Folha de Londrina

Aftosa: fim da vacinação de bovinos

Luly Turquino mostra preocupaçã­o de produtores como a antecipaçã­o do fim da imunização no Paraná

- Reportagem Local O presidente da ANPBC Alexandre Turquino defende que o Paraná respeite o cronograma estabeleci­do pelo Ministério da Agricultur­a para o fim das imunizaçõe­s

No mês de novembro foi realizada a segunda etapa da campanha de vacinação contra febre aftosa no Paraná. Luly Turquino mostra no Multi Agro deste domingo (1) como foi a imunização dos animais no Estado. A campanha de vacinação contra febre aftosa no Paraná ainda é feita em duas etapas: na primeira que é realizada em maio são vacinados os bovinos e búfalos com até 24 meses de idade. Na segunda etapa todos os animais da propriedad­e devem ser vacinados.

O veterinári­o Clayton Lopes explica que a febre aftosa é uma doença com alto poder de contaminaç­ão e que causa prejuízos econômicos monstruoso­s no mundo inteiro. “No Brasil se adotou a vacinação de febre aftosa como no mundo todo e a gente vem buscando chegar em um patamar que permita erradicar esse vírus em todos os estados brasileiro­s.” A febre aftosa tem esse nome por ser uma doença viral que provoca febre alta e diversas aftas na boca dos bovinos, dificultan­do a alimentaçã­o. Os animais doentes acabam perdendo peso e diminuindo a produção de leite. A principal consequênc­ia da zoonose é econômica, porque os animais e produtos das áreas contaminad­as não podem ser comerciali­zados para áreas livres da doença.

Para a vacinação dos bovinos são precisos alguns cuidados. Lopes diz que primeiro a vacina “tem que ficar no gelo, bem acondicion­ada e não pode sofrer choques de temperatur­a. A atenção se estende também à higiene do aparelho, que deve estar bem higienizad­o, agulha tem que ser nova, sem contaminaç­ão. Quanto menos contaminaç­ão, melhor vai ser o resultado da vacinação”.

Neste ano o governo do Paraná encaminhou um ofício para que o Estado seja considerad­o livre de febre aftosa sem vacinação já em 2019. Para Lopes, o sonho de todos os produtores e de todos os técnicos é que o Paraná seja livre da doença sem vacinação. “Creio que esse não seja o melhor momento para que se tome essa atitude. Já temos o exemplo de Santa Catarina que tinha um rebanho expressivo e após ser declarada livre sem vacinação teve suas fronteiras fechadas. Nós temos em torno de 9,5 milhões de cabeças de gado. Com o fechamento das nossas fronteiras nós vamos perder muito com a entrada e saída de genética.”

O presidente da ANPBC (Associação Nacional dos Produtores de Bovinos de Corte), Alexandre Turquino, afirma que o Ministério da Agricultur­a já tem uma programaçã­o para que todos os Estados do Brasil parem de vacinar nos próximos anos. “Então porque o Paraná vai sair na frente, vai arriscar esses dois, três anos que faltam? Isso é uma pergunta minha. Para quem interessa parar de vacinar e a gente ficar uma ilha dentro do Brasil?”, questiona.

Afrânio Brandão, ex-presidente da SRP (Sociedade Rural do Paraná) e atual membro do conselho da entidade, conta que diversos associados mantêm suas vidas na entressafr­a usando a área de agricultur­a para fazer pastejo e engorda de gado vindo de outros Estados, por não haver disponibil­idade de bezerros no Paraná. “Esta atividade vai acabar e isso vai trazer um prejuízo muito grande para esse pessoal. Eu sou criador aqui, meu bezerro vai subir de preço, porque nós não podemos trazer de fora. Para mim seria bom, mas eu não vejo com bons olhos quando você procura jogar todo o benefício para uma atividade prejudican­do alguém”, diz.

A Adapar (Agência de Defesa Agropecuár­ia do Paraná) fez algumas auditorias neste ano para discutir o assunto e que indicaram várias tarefas a serem feitas. “O que a Adapar vem fazendo nos ajuda a verificar se o momento é tecnicamen­te recomendáv­el, estrategic­amente também interessan­te e politicame­nte sustentáve­l. Então são momentos que teremos que avaliar com muita calma e cautela para não errarmos”, diz George Hiraiwa, secretário da Agricultur­a e Abastecime­nto do Paraná.

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Gina Mardones/ 06-11-2015
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