Enxugar é complicado
Bolsonaro confessa que já perdeu a guerra da lipoaspiração ministerial, pois eles já passaram dos 15, tido como parâmetro. Ratinho Júnior está empenhado em igual objetivo embora não tenha fixado um número e também terá dificuldades para fazê-lo. Entre as dificuldades há o ajuste de forças e o fator governabilidade.
Muitas coisas poderão no caso da União esbarrar no veto das bancadas, que é o filtro adotado em prejuízo dos partidos, mas buscando expressão política nos grupos temáticos, algo que definia o quadro que desaguou na ruptura de 1964, tempo em que pela radicalização as frentes tinham densidade dominante entre a Ação Democrática, de traço liberal e anti-Jango, e a Frente Parlamentar Nacionalista. Mesmo com um dos ministérios mais bem formados, o governo caiu.
O cenário de hoje é botar abaixo toda a padronagem estabelecida, derrubar tabus e ainda preceitos sistêmicos das últimas décadas e que de Itamar Franco para cá prevaleceram. Há quem veja o caos já que esse consenso se firmou na mais longa tradição democrática posta sob choque nos agitos de rua de 2013 acionados por uma pendência em torno de tarifas de ônibus como singelo pretexto e que, aprofundada, levou ao impeachment de Dilma, posto que sua derrota em Minas Gerais tenha mais validade democrática e talvez uma correção no ato judicial que preservou seus direitos políticos.
Ratinho inovou ao aproveitar um parlamentar não eleito para ser o seu líder, ora recuperando seu posto com a designação de deputados para a composição do governo e confia nos bons resultados da transição que conta com a governadora Cida Borghetti, que esteve nesta quarta (28) em Brasília com o futuro presidente, tratando de interesses da região.