Solidariedade e compartilhamento
Já escrevi em outras ocasiões que o mundo melhor que se deseja terá de estribar-se não na competição demolidora mas no compartilhamento e na solidariedade. É mais difícil modificar hábitos arraigados, então é preciso investir na criança. Uma barreira é que os pequenos e os adolescentes são ensinados por professores, pais e pregadores que já incorporaram conceituações ou porque não desejam avançar além dos currículos estabelecidos. Espera-se dos novos guias nesse campo que acenam com rumos mais ousados, de forma a despertar consciências e mudar mentalidades. Não há que imaginar que esta é tarefa impossível. Ensinamentos mais sábios podem modificar o mundo. Para melhor.
A ideia de competição ainda predomina fortemente na família, na escola, na igreja - que são os três fortes pilares de formação do indivíduo - e as crianças crescem aprendendo isso. Nos negócios, competir é um postulado forte, e isso em muitos casos não se traduz em melhor qualidade do produto, para satisfazer a clientela, e sim para derrubar concorrentes. Os pais, por haverem aprendido assim, acabam - às vezes inocentemente - repassando aos filhos o ideal de levar vantagem em tudo. Outra expressão muito usada é o da luta, como se o homem devesse sair em campo brandindo uma espada... Melhor seria mudar esse vocábulo para o “exercício da vida”, sem prejuízo de que se faça isso com garra, mas sem atropelar ninguém.
Educar com esse novo sentido é, sim, tarefa árdua, mas será preciso alguém que ensine a criança e o adolescente a ser, também, o especial professor de amanhã. Bons professores formam professores idênticos. O próprio esporte, que é uma escola de formação da juventude, não pode ensinar que se deve vencer a qualquer custo e derrotar o adversário, mas que deverá ser uma demonstração de arte e habilidade. Serão esses jovens que, mais cedo ou mais tarde, irão capitanear as fábricas e o comércio, a ministração dos preceitos de saúde, o magistério e a política, a Justiça e o comando familiar. E, acima de tudo, devemos ensinar-lhes o culto da solidariedade. Se os condutores do mundo de hoje têm dificuldade em administrar a si mesmos e os seus negócios, com frequência descuidam dos filhos quanto às orientações básicas sobre as boas relações humanas.
Devem os adultos atentar um pouco mais para os males do mundo que eles próprios causaram ao longo da história e estender mais o olhar sobre as crianças. Ademais porque elas estão nascendo com um código genético diferenciado, sem o registro de maldades e uma direção mais consciente para a trajetória que irão trilhar. Não se pode desviá-las desse rumo. Doravante as crianças estão aportando na Terra não só para aprender com os mais velhos, mas sobretudo para ensinálos. Devemos então dar-lhes forças não só para facilitar-lhes a caminhada, mas para não permitir que se corrompam. Antes, incentivalos para que seus atributos naturais desabrochem. O mundo melhor do futuro próximo serão eles que construirão. Não podemos dificultar-lhes essa missão.
As crianças estão aportando na Terra não só para aprender com os mais velhos, mas também para ensiná-los