Exportações do Paraná diminuem no ano
Crise argentina e desdobramentos da Carne Fraca afetam vendas externas de veículos e proteína animal, dois dos principais produtos da pauta estadual
Acrise argentina e os desdobramentos da Operação Carne Fraca são dois dos principais fatores que explicam o pior resultado das exportações paranaenses para um mês de setembro desde 2014, com queda de 11% em relação ao mesmo mês de 2017. A redução drástica nos embarques de automóveis para o país vizinho e os embargos à proteína animal brasileira por importadores como China e União Europeia atingiram dois dos quatro principais produtos da pauta de comércio exterior do Estado, segundo levantamento mensal feito pela Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) e divulgado na quarta-feira (21).
O desempenho também é negativo em outros comparativos. Apesar de tradicionalmente recuar em setembro ante agosto, a queda de 22% foi a pior dos últimos quatro anos. Ainda, no acumulado de janeiro a setembro as exportações estão negativas em 1,6% sobre 2017, quando haviam registrado alta de 18% no período no ano passado sobre 2016, de acordo com a Fiep.
Os principais produtos comercializados no mês foram soja, carnes, madeira e material de transporte, que inclui veículos. A venda de carnes para o exterior caiu 9,5% e a de material de transporte afundou 40%, em relação a setembro de 2017.
Para o economista Evânio Felippe, da Fiep, não é possível colocar a crise na Argentina como única causa para o recuo nas exportações de materiais de transporte. “Mas é um parceiro comercial com grande relevância para o Paraná, por ser o segundo maior atrás da China.”
A vantagem para o setor produtivo é a leve recuperação da economia nacional. “As vendas de veículos no País aumentaram e isso é importante porque absorve um pouco o impacto da perda de espaço por lá”, diz Felippe.
Por outro lado, ele destaca o crescimento dos embarques dos complexos soja (16%) e madeira (18%), desta vez na comparação entre o acumulado de janeiro a setembro sobre o mesmo período de 2017. “No caso da madeira, é fruto de uma maior abertura principalmente nos mercados norteamericanos”, conta o economista da Fiep.
O professor de economia Eugenio Stefanelo, da UFPR (Universidade Federal do Paraná), afirma que o reflexo nas exportações do agronegócio paranaense são causadas mais pelo cenário externo do que pelo interno, tanto positivamente quanto negativamente. Ele considera que mesmo as elevações momentâneas da taxa de câmbio no Brasil durante o ano tiveram impacto pequeno, devido ao fechamento de contratos com antecedência nesse tipo de comércio. “A guerra comercial entre China e Estados Unidos nos beneficiou na venda da soja, com prêmios pagos aos produtores e no porto bem acima da média”, diz, ao citar valores até 70% superiores no adicional.
Há uma exceção, diz Stefanelo. “Para a queda na venda das carnes, a explicação está no rescaldo da Operação Carne Fraca, que restringiu as vendas para alguns países por vários frigoríficos do Brasil e que somente em outubro começaram a ser revertidas.”
Na opinião do professor de economia, a operação deu motivo para retaliações comerciais diante do crescimento da produção de proteína animal em outros países, por exemplo. “Isso mostra o quanto é importante termos um sistema de defesa sanitária superestruturado.”
BALANÇA
Em setembro, as exportações paranaenses somaram US$ 1,372 bilhão e as importações, US$ 1,128 bilhão. O saldo positivo em US$ 244 milhões ficou 34% abaixo do valor registrado em agosto, conforme a federação.
De janeiro a setembro, as exportações paranaenses somaram em torno de US$ 14 bilhões e as importações, US$ 9,2 bilhões. O resultado aponta queda de 1,6% nas vendas externas e alta de 5,7% nas compras sobre igual período de 2017. “A diferença parece pouco expressiva, mas o problema é que se reflete por toda uma cadeia produtiva, até chegar ao produtor rural “, diz Stefanelo.
A vantagem para o setor produtivo é a leve recuperação da economia nacional