SUBSTITUIÇÃO
Dez profissionais iniciaram, nesta terça-feira (4), atividades de atenção básica em postos de saúde de Londrina
Médicos brasileiros assumem vagas de cubanos. Em Londrina, dez profissionais já começaram a trabalhar em postos de saúde
Londrina recebeu, nesta segunda-feira (3), dez médicos do programa Mais Médicos, que tomarão os lugares dos cubanos. Os médicos caribenhos deixaram o País nos últimos dias com o rompimento do acordo de cooperação entre os go- vernos por parte de Cuba após declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro.
Os novos médicos, todos brasileiros, trabalharão nos postos em que os cubanos atuavam em Londrina, na área de atendimento básico e saúde da família. De acordo com o secretário municipal de saúde, Felippe Machado, foram repostos todos os dez cubanos de um total de 29 médicos do programa. “Esses médicos são exclusivamente da atenção básica”, lembrou.
Segundo o monitoramento do Mais Médicos da Sage (Sala de Apoio à Gestão Estratégica) do Ministério da Saúde, no Paraná há 1.027 vagas autorizadas para o programa e 983 médicos em atividade. Procurada, a Sesa (Secretaria Estadual de Saúde) não respondeu até fechamento da reportagem.
Em Londrina, são 36 vagas disponíveis para 28 médicos ativos, de acordo com a Sage. Machado argumentou que “as demais vagas são de editais anteriores que eles não nos autorizaram a repor ainda”. Já a assessoria do Ministério afirmou, por telefone, que as inscrições do último edital para repor os cubanos ainda estão abertas e que, se não forem preenchidas, um novo edital deverá ser aberto. “Ainda sem data, é só ideia da pasta mesmo”, declarou a assessoria.
Ainda de acordo com a assessoria, o País tinha, mesmo com os cubanos, cerca de 16.200 médicos em atividade para 18 mil vagas disponíveis pelo programa. “Ainda havia vagas ociosas porque o número de médicos varia constantemente, acabam os contratos, o pessoal sai. Esse edital de agora foi prioritário para repor os cubanos”.
O Ministério da Saúde disse que ainda há 124 vagas dos cubanos que não foram preenchidas em 28 municípios com distritos indígenas no Amazonas, Amapá e Pará. “Para o restante, o profissional já foi escolhido, e tem até o dia 14 para se apresentar”, garantiu a assessoria.
NOVOS MÉDICOS
A médica londrinense Gabriela Uchida Athanázio assumiu o posto do cubano Francisco Socarras na UBS (Unidade Básica de Saúde) Aquiles Stenghel, na zona norte da cidade. Nesta segunda-feira, ela e os novos integrantes do programa se reuniram com o pre- feito, e nesta terça (4), iniciou o trabalho na UBS. “A gente ainda está fazendo um planejamento, porque ele tinha a agenda aberta e agora vamos começar a passar para a minha agenda”, disse.
Athanázio não prestou atendimentos nesta terça na UBS, somente em residências. “Ainda não estava com a agenda aberta porque era para conhecer a unidade, o pessoal. Foram me apresentar a área de abrangência da unidade e estou conhecendo, vendo como funciona. A partir desta quarta-feira (5) a agenda está aberta e começo os atendimentos normalmente”, contou.
O caribenho, graduado em 2007, já tinha passado pela Venezuela. Athanázio, por outro lado, é nova na profissão: formou-se no meio deste ano em medicina pela PUC (Pontifícia Universidade Católica), em Londrina, embora já atuasse como farmacêutica concursada no Hospital da Zona Norte, curso em que ela se graduou pela UEL (Universidade Estadual de Londrina) em 2009.
“Como eu sou de Londrina mesmo, para mim foi o ideal. Eu gosto de atenção básica e foi uma oportunidade para atuar. Como os médicos de Londrina são concursados, tem edital vigente, então iria demorar para sair concurso. Eu não tinha expectativa de conseguir entrar na unidade tão cedo. Mas agora com o Mais Médicos foi muito bom”, alegou.
A dona de casa Joice Cardoso dos Anjos, 36, disse que era atendida por Socarras. “Eu gostava do atendimento dele, não tenho nada para reclamar. Era atencioso, muito bom”, relatou. Cardoso contou que dava para entender o que ele falava, em “portunhol”. “Fiquei sentida em saber que ele saiu. Já não tem médico no Brasil, que que adianta tirar médico só porque é cubano?”, questionou.
Dez unidades receberam os novos profissionais, remanejados por meio de sorteio e escolha dos profissionais, segundo a nova médica Gabriela Athanázio. “Eu gostei bastante, a unidade é bem organizada. Eu não conhecia a UBS antes”, contou.
Com ela, há um outro clínico geral contratado pelo município para atender na UBS, e uma pediatra. “Eu vou ficar no atendimento aqui e na parte da saúde da família, com visitas domiciliares, que o médico contratado daqui não faz.”
Embora exista a residência em saúde da família, não é necessária essa especialização para atuar. “Inclusive o Mais Médicos é um programa de aperfeiçoamento. Depois do programa a gente ganha o direito de prestar a prova de títulos para virar médico da família, então a gente tem a parte da carga horária que atua aqui na unidade e a parte da carga horária para estudo”.
Esses médicos são exclusivamente da atenção básica”