Folha de Londrina

Estrelas etc

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Bilac ouviu estrelas, eu espreito passarinho­s e converso com cachorros.

Estou lidando na chácara, ouço um canto estridente como que, olho para a árvore, lá está joão-de-barro com casinha recente. Ele, decerto ela, canta forte e alto como se anunciando inauguraçã­o da casa, aí entra. Continuo a lidar na chácara e, quando o sol já baixou bem, eis que ela canta de novo agora na entrada da casinha, como a anunciar que está saindo mas ali tem dona.

João-de-barro canta vim trazer almoço vou buscar a janta

Outra que canta alto como só é a corruíra. Temos para ela uma casinha quase na porta do escritório, de modo que acompanham­os suas idas e vindas, investigan­do a casinha, trazendo gravetos e fiapos, sempre cantando antes de entrar. É quase tão pequenina quanto o beija-flor, com voos ligeirinho­s que só vendo, num entra-sai incessante. Arrisco olhar mais de perto e eis uma cabecinha de filhote a se mexer lá dentro, olhos ainda fechados, a boca bicuda escancarad­a à espera de comida. Epa, são dois!! Três!!! Quatro !!!! Lotação total na casinha da corruíra!

Mal saio de perto, a mãe volta com o pai e, antes de ela voltar para o ninho, ficam saltitando e cantando no beiral do telhado, como a comemorar.

Casal de corruíras voltou ao beiral vivaaprima­vera

Depois vou caminhar com Branquinha na coleira, passando por muitos cachorros a latir adoidados em seus quintais. Deve ser sofrido para um cachorro, preso atrás duma grade, ver outro passar pela rua com tantos cheiros para farejar. Então latem que latem, aí respondo:

Eu também gosto de você, amigão, também gosto de você.

Alguns ainda não entendem, outros já latem menos, não sei se me reconhecen­do ou se cansados de latir à toa. Para Branquinha, creio que soam como elogios, pois vai de focinho erguido e rabo levantado, a própria imagem da felicidade.

Felicidade cão levar pela coleira o bípede irmão

Passamos por uma coruja, sempre atenta a qualquer passante, dando voos rasantes a intimidar, deve ter ninho por perto. Chega a cutucar com as garras o lombo de Branquinha, depois pousa em árvore e fica a encarar.

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Fotos: Dalva Vidotte/ Divulgação

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