Caminhos para turbinar carreira
Segundo especialistas, habilidade e liderança são mais importantes que um bom currículo nos dias de hoje
No mundo dos negócios, não basta conseguir um emprego. Tem que progredir. É nesse cenário que surgem os coachings, a profissão que auxilia a ter um emprego. Os novos mentores evidenciam as mudanças na estrutura das profissões. Para projetar a carreira, por exemplo, os coachings lembram do conceito de benchmarking. A técnica busca estratégias de comparação de empresas para torná-las mais competitivas e produtivas, mas também pode ser aplicada em profissionais individualmente para turbinar a carreira.
Comparar-se com outros profissionais pode ser construtivo para modelar novos passos. O coaching Fabiano Zanzin argumenta que o benchmarking é uma pesquisa para avaliar como o seu concorrente ou um outro profissional trabalha, “para modelar uma forma de atuação”. “Você usa um outro profissional bem sucedido como modelagem”, explica.
Para o mentor e coaching maringaense Marçal Siqueira, o primeiro passo para progredir é entender as competências que o mercado exige. “Hoje a gente está falando muito da liderança 4.0, que é uma liderança que você não tem mais como ter só as competências básicas que foram exigidas no passado. Quem não tiver entendimento dessas competências não vai conseguir se organizar para esse novo parâmetro de mercado”, observa.
É nesse novo parâmetro de trabalho diferenciado que aumenta a busca por empreendedorismo. A reconfiguração do mundo dos negócios levou Ivan Ralisch, 27, a deixar o trabalho como administrador em uma empresa e investir em um negócio próprio. Após participar de cursos de marcenaria, Ralisch resolveu se dedicar ao que gosta: marcenaria com madeira de reflorestamento.
Hoje, Ralisch atende clientes por encomenda e divulga seu trabalho na rede social, como o Instagram. Enquanto ele trabalhava no setor de administração já sabia que não era isso que o realizava enquanto profissional. “De três, quatro anos para cá comecei a fazer marcenaria por hobbie, para fazer coisas para mim. Até como forma de descanso da mente. E chegou um momento que pensei que era isso mesmo”, conta. Para ele, o principal na vida profissional é buscar viver o dia a dia de maneira confortável e com sucesso. “Sucesso de caminhar em cima de algo que dá prazer”, explica.
O marceneiro acredita que quando se pratica alguma coisa com gosto, a habilidade se desenvolve mais rápido, os estudos ficam mais interessantes. Conforme Ralisch, quando o interesse é maior, a evolução também é. “Consegui construir uma condição boa para me arriscar, após trabalhar nessa empresa. Comecei pequeno, sem investir numa marca ou empresa, só fazendo algumas peças. Trabalhei mídia social e foi isso. Hoje dependo da minha gestão, minha organização e minha capacidade de marcenaria”, relata. Ralisch acredita que foi uma decisão acertada no âmbito pessoal. “Se for para tentar, que seja com algo que eu me identifique”, declara.
Para o coaching Marçal Siqueira, o profissional precisa entender o mercado que busca. Se é um mercado em expansão, ele terá que entender que as competências que o levaram até aquele momento não são as mesmas que garantirão o futuro dele. “Cursos de imersão de finais de semana, três, quatro dias em áreas específicas, têm feito muita diferença. Às vezes você vai fazer um curso de gestão de projeto, de liderança, ou de plano estratégico, que posicionam a pessoa com conhecimento que ela talvez não tenha. Então, investir em cursos rápidos e objetivos focados nas competências que o mercado hoje exige é super importante”, opina.
Para o coaching, há quem estude, faça especializações, mas não consegue se estabelecer na carreira ou progredir. Isso acontece porque “existe um vício de inteligência emocional na vida do profissional”, acredita. “Você pode ter até um bom currículo, boas informações, mas não administra suas emoções. Não administra emoção em uma entrevista de emprego, não administra a emoção no momento em que se tem uma crise instalada no ambiente de trabalho, e aí você acaba perdendo oportunidades por estar despreparado”, afirma.
A preparação vem do auto- conhecimento, da responsabilidade, de autocontrole e da empatia, na opinião de Siqueira. “O mercado está dizendo que quem está estudando hoje não terá emprego em 2030. Você pode estar na melhor faculdade do Brasil, você não terá emprego em 2030 com o que você está aprendendo hoje”, garante.
Já de acordo com o coaching londrinense Fabiano Zanzin, para progredir profissionalmente é necessário se reinventar. “A gente tem uma geração hoje que está se estabelecendo por competência, tanto é que no mercado o que é mais valorizado não é o currículo, mas está ligado à habilidade, à atitude, ao comportamento e ao caráter”, alega.
Zanzin expõe que hoje o currículo é apenas um filtro, o que contará diante de uma entrevista de emprego é a comunicação, habilidade e atitude, mais do que a experiência. “As empresas hoje estão muito atrás de comportamento, não é só o conhecimento técnico em si. Isso não é suficiente para estabelecer um profissional hoje na carreira”, pondera.
O especialista frisa que algumas das coisas que o profissional tem que ter para se estabelecer são competência, paixão e oportunidade. “Uma pessoa que prestou um concurso público e está na carreira pública, mas não é apaixonada pelo que faz, vai ficar dois, três anos, e vai sair porque ela não vai trabalhar só por dinheiro. Hoje estabelecer-se na vida profissional vai além da competência e networking, tem que ter também o tempero paixão”, considera.
“Cursos de imersão de finais de semana, três, quatro dias em áreas específicas, têm feito muita diferença”