Vélez Rodríguez quer MEC mais próximo dos municípios
Proposta do futuro ministro da Educação é descentralizar as decisões de Brasília, deixando os municípios decidirem o que querem priorizar na educação básica
“Minha preocupação fundamental é aproximar o ministério de toda estrutura educacional da sociedade, sobretudo o cidadão que mora no município”, disse o professor colombiano Ricardo Vélez Rodríguez ao desembarcar no sábado (24), no aeroporto de Londrina. Ele retornou de Brasília dois dias após ser anunciado como futuro titular do MEC (Ministério da Educação) pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Em entrevista à FOLHA, Rodríguez disse que a proposta é descentralizar as decisões de Brasília, abrindo espaço para os municípios escolherem o que querem priorizar na educação básica. “Devemos fazer isso sem desrespeitar as idiossincrasias locais”, ponderou.
O futuro ministro da Educação evitou detalhar as primeiras medidas que pretende adotar na pasta. “Não posso fazer declarações técnicas agora porque não assumi a caneta. O ministério da Educação é muito grande e maneja um orçamento enorme.” O professor da Faculdade Positivo em Londrina também rebateu críti- cas sobre uma suposta inexperiência em cargos de gestão educacional. “Estou realmente impressionado com o tamanho do MEC. Não careço de experiência. Fui pró-reitor de pós-graduação e pesquisa na Colômbia antes de chegar ao Brasil. Em 1981, já no Brasil, fui diretor do centro de ciências humanas , mas gosto, evidentemente, de sala de aula” citou.
ESCOLA SEM PARTIDO
O futuro ministro da Educação conta que teve encontro informal com parlamentares no Congresso Nacional na sexta-feira (23), onde tratou do tema Escola Sem Partido, ideal do qual é correligionário. Para ele, a proposta que deve sair é “algo moderado”. “O que realmente a sociedade não quer é que haja ideologização de gênero ou política para nossas crianças. Quem educa é o pai e a mãe e as escolas complementam. Tem que respeitar as tradições das famílias” disse, ao repetir o teor publicado em carta criticando o que chama de “instrumentalização ideológica”.
ENSINO SUPERIOR GRATUITO
Questionado se é a favor da manutenção do ensino superior gratuito, Rodríguez disse que é contra a privatização das instituições públicas, mas ressaltou o custo da manutenção. “Primeiro, um conceito: não existe ensino gratuito. Nosso estudante de universidade pública custa cinco vezes mais que o estudante de universidade particular. Quem paga? Todos que pagam imposto.”
O professor considera adequado adotar para as instituições de ensino superior o modelo do Instituto Sara Kubitscheck na gestão de hospitais. “Tem gestão que se assemelha com de entidades privadas, adotando a meritocracia. A avaliação precisa ser rigorosa em relação à qualidade de ensino que se presta. Eu defendo gestão responsável e que sirva à sociedade.”
Por outro lado, Rodríguez não considera prioridade a implementação do ensino a distância no ensino médio. “Eu vejo como um complemento em sala de aula. Eu sei que se espalhou muito ensino a distância, mas vejo que, sem um tutor em sala de aula ou sem um mestre, a qualidade do ensino cai.”
COMPROMISSO MORAL
O futuro ministro da Educação disse que Jair Bolsonaro dará muita liberdade para execução das políticas educacionais “Ele me escolheu porque gostou dos princípios que eu expus. Em 1º de janeiro estarei lá, assumindo minha cruz.”
Questionado se o MEC terá o compromisso de atender à meta do PNE (Plano Nacional de Educação) de destinar 7% do PIB para o setor em 2019, Rodríguez informou que há previsão de investimento na área. “A equipe econômica está discutindo isso com muito carinho. Não conheço bem os detalhes, mas há preocupação em incentivar a vinda de dinheiro e de aproximar o sistema educacional do sistema produtivo”, afirmou.
O estudante de universidade pública custa cinco vezes mais que o estudante de universidade particular"