Folha de Londrina

CASO DANIEL

Sete foram indiciados - quatro por homicídio qualificad­o e ocultação de cadáver, duas por coação de testemunha e fraude processual e um por lesão corporal grave; previsão é que a denúncia saia até sexta-feira (23)

- Rafael Costa Reportagem Local

Polícia conclui inquérito de assassinat­o de jogador na RMC. Edison Brittes, esposa, filha e outros quatro são indiciados

Apolícia concluiu nesta quarta-feira (21) as investigaç­ões sobre a morte do jogador Daniel Freitas, assassinad­o em outubro em São José dos Pinhais, na Região Metropolit­ana de Curitiba. Após 25 dias de trabalho, o delegado responsáve­l pelo inquérito, Amadeu Trevisan, indiciou o empresário Edison Brittes e outros três suspeitos por homicídio qualificad­o e por tortura e ocultação de cadáver. Além de Brittes, assassino confesso do jogador, os demais também teriam participad­o das agressões e do transporte da vítima até o local onde ocorreu o assassinat­o e até onde o corpo foi abandonado, em uma área rural.

A esposa e a filha de Brittes, Cristiana e Allana, foram indicadas por coação de testemunha­s e fraude processual. Elas teriam coagido testemunha­s cinco vezes desde o dia do crime e teriam feito a limpeza do local onde o jogador foi agredido. Um sétimo suspeito foi indiciado por lesões corporais graves. O promotor de Justiça João Milton Salles espera oferecer a denúncia até esta sexta-feira (23). O relatório policial está sob segredo de Justiça.

Nesta quinta (22), serão apresentad­os os laudos periciais do caso. De acordo com Trevisan, o inquérito foi concluído sem os laudos porque já havia provas suficiente­s de autoria e materialid­ade. “O laudo só vem para robustecer aquilo que já temos”, disse, em entrevista coletiva na tarde desta quarta.

“A conclusão é aquilo que todos vocês já estão acompanhan­do desde o início”, disse o delegado. “Nós temos que deixar registrado que Daniel, dentro do porta-malas do carro, ouviu sua sentença de morte. E foi executado de uma maneira fria, pensada, premeditad­a. Foi um crime realmente com bastantes requintes de crueldade”, disse.

Para Trevisan, a dinâmica do crime está totalmente esclarecid­a. Ele acredita que não tenha havido a tentativa de estupro alegada pela defesa da família Brittes como motivo para ao crime.

Segundo o relato do delegado, Daniel “morreu aos poucos”. As primeiras agressões ocorreram no quarto, depois de o jogador ter sido encontrado deitado na cama em que estava Cristiana. Depois, apanhou na calçada da casa. “Quando falo ‘apanha’, bastante tortura. Tanto é que ele se afoga no sangue quando está sendo conduzido para dentro do carro”, contou Trevisan, que disse ter provas suficiente­s de que Daniel chegou vivo até o local onde teve o pênis decepado e foi degolado.

“Daniel ouviu, com certeza, quando eles o colocaram no porta-malas, quando Edison falou que ia ‘capar’ e matar”, disse. Para o delegado, os outros três suspeitos “aderiram à vontade” de Brittes. “No mínimo, quando saíram da casa da família, sabiam que haveria a decepação do órgão dele”, explicou.

As motivações teriam sido o fato de o jogador ter sido encontrado na cama de Cristiana e as fotos que a vítima fez da mulher com um celular, que nunca foi encontrado. O delegado ainda quer descobrir se o celular chegou a ser levado até o local onde Daniel foi executado.

Perguntado sobre Brittes, conhecido como “Juninho Riqueza”, Trevisan disse se tratar de um “psicopata”. “Ele é doente”, prosseguiu, contando que Brittes agiu com “frieza” e “ausência de remorso”. “Tanto é que ele mata, volta para casa, manda limpar a casa e ainda pede que façam estrogonof­e para ele. E ele consegue se alimentar depois de tudo o que praticou”, relatou.

Trevisan não falou sobre a abertura de novos inquéritos para apurar outros indícios de crime, conforme pedido do Ministério Público do Paraná. Ele reconheceu, no entanto, que já haveria investigaç­ões iniciadas, e que outros inquéritos serão abertos. O delegado diz que Brittes deve permanecer preso, já que apresenta “periculosi­dade acentuada”. “Em liberdade, ele representa risco para as testemunha­s”, disse.

Em nota sobre a conclusão do inquérito, a defesa da família Brittes diz que “o indiciamen­to de Alana e Cristiana destoam dos fatos ocorridos e tudo ficará provado. A defesa diz ainda que Edison Brittes irá justificar sua conduta em juízo”.

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Rafael Costa “Foi um crime realmente com bastantes requintes de crueldade”, diz o delegado Amadeu Trevisan

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