Os pioneiros do cogumelo rosa
Jovem casal de engenheiros agrônomos começa a produzir shimeji salmão em Ibiporã e atrai clientela de toda a região
Opreparo e consumo de cogumelos há muito tempo deixou de ser exclusivo da culinária oriental e já faz parte do paladar dos brasileiros. Muito além do conhecidíssimo champignon, basta dar um giro por feiras, sacolões e restaurantes por aí para perceber outras variedades bem estabelecidas, como o shitake e shimeji. Com isso, a fungicultura ganha espaço, inclusive em pequenas propriedades da região metropolitana de Londrina.
E foi nesse segmento do agro que um jovem casal de engenheiros agrônomos resolveu inovar e, assim, está conquistando uma clientela fiel. Valdemir Custódio dos Santos Junior e Camila Zamboni foram além de produzir o tradicional shimeji branco. Buscando informação em artigos científicos, eles resolveram a apostar na produção do shimeji salmão (ou hiratake), o que tem chamado a atenção dos consumidores londrinenses em feiras e outros estabelecimentos.
A Agrotec Cogumelos é uma empresa recente. A estrutura de estufa semi-climatizada do casal foi montada há três meses numa propriedade rural em Ibiporã, limite do município com Londrina. Eles investiram um valor significativo e optaram pelo shimeji porque o consumo de energia na estufa para essa variedade é menor. Atualmente, a produção é de 250 quilos do shimeji branco por mês, mas os olhares sobre a empresa do casal aumentaram quando começaram a vender o hiratake salmão, recentemente. “Tivemos uma aceitação muito grande no mercado, o público gostou, e vamos continuar apostando no salmão. Para dezembro pretendemos produzir 50 quilos e talvez dobrar esse volume no início do ano que vem”, projeta Valdemir.
Além do visual incrível com uma coloração que chama demais a atenção - o shimeji salmão tem uma textura mais macia que o branco, é mais adocicado, e cai muito bem com massas e molho branco. O produtor explica que ele é visto como exótico e muito procurado pelas cozinhas gourmet. De forma geral, vale dizer que o shimeji é rico em vitamina B12, fundamental para a produção de melatonina, que melhora a capacidade de concentração, memória e fortalece o sistema imunológico, além de outros benefícios para a saúde. “Hoje já estamos em várias revendas de Londrina, como frutarias, sacolões, lojas de produtos naturais e também em três restaurantes. Na Feira do Produtor Rural (na rua Benjamin Constant), cheguei a vender 80 bandejas de 200 gramas (16 quilos de shimeji) em quatro horas.”
O bacana é que a fungicultura entrou na vida de Valdemir há bem pouco tempo. Ele se formou no ano passado, mas foi em 2016 que começou a trabalhar com a cultura, ainda em fase de testes na universidade. Como não quis seguir carreira como empregado em grandes empresas do agro, resolveu empreender junto com a sua noiva, Camila. “Hoje nós dois trabalhamos na atividade. São quatro picos de produção a cada quarenta dias. É uma atividade que é necessário muita atenção. Se o cogumelo está brotando de manhã, na hora do almoço já cresceu e precisa ser colhido. Se deixar, ele passa do ponto e não fica apresentável.”
Vale dizer também os shimejis do casal são livres de agrotóxico. Eles trabalham com o MIPD (Manejo Integrado de Pragas e Doenças), utilizando colas entomológicas e iscas à base de água e vinagre para evitar os predadores naturais. “Outro desafio que temos é que o substrato vem do estado de São Paulo, o que dificulta a logística e aumenta o custo de produção devido ao frete. Pretendemos em breve produzir o nosso próprio substrato por aqui”, conclui o agrônomo.
Quem se interessar em experimentar os shimejis, pode acessar a Agrotec Cogumelos pelo Facebook e Instagram. Para pedidos, os telefones são (43) 99695-0723 e 9 9916-2018.