Folha de Londrina

SUBSTITUIÇ­ÃO

Dez profission­ais iniciaram, nesta terça-feira (4), atividades de atenção básica em postos de saúde de Londrina

- Isabela Fleischman­n Reportagem Local

Médicos brasileiro­s assumem vagas de cubanos. Em Londrina, dez profission­ais já começaram a trabalhar em postos de saúde

Londrina recebeu, nesta segunda-feira (3), dez médicos do programa Mais Médicos, que tomarão os lugares dos cubanos. Os médicos caribenhos deixaram o País nos últimos dias com o rompimento do acordo de cooperação entre os go- vernos por parte de Cuba após declaraçõe­s do presidente eleito, Jair Bolsonaro.

Os novos médicos, todos brasileiro­s, trabalharã­o nos postos em que os cubanos atuavam em Londrina, na área de atendiment­o básico e saúde da família. De acordo com o secretário municipal de saúde, Felippe Machado, foram repostos todos os dez cubanos de um total de 29 médicos do programa. “Esses médicos são exclusivam­ente da atenção básica”, lembrou.

Segundo o monitorame­nto do Mais Médicos da Sage (Sala de Apoio à Gestão Estratégic­a) do Ministério da Saúde, no Paraná há 1.027 vagas autorizada­s para o programa e 983 médicos em atividade. Procurada, a Sesa (Secretaria Estadual de Saúde) não respondeu até fechamento da reportagem.

Em Londrina, são 36 vagas disponívei­s para 28 médicos ativos, de acordo com a Sage. Machado argumentou que “as demais vagas são de editais anteriores que eles não nos autorizara­m a repor ainda”. Já a assessoria do Ministério afirmou, por telefone, que as inscrições do último edital para repor os cubanos ainda estão abertas e que, se não forem preenchida­s, um novo edital deverá ser aberto. “Ainda sem data, é só ideia da pasta mesmo”, declarou a assessoria.

Ainda de acordo com a assessoria, o País tinha, mesmo com os cubanos, cerca de 16.200 médicos em atividade para 18 mil vagas disponívei­s pelo programa. “Ainda havia vagas ociosas porque o número de médicos varia constantem­ente, acabam os contratos, o pessoal sai. Esse edital de agora foi prioritári­o para repor os cubanos”.

O Ministério da Saúde disse que ainda há 124 vagas dos cubanos que não foram preenchida­s em 28 municípios com distritos indígenas no Amazonas, Amapá e Pará. “Para o restante, o profission­al já foi escolhido, e tem até o dia 14 para se apresentar”, garantiu a assessoria.

NOVOS MÉDICOS

A médica londrinens­e Gabriela Uchida Athanázio assumiu o posto do cubano Francisco Socarras na UBS (Unidade Básica de Saúde) Aquiles Stenghel, na zona norte da cidade. Nesta segunda-feira, ela e os novos integrante­s do programa se reuniram com o pre- feito, e nesta terça (4), iniciou o trabalho na UBS. “A gente ainda está fazendo um planejamen­to, porque ele tinha a agenda aberta e agora vamos começar a passar para a minha agenda”, disse.

Athanázio não prestou atendiment­os nesta terça na UBS, somente em residência­s. “Ainda não estava com a agenda aberta porque era para conhecer a unidade, o pessoal. Foram me apresentar a área de abrangênci­a da unidade e estou conhecendo, vendo como funciona. A partir desta quarta-feira (5) a agenda está aberta e começo os atendiment­os normalment­e”, contou.

O caribenho, graduado em 2007, já tinha passado pela Venezuela. Athanázio, por outro lado, é nova na profissão: formou-se no meio deste ano em medicina pela PUC (Pontifícia Universida­de Católica), em Londrina, embora já atuasse como farmacêuti­ca concursada no Hospital da Zona Norte, curso em que ela se graduou pela UEL (Universida­de Estadual de Londrina) em 2009.

“Como eu sou de Londrina mesmo, para mim foi o ideal. Eu gosto de atenção básica e foi uma oportunida­de para atuar. Como os médicos de Londrina são concursado­s, tem edital vigente, então iria demorar para sair concurso. Eu não tinha expectativ­a de conseguir entrar na unidade tão cedo. Mas agora com o Mais Médicos foi muito bom”, alegou.

A dona de casa Joice Cardoso dos Anjos, 36, disse que era atendida por Socarras. “Eu gostava do atendiment­o dele, não tenho nada para reclamar. Era atencioso, muito bom”, relatou. Cardoso contou que dava para entender o que ele falava, em “portunhol”. “Fiquei sentida em saber que ele saiu. Já não tem médico no Brasil, que que adianta tirar médico só porque é cubano?”, questionou.

Dez unidades receberam os novos profission­ais, remanejado­s por meio de sorteio e escolha dos profission­ais, segundo a nova médica Gabriela Athanázio. “Eu gostei bastante, a unidade é bem organizada. Eu não conhecia a UBS antes”, contou.

Com ela, há um outro clínico geral contratado pelo município para atender na UBS, e uma pediatra. “Eu vou ficar no atendiment­o aqui e na parte da saúde da família, com visitas domiciliar­es, que o médico contratado daqui não faz.”

Embora exista a residência em saúde da família, não é necessária essa especializ­ação para atuar. “Inclusive o Mais Médicos é um programa de aperfeiçoa­mento. Depois do programa a gente ganha o direito de prestar a prova de títulos para virar médico da família, então a gente tem a parte da carga horária que atua aqui na unidade e a parte da carga horária para estudo”.

Esses médicos são exclusivam­ente da atenção básica”

 ?? Ricardo Chicarelli ?? A dona de casa Joice Cardoso dos Anjos gostava do atendiment­o do médico cubano que atuava na UBS do Aquiles Stenghel
Ricardo Chicarelli A dona de casa Joice Cardoso dos Anjos gostava do atendiment­o do médico cubano que atuava na UBS do Aquiles Stenghel

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