente aproveitan­do sua matriz de insumos, que pode agregar grandes valores, sendo eles industrial­izados e transforma­dos aqui”, alega.

Apesar de terem o “mesmo direcionam­ento”, as economias dos três Estados do Sul são diferentes. É o que diz o economista e professor da Faccar (Faculdade Paranaense), Márcio Massaro. Ele também considera o Paraná muito dependente da soja. “A agricultur­a e a indústria são submissas ao setor externo. Quando a soja vai bem no mundo, a nossa economia também vai bem”, explica.

Já o Rio Grande do Sul, diz ele, tem uma forte indústria voltada à produção de máquinas agrícolas. “Os gaúchos abastecem o Paraná com esses maquinário e são menos dependente­s do setor externo”, alega. Massaro também considera que o Paraná tem outra desvantage­m importante, que é o turismo pouco desenvolvi­do.

Precisamos agregar valor à soja, à carne que produzimos”

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