Pomares perdem espaço no Estado
Uva, banana e frutas de caroço. Frutas que possuem uma representatividade econômica no VBP (Valor Bruto de Produção) do Estado, mas que infelizmente passam por uma retração de produção e área nos últimos anos, de modo geral. Levantamento recente do Deral/Seab (Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura) aponta um VBP de R$ 1,63 bilhão das frutas em 2017, o que representa apenas 1,9% do montante total de R$ 85,3 bilhões do agro estadual.
No que diz respeito a área, atualmente são 57,7 mil hectares destinados ao segmento, uma queda de 7% comparado a 2015, por exemplo. No caso da produção, de 1,5 milhão de toneladas de fruta no ano passado, a retração foi de 11,2% na análise do mesmo período.
Uma exceção acaba sendo os citrus. Apesar de 8% na queda de área no ano passado, que agora gira em torno de 22,5 mil hectares, a produção cresceu 12% no comparativo ao ano anterior e fechou em 847 mil toneladas. Vale dizer que a laranja representa 40% da área de frutas do Estado, 54% da produção e 29% do VBP. “O Estado inclusive voltou a produzir mudas. A citricultura tem esses resultados positivos justamente devido à congregação de esforços das cooperativas do Estado com o governo do Paraná”, analisa o engenheiro agrônomo do Deral, Paulo Andrade.
O especialista relata que uma forma de reaquecer o cultivo de frutas está justamente em ações de estímulo, que envolvem entidades como o Instituto Emater, Iapar, técnicos e engenheiros agrônomos nas cidades e, claro, o governo do Estado. Ele cita por exemplo o caso do morango, que com uma área pequena, de 800 hectares (1,4% da área total), já consegue uma movimentação de R$ 176 milhões, o que representa 11% do VBP das frutas. “Quando existem esses esforços em conjunto, depois a atividade consegue caminhar sozinha. As entidades dão aquela indução e depois saem do circuito”, opina.
Como a exportação ainda é apenas traço nos números paranaenses, com alguns casos pontuais como as goiabas de Carlópolis, o jeito é se virar para conseguir espaço no mercado interno. Andrade relata que as frutas paranaenses buscam outros estados para escapar dos concorrentes da região Sul. Mas o engenheiro agrônomo comenta que se o consumo fosse maior, haveria mais espaço para a produção e rentabilidade. “O ideal seria o consumo de 400 gramas diárias, mas o brasileiro só ingere 100 gramas. Não por acaso vivemos uma epidemia de obesidade, já que esquecemos das frutas e hortaliças no nossa alimentação diária.”
Apesar da tradição nacional na produção de algumas frutas, como uva, maçã e banana - inclusive em algumas áreas pontuais do Paraná - o que se percebe é a falta de competitividade delas no cenário internacional. O levantamento realizado pelo Cepea aponta alguns fatores representativos que colocam a competitividade lá embaixo, quando o momento seria de buscar novos compradores mundo afora.
No caso da uva, por exemplo, a receita de exportação é de US$ 66 milhões no País, o que nos coloca na ínfima 16ª posição de comercialização. O volume representa apenas 1% do negociado no mundo, sem espaço para a uva do Vale do São Francisco (BA/PE) e muito menos para a do Norte do Paraná.
Além da Itália e Grécia, fortes na produção, no segundo semestre - em que o Brasil teoricamente teria um espaço - entram outros players como Peru, Turquia e Namíbia fornecendo uva de qualidade para a União Europeia. Nos Estados Unidos, a janela para o produto nacional também está pequena, já que Califórnia e México têm prolongado a safra. O lado positivo é que o Brasil começa a entender o calendário de exportação e, aos poucos, busca um aumento de competitividade.
Já a banana, forte no município de Novo Itacolomi no Estado, fomenta exportações na casa de US$ 18 milhões, sendo o Brasil - apesar de ser o 4º maior produtor - apenas o 34º maior exportador global. O grande desafio em prospectar mercado está em enfrentar grandes empresas multinacionais (algumas produzindo o produto) em países da América Central.
No caso da maçã, mais forte em Santa Catarina, a participação é baixa na pauta de exportação, totalizando apenas US$ 43 milhões (28º no ranking). O mercado interno também acaba absorvendo maior parte da produção da fruta. Em poucos casos, houve espaço para o Brasil dar as caras pelo mundo, principalmente quando houve quebra de safra. Um dos maiores problemas é que a produção da fruta é forte tanto no hemisfério Norte como no Sul. (Reportagem Local)