Folha de Londrina

O ‘cortador de gastos’ era admirado no Japão

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Nascido no Brasil, descendent­e de libaneses e cidadão francês, Ghosn, 64, iniciou sua carreira na Michelin na França, onde trabalhou por 16 anos, e se transferiu para a Renault.

Ele chegou a Tóquio em 1999 para recolocar a Nissan nos trilhos, no momento em que a empresa acabava de se unir à francesa Renault. Foi nomeado presidente-executivo dois anos depois.

Com cerca de US$ 20 bilhões em dívidas, a Nissan precisou de um tratamento

de choque na época. Houve demissões, encerramen­to de parcerias e fechamento de linhas de produção pouco produtivas.

Apelidado de “cost killer” (“cortador de gastos”), ele transformo­u um grupo à beira da falência em uma empresa lucrativa com volume anual de negócios da ordem de quase 100 bilhões de euros. Isso lhe valeu grande admiração no Japão.

Após o plano de recuperaçã­o, a companhia registrou lucros recordes.

Em 2005, o executivo passou a presidir também a Renault, sendo a primeira pessoa a liderar duas montadoras simultanea­mente.

Em 2008, Ghosn passou a acumular também a liderança

do conselho de administra­ção da Nissan.

Em abril de 2017, passou o bastão para seu herdeiro, Hiroto Saikawa, ainda permanecen­do à frente do conselho de administra­ção. Passou a se concentrar mais na aliança da Renault com a Mitsubishi Motors, que ele levou para o topo da indústria automobilí­stica mundial.

No mesmo ano, a empresa havia investido na Mitsubishi, após a companhia ser afetada por escândalo sobre falsificaç­ão de dados sobre emissão de poluentes.

A parceria Renault-Nissan-Mitsubishi é, hoje, uma construção de equilíbrio­s complexos, constituíd­a de distintas empresas ligadas

por participaç­ões cruzadas não majoritári­as.

A Renault detém 43% da Nissan, que possui 15% do grupo do diamante, enquanto a Nissan possui 34% de seu compatriot­a Mitsubishi Motors. Rumores de fusão vazaram recentemen­te.

As acusações contra Carlos Ghosn, que construiu essa aliança sozinho, acumulando funções como nenhum outro executivo desse nível até então, são um duro golpe no trio franco-japonês que reivindica o título de primeiro conglomera­do automobilí­stico mundial.

No ano passado, foram 10,6 milhões de carros vendidos, superando os concorrent­es Toyota, ou Volkswagen.

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