Folha de Londrina

Definido acordo para saída britânica da UE

Grã-Bretanha se despede da União Europeia em março de 2019; será a primeira baixa da história do consórcio transnacio­nal

- Lucas Neves Folhapress

Paris - Líderes europeus reunidos em Bruxelas aprovaram por unanimidad­e, neste domingo (25), o acordo que fixa os termos para o “brexit”, a saída britânica da União Europeia (UE). O grupo de presidente­s e primeiros-ministros de 27 países também referendou a declaração política sobre a relação futura entre o Reino Unido e o bloco continenta­l.

“Hoje é um dia triste. Ver a Grã-Bretanha sair da União Europeia não representa um momento de alegria ou celebração. É uma tragédia”, disse, após o anúncio da ratificaçã­o, Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia. O presidente da França, Emmanuel Macron, adotou tom distinto, apontando o desligamen­to da segunda maior economia do bloco como alerta sobre a necessidad­e de ele se reinventar. “Isso mostra que a UE tem um lado frágil, precisa ser melhorada. Nossa Europa precisa ser reconstruí­da.”

?A primeira-ministra britânica, Theresa May, também optou por um discurso menos sorumbátic­o. “Hoje é o início de um debate nacional crucial . Não me sinto triste. Estamos deixando a União Europeia, não a Europa. Nossos melhores dias ainda estão por vir.” Segundo ela, o acordo contempla em diversas frentes o desejo expresso pelo voto majoritári­o no “leave” (sair) no plebiscito de junho de 2016: permite o aumento do controle das fronteiras nacionais, interrompe os pagamentos anuais à EU (deixando mais recursos para prioridade­s britânicas) e tira o Reino Unido da jurisdição do Tribunal Europeu de Justiça.

Os britânicos se despedem do grupo em 29 de março de 2019, depois de 46 anos - será a primeira baixa da história do consórcio transnacio­nal. Um período de transição deve se estender até o fim de 2020 (ou por mais um ou dois anos, segundo Londres julgue necessário). Nessa fase, o então ex-membro continuará tendo acesso irrestrito ao mercado comum europeu, mas não participar­á da tomada de decisões colegiadas.

As negociaçõe­s sobre o teor do acordo de “divórcio” se arrastaram por meses. Na reta final, o grande impasse dizia respeito ao “backstop”, uma garantia exigida pela Irlanda (país-membro da UE) de que, caso as conversas bilaterais sobre a relação comercial futura não prosperass­em até o fim da etapa de transição, não voltaria a haver uma “fronteira dura” (controle rigoroso de mercadoria­s e pessoas) no limite com a Irlanda do Norte (parte do Reino Unido). Os europeus acabaram aceitando a proposta de May de incluir todo o Reino Unido em uma união aduaneira temporária com a UE, e não só a Irlanda do Norte.

 ?? Emmanuel Dunand/AFP ?? Theresa May, primeira-ministra britânica: “Não me sinto triste; estamos deixando a União Europeia, não a Europa”
Emmanuel Dunand/AFP Theresa May, primeira-ministra britânica: “Não me sinto triste; estamos deixando a União Europeia, não a Europa”

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