Folha de Londrina

Câmara e Executivo discutem redução da alíquota do IPTU

Após aprovação do PL que revoga alta do IPTU, Executivo e Câmara discutem emenda que trata da redução da alíquota mediante revisão da PGV

- Guilherme Marconi Reportagem Local

Apesar da aprovação, em primeira discussão, do PL (Projeto de Lei) de iniciativa popular que revoga a PGV (Planta Genérica de Valores), o clima ainda é de incerteza. Vereadores que foram favoráveis ao projeto disseram que, na prática, a aprovação não significa extinguir a PGV. Objetivo seria abrir negociação para reduzir alíquota do IPTU, atualmente fixada em 0,6% sobre o valor venal do imóvel. Marcelo Belinati reiterou que não há margem para discussão. Nesta quinta-feira (22), Câmara deve apreciar outro PL, de autoria do Executivo, para congelar a alíquota

Ainda é incerto o resultado da aprovação, em primeira discussão, na última terça-feira (20), do PL 112/2018 (projeto de lei) de iniciativa popular que revoga a PGV (Planta Genérica de Valores) atualizada em 2017. A sinalizaçã­o dada por alguns vereadores favoráveis tinha três objetivos: pressionar o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP); atender a demanda do movimento abaixo IPTU que colheu assinatura­s; e abrir uma mesa de negociação para viabilizar a redução da alíquota para 0,5% sobre o valor venal do imóvel, atualmente fixada em 0,6% para 2018.

Isto é, na prática a aprovação do projeto de iniciativa não significa zerar toda a discussão em torno da revogação da Planta de Valores - que ficou 16 anos sem uma atualizaçã­o dos valores de mercado dos imóveis. O ponto central, segundo o vereador Felipe Prochet (PSD), é encaminhar, no prazo de sete dias, a emenda com índice de redução da alíquota para minimizar o impacto. “Vamos tentar construir esse resultado no plenário. A revogação mostra a insatisfaç­ão da sociedade com o valor que foi aplicado.”

Ao mesmo tempo que a Câmara Municipal elabora essa medida, nesta quintafeir­a (22) entra em pauta, também em primeiro turno, o PL 113/2018, de autoria do Executivo, que pretende congelar a alíquota em 0,6% para imóveis com edificaçõe­s e 1,8% para terrenos, sem a escala crescente prevista na legislação vigente.

Até agora, nem o Executivo nem o Legislativ­o souberam responder se cabe a tramitação simultânea do projeto de iniciativa popular (que aguarda emenda) e do projeto de congelamen­to (proposto pelo governo). O prefeito Marcelo Belinati voltou a repetir que não há margem para discussão da alíquota. “A simples revogação geraria inúmeras consequênc­ias graves. A redução da alíquota significa perda de receita de R$ 50 milhões, o que reflete na contrataçã­o de 55 médicos, reformas de postos de saúde e contrapart­idas dessas obras”, disse o prefeito nesta quarta (21), após evento de lançamento da duplicação de vias públicas. “Não tem margem pra redução de alíquota, quem foi propor que mostre de onde vai tirar”, completou.

MEDIDAS

Já o secretário municipal de Fazenda, João Carlos Perez, intensific­ou agenda na Câmara e pretende demonstrar que não há inviabilid­ade técnica na revogação da PGV atualizada em 2017 e também na futura emenda. Na reunião da Comissão de Finanças, nesta quarta-feira, Perez foi defender o PL 134/2018 que trata de uma nova modalidade de cobrança da coleta de lixo. Ou seja, prevê recuo nesta taxa que também pegou contribuin­tes de surpresa em janeiro deste ano.

Ele citou ainda a lei já aprovada que ampliou a faixa de benefício de isenção de IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano) para aposentado­s. “Esses três projetos estão moldados no orçamento. Os dados que temos não coadunam com o que foi demonstrad­o pelo movimento (popular). Não temos margem hoje para acomodar nenhuma redução na alíquota. É isso que temos que tratar nessa semana.”

Segundo dados da Fazenda, no orçamento de 2019 está previsto lançamento de R$ 367 milhões em IPTU, já contando com aprovação da trinca de projetos do Executivo. Em 2018, o lançamento foi de R$ 343 milhões, mas até agora a inadimplên­cia está em 24,5%. “O congelamen­to da alíquota já represento­u R$ 40 milhões de não incremento (na arrecadaçã­o).”

CONTRAPART­IDA

Para o vereador Eduardo Tominaga (DEM), a falta de transparên­cia do Executivo no debate de 2017 chegou à insatisfaç­ão que forçou a aprovação do projeto de iniciativa popular. Ele lembrou que partiu dos vereadores, no ano passado, a redução da alíquota de 0,8 para 0,6. “Foi uma iniciativa nossa naquele momento. Mas pagamos um preço à época e só votamos sim após a redução.” Segundo Tominaga, a revogação agora não significa ir contra a atualizaçã­o da planta de valores, mas abrir o diálogo. “Temos entendimen­to que cabe essa emenda de redução de alíquota tanto em um quanto no outro projeto (PL 112 e PL 113). Para a Casa é indiferent­e e vamos aguardar o parecer jurídico. O mais importante é abrir esse canal com o prefeito e a equipe técnica dele. Neste sentido, a expectativ­a que temos é de avançar.”

Questionad­a pelo voto favorável, a vereadora Daniele Ziober (PP) também justificou que pesou na sua decisão o fato de a revogação ter partido de uma inciativa popular. “Agora temos que analisar o impacto para Londrina.” (Colaborou Pedro Marconi)

“A redução da alíquota significa perda de receita de

R$ 50 milhões”

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Anderson Coelho O secretário de Fazenda, João Carlos Perez, durante sessão de terça que aprovou PL sobre o IPTU: debate em torno da revisão da Planta de Valores continua

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