Folha de Londrina

Grande Londrina se recusa a participar de licitação

Empresa de ônibus classifica proposta da prefeitura como inviável e afirma que irá encerrar suas operações em janeiro

- Pedro Moraes Reportagem Local

ATCGL ( Transporte­s Coletivos Grande Londrina) deu um ultimato na administra­ção municipal. Responsáve­l por 85% da cobertura da cidade, a empresa protocolou um ofício na CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o) informando que não irá participar da Concorrênc­ia Pública número 021/2018, que irá licitar o serviço de transporte coletivo para os próximos 15 anos. Com a decisão, o grupo ainda informou que irá encerrar suas atividades a partir do dia 19 de janeiro de 2019 - quando se encerra a atual licitação - e dispensar 1.660 funcionári­os. A resolução foi tomada depois da tentativa de negociar com a administra­ção do prefeito Marcelo Belinati (PP) para a prorrogaçã­o do atual contrato. “Não gostaríamo­s de sair de Londrina. Temos os ônibus, funcionári­os e estamos operando, mas, diante dos termos propostos nesta concorrênc­ia, não temos o interesse de participar. Caso mude, podemos estudar continuar a concorrer. Mas ressalto que não deixaremos a cidade na mão, iremos esperar a substituiç­ão do serviço de acordo com o que determina a lei”, afirmou o diretor geral Gildalmo de Mendonça, na tarde de sexta-feira (30), na garagem da empresa no Centro.

A principal discordânc­ia da empresa gira em torno do valor da passagem cobrada na cidade, atualmente R$ 3,95. O valor foi decretado em dissonânci­a ao cálculo que havia sido feito pela CMTU, que apontava que o valor deveria ser de R$ 4,15. “Este é um custo técnico, que inclui a operação e o ganho da empresa. Em todo o mundo, os governos que querem ter um bom serviço de transporte subsidiam o custo”, ponderou Mendonça. Ainda sobre o valor da passagem, o diretor da Grande Londrina questionou que, além de a tarifa ser abaixo do calculado pelo órgão técnico, a prefeitura cancelou a parcela que pagava relativa ao transporte dos estudantes, o que representa um valor adicional de R$ 0,40 na tarifa. O texto sobre o futuro contrato com a prefeitura não explicita a alteração do preço e a transporta­dora aponta que o valor aceitável para a passagem seria de R$ 4,60 em 2019. Este valor é o que a Grande Londrina considera para cobrar durante o período em que estiver operando até que uma nova empresa assuma. Segundo a empresa, a defasagem no valor cobrado hoje faz com que a companhia esteja acumulando, este ano, um prejuízo até o momento de R$ 11 milhões.

Com uma frota de 337 ônibus, a empresa ainda questiona que a licitação não prevê remuneraçã­o dos serviços no primeiro ano, o que, somado ao pagamento da outorga de aproximada­mente R$ 7,5 milhões, representa um cenário sem a previsão de lucros. “Hoje uma empresa que planejasse vir prestar serviço de transporte coletivo em Londrina e fizesse os cálculos não entraria nesta disputa. É melhor deixar o dinheiro aplicado rendendo o que dá a taxa Selic”, criticou Mendonça. A Grande Londrina pediu para a prefeitura um posicionam­ento sobre a possível extensão dos serviços até que outra empresa possa assumir, com a data limite de 10 de dezembro. A ideia é começar a emitir as cartas de aviso prévio para os funcionári­os. Apesar da gravidade da situação, a orientação da empresa é que os funcionári­os tenham calma. “Pedimos para que eles trabalhem melhor do nunca, para ficar claro o bom serviço que prestamos para a sociedade ao longo desses 15 anos”, concluiu.

A empresa foi fundada em 1958, inicialmen­te sob o nome de VUL (Viação Urbana Londrinens­e), sob o comando da empresa Irmãos Lopes. Duas décadas depois, em 1978, ela passou a ser chamada Transporte­s Coletivos Grande Londrina. Em 1997, foi adquirida pelo Grupo Constantin­o, que também é dono da Gol Linhas Aéreas. A LondriSul, responsáve­l pelos 15% restantes do transporte coletivo da cidade, informou por meio de nota que recebeu o edital e está analisando o texto. A empresa decidiu que não irá se pronunciar no momento. Procurada, a CMTU afirmou que não irá comentar sobre o processo de licitação. O prefeito Marcelo Belinati também preferiu não se manifestar.

 ??  ?? TCGL é responsáve­l por 85% do transporte coletivo em Londrina
TCGL é responsáve­l por 85% do transporte coletivo em Londrina

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil