Folha de Londrina

Qualidade do ar vira preocupaçã­o na Califórnia

Incêndio que deixou dezenas de mortos no norte do Estado fez médicos recomendar­em o uso de máscaras e respirador­es

- Folhapress

São Paulo - O incêndio que deixou dezenas de mortos no norte da Califórnia, nos Estados Unidos, também fez despencar a qualidade do ar no Estado. No auge do fogo, na semana passada, respirar em cidades como Sacramento, San Francisco e Oakland equivalia a fumar quase um maço de cigarro por dia. A situação fez diversas escolas e universida­des fecharem as portas e médicos recomendar­em o uso de máscaras e respirador­es, especialme­nte para pessoas que têm problemas respiratór­ios ou de coração.

Além de mudar a paisagem das cidades da região, a fumaça se espalhou além do norte da Califórnia e chegou a afetar a costa leste americana, a mais de 4.000 km de distância, de acordo com o jornal britânico “The Guardian”. Apesar disso, a qualidade do ar na Califórnia já começou a melhorar em consequênc­ia do trabalho dos bombeiros, que já contiveram 80% do incêndio. O último balanço oficial informou que o fogo dei- xou 81 pessoas mortas, mais de 700 desapareci­das e 13 mil casas destruídas.

Segundo o serviço de Proteção Ambiental dos EUA, nesta quarta-feira (21) a qualidade do ar na região equivalia a fumar 5,4 cigarros por dia, segundo cálculos do site Vox. Na última quinta (15), esse valor era de 14 cigarros. Apesar disso, o ar continua nocivo para o ser humano em algumas regiões do Estado, incluindo na capital, Sacramento, e em torno da cidade de Paradise, a mais atingida pelo fogo. A situação é melhor no sul do Estado, onde o incêndio, que deixou três mortos, já está 98% contido.

Pesquisas recentes mostram que crianças, idosos e pessoas com problemas de saúde são as mais vulnerávei­s a desenvolve­r problemas respiratór­ios em decorrênci­a dos incêndios. A exposição a curto prazo à fumaça pode agravar ainda problemas como asma, bronquite e pneumonia, além de causar um aumento da procura por atendiment­o médico mesmo entre pessoas saudáveis.

Embora para a maioria a exposição à fumaça gere apenas um aborrecime­nto, causando ardor nos olhos, garganta arranhada ou desconfort­o no peito, as autoridade­s temem que o problema aumente nos próximos anos. Um estudo publicado no início de 2018 apontou que o aumento dos incêndios florestais, a expansão urbana em áreas arborizada­s e o envelhecim­ento da população levaram a um cresciment­o do número de pessoas que correm risco de desenvolve­r problemas respiratór­ios ou cardíacos.

“A temporada dos incêndios costumava ser de junho a setembro. Agora parece estar acontecend­o o ano todo. Precisamos nos adaptar a isso”, disse Wayne Cascio, cardiologi­sta da Agência de Proteção Ambiental dos EUA e um dos autores do estudo.

A fumaça da madeira contém alguns dos mesmos produtos químicos tóxicos que a poluição do ar urbano, junto com minúsculas partículas de vapor e fuligem 30 vezes mais finas do que um cabelo humano. Estas podem se infiltrar na corrente sanguínea, potencialm­ente causando inflamação e danos nos vasos sanguíneos, mesmo em pessoas saudáveis, mostrou a pesquisa. “Sabemos muito pouco sobre os efeitos de longo prazo da inalação de fumaça de incêndio porque é difícil estudar essa população anos após o fogo”, disse o médico John Balmes, da Universida­de da Califórnia, em San Francisco.

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