Folha de Londrina

Palmeiras vence Vasco no Rio e conquista décimo título

Ostentando números inquestion­áveis, time paulista é campeão com uma rodada de antecedênc­ia

- MARCIO DOLZAN ROBSON MORELLI

RIO DE JANEIRO - O Campeonato Brasileiro tem um campeão indiscutív­el. Invicto há 22 jogos, dono do maior número de vitórias, time que mais marcou gols e que menos sofreu na competição, o Palmeiras bateu o Vasco por 1 a 0 neste domingo (25) em São Januário e chegou ao seu décimo título nacional. A festa no Rio, em São Paulo e Brasil afora é do Palmeiras.

A conquista deste domingo coroa uma campanha quase irrepreens­ível a partir da reta final do primeiro turno. Depois de um início titubeante sob o comando de Roger Machado - que deixou a equipe em julho, na sétima posição -, o clube paulista trouxe de volta o velho conhecido Luiz Felipe Scolari e não perdeu mais na competição.

O título também demonstra mais uma vez que, enquanto bons times vencem jogos, bons elencos ganham campeonato­s. E o Palmeiras tem os dois. O décimo título nacional do clube se tornou realidade mesmo que Felipão tenha usado mais de duas dezenas de jogadores diferentes ao longo do Brasileirã­o. Ainda assim, diante do Vasco a equipe chegou a 22 partidas sem perder no torneio.

O jogo deste domingo, contudo, não foi uma exibição de encher os olhos. Contra os cariocas, o Palmeiras jogou como se estivesse administra­ndo a vantagem na tabela do Brasileirã­o e não parecia ter pressa em vencer.

Com Felipe Melo e Bruno Henrique firmes à frente da área, a equipe fez um primeiro tempo sem sobressalt­os na defesa e pouco inspirado no ataque. Dudu iniciou no lado direito e terminou na outra ponta. Lucas Lima, sem espaço para criação, estava pouco inspirado. Mais à frente, Willian se limitava a passes laterais e Borja era figura nula.

O que pareceu motivar o Palmeiras foram os dois gols do Flamengo sobre o Cruzeiro em Minas, resultado que levava a definição do campeonato para a última rodada. Coincidênc­ia ou não, na etapa final a equipe paulista resolveu avançar suas linhas e a ser mais incisivo na frente. Deyverson entrou na vaga de Gustavo Borja, Scarpa substituiu Lucas Lima e as chegadas até então esporádica­s ao gol de Fernando Miguel passaram a ser mais comuns.

O gol que começou a sacramenta­r o título surgiu aos 27 minutos, e nasceu de uma jogada bem tramada do ataque palmeirens­e. Dudu lançou Willian pelo lado da área e o atacante tocou no meio para Deyverson, completame­nte livre, mandar para o gol.

A abertura do placar significou também o começo da festa do torcedor palmeirens­e que lotou seu espaço em São Januário - e também de alguns que se infiltrara­m em meio à torcida vascaína. Dentro de campo, fez ainda o Palmeiras retomar o cuidado defensivo visto no primeiro tempo. O time decidiu parar de ir ao ataque. E nem precisava mesmo. O título nacional, o décimo da história, já era do Palmeiras.

SÃO PAULO - Apostar em Luiz Felipe Scolari agradou a todos no Palmeiras, do torcedor saudosista que ainda o via como campeão da Copa Libertador­es de 1999, aos dirigentes que não estavam mais satisfeito­s com o rendimento de Roger Machado. Desse ponto de vista, Felipão caiu do céu. Mesmo na China, o treinador sempre era lembrado por times brasileiro­s, mas não queria voltar. Estava prestes a se acertar com a Coreia do Sul para novo ciclo de Copa do Mundo quando foi chamado para socorrer o Palmeiras, um time então endinheira­do, com bom elenco, mas que não conseguia se impor diante dos adversário­s mais fracos.

A proximidad­e e o carinho com o Palmeiras mudaram planos de Felipão, que deu meia-volta e rumou novamente para o Brasil a fim de atender o chamado. Os mais próximos dizem que apenas duas bandeiras seriam capazes de repatriar Scolari. E uma delas era o Palmeiras.

Foi tudo no fio do bigode, como nos velhos e bons tempos. Voltar para o futebol brasileiro e relembrar o fracasso da seleção na Copa de 2014 nunca desanimara­m o treinador. Mas a distância também lhe fazia bem. Como era pelo Verdão, Felipão matou no peito a responsabi­lidade e se fez campeão mais uma vez, na conquista do Brasileirã­o pelo Palmeiras.

O treinador, que nesta temporada completou 70 anos e chegou a dizer que ainda “faz tudo como os meninos de 20 anos”, mudou a concepção generaliza­da de que técnico veterano havia perdido a mão. Ele furou a onda dos novatos que assumiram times grandes, como Rogério Ceni, Maurício Barbieri, Jair Ventura, Osmar Loss e alguns outros mais que ficaram pelo caminho.

Na mesma onda, alguns clubes mudaram a mão e trataram de correr atrás de técnicos mais experiente­s. O Atlético-MG, por exemplo, buscou Levir Culpi. O Santos se rendeu a Cuca. Dorival assumiu o Flamengo.

Felipão teve carta branca no Palmeiras. Mesmo se não tivesse, faria tudo do seu jeito. Ele é assim. A primeira providênci­a foi abraçar os jogadores. Com o elenco nas mãos, Felipão tratou de dar algumas espinafrad­as nos jornalista­s e recuperar a velha e boa condição de rabugento. Tudo dentro do seu enredo. Fechar treinos, detonar a arbitragem, bater e assoprar. Ele não mudou nada da última vez que esteve no clube. “Sou o mesmo de sempre”, repetiu algumas vezes.

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Ide Gomes/Framephoto/Estadão Conteúdo Deyverson, que entrou no lugar de Borja, comemora em São Januário o gol que decidiu o campeonato

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