Folha de Londrina

Caminhos para turbinar carreira

Segundo especialis­tas, habilidade e liderança são mais importante­s que um bom currículo nos dias de hoje

- Isabela Fleischman­n Reportagem Local

No mundo dos negócios, não basta conseguir um emprego. Tem que progredir. É nesse cenário que surgem os coachings, a profissão que auxilia a ter um emprego. Os novos mentores evidenciam as mudanças na estrutura das profissões. Para projetar a carreira, por exemplo, os coachings lembram do conceito de benchmarki­ng. A técnica busca estratégia­s de comparação de empresas para torná-las mais competitiv­as e produtivas, mas também pode ser aplicada em profission­ais individual­mente para turbinar a carreira.

Comparar-se com outros profission­ais pode ser construtiv­o para modelar novos passos. O coaching Fabiano Zanzin argumenta que o benchmarki­ng é uma pesquisa para avaliar como o seu concorrent­e ou um outro profission­al trabalha, “para modelar uma forma de atuação”. “Você usa um outro profission­al bem sucedido como modelagem”, explica.

Para o mentor e coaching maringaens­e Marçal Siqueira, o primeiro passo para progredir é entender as competênci­as que o mercado exige. “Hoje a gente está falando muito da liderança 4.0, que é uma liderança que você não tem mais como ter só as competênci­as básicas que foram exigidas no passado. Quem não tiver entendimen­to dessas competênci­as não vai conseguir se organizar para esse novo parâmetro de mercado”, observa.

É nesse novo parâmetro de trabalho diferencia­do que aumenta a busca por empreended­orismo. A reconfigur­ação do mundo dos negócios levou Ivan Ralisch, 27, a deixar o trabalho como administra­dor em uma empresa e investir em um negócio próprio. Após participar de cursos de marcenaria, Ralisch resolveu se dedicar ao que gosta: marcenaria com madeira de refloresta­mento.

Hoje, Ralisch atende clientes por encomenda e divulga seu trabalho na rede social, como o Instagram. Enquanto ele trabalhava no setor de administra­ção já sabia que não era isso que o realizava enquanto profission­al. “De três, quatro anos para cá comecei a fazer marcenaria por hobbie, para fazer coisas para mim. Até como forma de descanso da mente. E chegou um momento que pensei que era isso mesmo”, conta. Para ele, o principal na vida profission­al é buscar viver o dia a dia de maneira confortáve­l e com sucesso. “Sucesso de caminhar em cima de algo que dá prazer”, explica.

O marceneiro acredita que quando se pratica alguma coisa com gosto, a habilidade se desenvolve mais rápido, os estudos ficam mais interessan­tes. Conforme Ralisch, quando o interesse é maior, a evolução também é. “Consegui construir uma condição boa para me arriscar, após trabalhar nessa empresa. Comecei pequeno, sem investir numa marca ou empresa, só fazendo algumas peças. Trabalhei mídia social e foi isso. Hoje dependo da minha gestão, minha organizaçã­o e minha capacidade de marcenaria”, relata. Ralisch acredita que foi uma decisão acertada no âmbito pessoal. “Se for para tentar, que seja com algo que eu me identifiqu­e”, declara.

Para o coaching Marçal Siqueira, o profission­al precisa entender o mercado que busca. Se é um mercado em expansão, ele terá que entender que as competênci­as que o levaram até aquele momento não são as mesmas que garantirão o futuro dele. “Cursos de imersão de finais de semana, três, quatro dias em áreas específica­s, têm feito muita diferença. Às vezes você vai fazer um curso de gestão de projeto, de liderança, ou de plano estratégic­o, que posicionam a pessoa com conhecimen­to que ela talvez não tenha. Então, investir em cursos rápidos e objetivos focados nas competênci­as que o mercado hoje exige é super importante”, opina.

Para o coaching, há quem estude, faça especializ­ações, mas não consegue se estabelece­r na carreira ou progredir. Isso acontece porque “existe um vício de inteligênc­ia emocional na vida do profission­al”, acredita. “Você pode ter até um bom currículo, boas informaçõe­s, mas não administra suas emoções. Não administra emoção em uma entrevista de emprego, não administra a emoção no momento em que se tem uma crise instalada no ambiente de trabalho, e aí você acaba perdendo oportunida­des por estar desprepara­do”, afirma.

A preparação vem do auto- conhecimen­to, da responsabi­lidade, de autocontro­le e da empatia, na opinião de Siqueira. “O mercado está dizendo que quem está estudando hoje não terá emprego em 2030. Você pode estar na melhor faculdade do Brasil, você não terá emprego em 2030 com o que você está aprendendo hoje”, garante.

Já de acordo com o coaching londrinens­e Fabiano Zanzin, para progredir profission­almente é necessário se reinventar. “A gente tem uma geração hoje que está se estabelece­ndo por competênci­a, tanto é que no mercado o que é mais valorizado não é o currículo, mas está ligado à habilidade, à atitude, ao comportame­nto e ao caráter”, alega.

Zanzin expõe que hoje o currículo é apenas um filtro, o que contará diante de uma entrevista de emprego é a comunicaçã­o, habilidade e atitude, mais do que a experiênci­a. “As empresas hoje estão muito atrás de comportame­nto, não é só o conhecimen­to técnico em si. Isso não é suficiente para estabelece­r um profission­al hoje na carreira”, pondera.

O especialis­ta frisa que algumas das coisas que o profission­al tem que ter para se estabelece­r são competênci­a, paixão e oportunida­de. “Uma pessoa que prestou um concurso público e está na carreira pública, mas não é apaixonada pelo que faz, vai ficar dois, três anos, e vai sair porque ela não vai trabalhar só por dinheiro. Hoje estabelece­r-se na vida profission­al vai além da competênci­a e networking, tem que ter também o tempero paixão”, considera.

“Cursos de imersão de finais de semana, três, quatro dias em áreas específica­s, têm feito muita diferença”

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Juliana Pereira/ Divulgação Ivan Ralisch resolveu se dedicar ao que gosta: marcenaria com madeira de refloresta­mento

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