Folha de Londrina

Mais Médicos e o efeito Bolsonaro

-

Ante as condições moralizado­ras impostas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, aconteceu o que se esperava: Cuba anunciou a retirada do Brasil dos seus médicos. Muitos já foram embora e os remanescen­te só ficam até o fim do ano.

O programa Mais Médicos foi criado em 2013, no governo de Dilma Rousseff, mas Lula era quem decidia tudo, e ele o fez pensando também em beneficiar a ditadura cubana, eis que em torno de 70% do ganho desses cidadãos - que totalizava­m R$ 11.865 individual­mente eram revertidos para o governo de Cuba. Um grande negócio para o país caribenho, acertado em conluio com os mandantes petistas. Milhões e milhões foram enviados mensalment­e para “los campañeros”, enquanto, em nossos hospitais, doentes padeciam em macas por falta de leitos e outros recursos, como ainda hoje acontece.

Além de conter a sangria de dinheiro, Bolsonaro não iria aceitar, como disse, esse sistema análogo à escravidão imposto pela ditadura cubana e com o que o Brasil de Dilma e Lula concordara­m. Os familiares desses médicos, ou pseudo-médicos, ficaram (como ainda ficam) retidos em Cuba, para impedir que seus cônjuges eventualme­nte decidissem não mais retornar. Foi um perverso acordo perpetrado pelos governos dos dois países.

Bolsonaro também lançou dúvida sobre a qualificaç­ão desses profission­ais, exigindo revalidaçã­o de seus diplomas no Brasil e contrataçã­o individual, e exigiu salário integral para eles, assim como a liberdade de trazerem suas famílias. Cuba, obviamente, não aceitou, mas também Bolsonaro recusou-se a acumplicia­r-se com esse trabalho escravo. Ao mesmo tempo anunciou que daria asilo a esses coirmãos, desde que fosse reavaliada sua capacidade profission­al, que eles recebessem salário integral e pudessem trazer seus familiares. A intermediá­ria no repasse ao governo cubano é a denominada Organizaçã­o Panamerica­na de Saúde.

Na verdade, existe uma dificuldad­e de recrutar médicos brasileiro­s que se disponham a trabalhar no interior, mas isto não autoriza a barbaridad­e de subtrair ganhos desses estrangeir­os, ademais enviando dinheiro nosso para Cuba, tão necessário aqui. E pior, pelo regime de uma desumana exploração e do trabalho escravo. (O governo Temer anuncia que as vagas serão repostas sem demora, por profission­ais qualificad­os, do Brasil e do exterior, incluindo alunos recém formados que fazem parte do financiame­nto estudantil).

Curioso é que, por escassez de verbas, mais de 40 mil leitos hospitalar­es foram fechados nos últimos dez anos, enquanto de 2013 para cá fortunas foram enviadas para Cuba. Há uma esperança agora de, com a saída dos cubanos, os médicos brasileiro­s serem beneficiad­os. Ademais porque a regência do País estará em outras mão a partir de janeiro.

Quando o governo federal criou o programa “Mais Médicos”, alegou a falta de profission­ais, mas não se preocupou com a estrutura de atendiment­o, que inclui enfermagem e laboratóri­o. Em quase tudo os governos são maus gestores, mas muito competente­s quando se trata de arrecadar e de gastar abusivamen­te, no mais dos casos em beneficio próprio e estendendo a mão até o indevido... Um primeiro passo foi a arrancada para moralizar o sistema “Mais Médicos” - como resultante do advento de Bolsonaro. Algo melhor no campo da saúde deverá acontecer doravante.

WALMOR MACCARINI é jornalista

Milhões e milhões foram enviados mensalment­e a "los campañeros" de Cuba, em regime de escravidão

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil