Ódio e intolerância contra você
“Uma vez identificado como de direita, você está além do argumento, suas visões são irrelevantes, seu caráter é desacreditado e sua presença no mundo é um erro.”
(Roger Scruton)
Embora tenha sido proferida por um filósofo inglês, a frase acima descreve à perfeição o clima de ódio e intolerância ideológica reinante em muitos setores da universidade pública brasileira. Professores e estudantes identificados como conservadores e liberais, ou simplesmente não esquerdistas, sofrem perseguições, intimidações e patrulhamentos no ambiente acadêmico. Um exemplo concreto está na denúncia anônima recentemente encaminhada ao Colegiado do Curso de Medicina da UEL nos seguintes termos:
“Os professores do curso de medicina Fabrizio Prado, Leandro Diehl e Marcel Jaqueto, entre outros docentes, e alguns estudantes, como Luiz Rocha Garcia e Dalton Alexandre Burci Ferreira, são antiéticos e abusivos, disseminam ódio pelo curso, ferem o código de ética médica ao apoiarem tortura e desrespeitarem os direitos humanos. Espero que, em ambiente hospitalar e acadêmico, essas pessoas deixem seus preconceitos e comecem a agir como seres humanos, já que eles lidam com seres humanos, com pessoas de diferentes lugares, etnias, crenças, sexualidade, todos os dias, como docentes e como médicos.”
Note-se que os únicos dados objetivos da denúncia são os nomes dos professores e estudantes. Todo o restante, ou seja, os supostos abusos e irregularidades que eles teriam cometido, estão descritos de forma genérica e subjetiva, sem nenhuma evidência concreta, sem o mínimo traço de prova, a não ser o testemunho do denunciante, aliás anônimo. Denunciante que parece seguir a velha norma do catecismo revolucionário: “Xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz”.
Claramente a intenção da denúncia é não apenas intimidar os professores e estudantes mencionados, mas desqualificálos a ponto de lhes negar o próprio caráter humano: “(...) que essas pessoas deixem seus preconceitos e comecem a agir como seres humanos”. Se você, caro leitor, votou em Jair Bolsonaro (como fizeram 81% dos londrinenses), é bastante provável que o denunciante anônimo também o considere inumano. Saiba que todo esse ódio tem um alvo: você.
Conheço pessoalmente todos os citados na denúncia. Os três professores estão entre os mais íntegros, competentes e qualificados da UEL. Os dois alunos seguem o mesmo caminho de brilhantismo na vida acadêmica. Ocorre que eles cometeram um crime considerado hediondo e inafiançável pela militância ideológica: assumiram publicamente ser conservadores. Até quando vamos aceitar esse terrorismo ideológico típico de regimes totalitários?
O atual reitor da UEL tem mostrado uma saudável disposição para dialogar com a comunidade londrinense. Esperamos que ele e sua equipe façam todos os esforços para impedir que a nossa universidade, nascida sob a égide da união e do entendimento, transforme-se em um gulag ideológico dominado pela militância partidária. A universidade deve ser a casa do conhecimento e do diálogo, não do medo e da intimidação.
Alvos de denúncia anônima, professores e alunos da UEL cometeram apenas um “crime”: são conservadores