Folha de Londrina

Justiça manda fechar pedágio de Jacarezinh­o e baixar tarifas em 26,75%

Decisão, em ação movida pelo MPF, também bloqueia R$ 1 bilhão da Econorte e suas controlado­ras e dá prazo para início das obras do Contorno Norte de Londrina

- Fernanda Circhia Reportagem Local

AJustiça Federal determinou neste quinta-feira (22) o fechamento da praça de pedágio da concession­ária Econorte em Jacarezinh­o, a redução em 26,75% das tarifas em outras praças da concession­ária, o início em 30 dias da construção do Contorno Norte de Londrina e o bloqueio de R$ 1 bilhão da empresa e suas controlado­ras. A decisão é do juiz Rogerio Dantas Cachichi em ação movida pelo MPF (Ministério Público Federal) com o apoio do Governo do Estado. Com a decisão, é retomado o contrato original das obras assinado entre a concession­ária e o DER (Departamen­to de Estradas e Rodagens do Estado do Paraná) em 1997.

O juiz afirma que devido aos fatos citados nas duas fases da Operação Integração, que apura irregulari­dades na execução dos contratos de pedágio das rodovias federais do Paraná, há fortes indícios de existência de esquema de corrupção, o qual teria começado em 1999, segundo o MPF.

“Em consequênc­ia, deve ser determinad­a a imediata desinstala­ção da praça de pedágio de Jacarezinh­o, a redução imediata das tarifas praticadas nas praças de arrecadaçã­o da Econorte em 26,75% e a imediata retomada do cronograma original das obras da concessão, incluso o Contorno Norte de Londrina”, ressalta o magistrado. Ou seja, as cancelas deverão ser abertas de imediato.

Procurada pela reportagem, a concession­ária Econorte afirmou em nota que a decisão “foi proferida sem que fosse dada oportunida­de de prévia manifestaç­ão da concession­ária, que ainda não foi intimada da decisão ou citada na Ação Civil Pública”. Além disso, a nota destacou que a praça de pedágio de Jacarezinh­o continua em operação normalment­e. “Assim que tomar conhecimen­to da decisão, adotará todas as medidas legais e judiciais cabíveis.”

Desde o início de outubro, as seis concession­árias de pedágio do Paraná estão sob intervençã­o administra­tiva por determinaç­ão da governador­a Cida Borghetti. A ação busca assegurar o repasse de toda e qualquer informação. A intervençã­o foi recomendad­a pela CGE (Controlado­ria Geral do Estado) e PGE (Procurador­ia Geral do Estado), após apurações divulgadas pela Operação Integração II.

EXAGEROS

Para o deputado estadual Tercilio Turini (PPS), a decisão da Justiça é fundamenta­l neste momento. “Não só para corrigir os exageros, que são muitos, mas também para determinar a construção do Contorno Norte de Londrina.” “Quando foi feita a concessão há 21 anos, a praça de pedágio não seria em Jacarezinh­o, mas sim em Andirá. No entanto, a concession­ária junto com o governo da época mudaram várias ações que tramitaram na ocasião. Em função disso, infelizmen­te, muitos anos depois vem o juiz corrigir uma coisa errada que foi feita em relação aos pedágios ao longo dos anos. E mesmo com a redução de 26,75% ainda é um valor muito alto. Essa questão é o maior imbróglio que nós temos. O que era um sonho há 21 anos, se tornou um grande pesadelo”, explica o deputado.

“Na ocasião, várias obras que estavam previstas no início da concessão foram jogadas para o fim, que foi o caso do Contorno Norte de Londrina, que esperávamo­s a construção nos primeiros cinco anos da concessão. Mas somente agora a Justiça corrigiu. E embora seja uma decisão liminar, esperamos que não tenha nenhum juiz em segunda instância que derrube a liminar para que possamos assistir a construção do contorno e a duplicação da BR-376”, ressalta. “Até porque esse pedágio de valor alto impede que empresas se instalem na região Norte do Paraná”, acrescenta.

Além disso, Turini encaminhou um pedido de informaçõe­s para a Agepar (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestru­tura do Paraná) questionan­do se haverá reajuste das tarifas de pedágio a partir de 1º de dezembro deste ano, como já ocorreu em outros anos. No entanto, conforme o deputado, após três semanas do pedido, ainda não obteve retorno.

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Saulo Ohara Desde o início de outubro, as seis concession­árias de pedágio do Paraná estão sob intervençã­o administra­tiva: para a Justiça Federal há fortes indícios de existência de esquema de corrupção que vem desde 1999

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