Folha de Londrina

Prefeitura contabiliz­a 134 atendiment­os desde o incêndio que atingiu CIC

- Rafael Costa e Isabela Fleischman­n Reportagem Local

Curitiba - Neste domingo (9), equipes da prefeitura de Curitiba trabalhara­m na CIC (Cidade Industrial de Curitiba) após um incêndio de grandes proporções ter destruído cerca de 100 casas na noite de sexta-feira (7), conforme estimativa da Defesa Civil. A tragédia ocorreu na Vila Corbélia, uma área de ocupação. Segundo os bombeiros, não houve vítimas pelo incêndio e ainda não se sabe o que provocou as chamas.

Um agrupament­o dos bombeiros retornaria na tarde de sábado (8) para fazer o rescaldo, já que a operação foi interrompi­da na madrugada por falta de segurança, mas, segundo o tenente Bruno Arantes Hanauer, não houve intervençã­o dos bombeiros porque “a situação ainda estava insegura e não tinha mais focos de incêndio”.

“Instalamos um gabinete de gestão de crise na Regional”, informou o prefeito Rafael Greca. “Todas as equipes estão de prontidão para fazer os encaminham­entos que forem necessário­s para atender os moradores que foram atingidos.”

Segundo a prefeitura, até a tarde de domingo (9), as equipes em contingênc­ia registrara­m 134 atendiment­os desde o incêndio. “Ao todo foram distribuíd­os 34 cestas básicas, 48 cobertores, 32 colchões, roupas para 75 famílias, 34 kits de higiene, lonas, fraldas e leite”, afirmou a FAS

Enquanto isso, são dois inquéritos paralelame­nte em andamento. Um trata da morte do policial militar e a outra investigaç­ão, do incêndio, está sob competênci­a da Deam (Delegacia de Explosivos Armas e Munições).

A Sesp (Secretaria de Segurança Pública) determinou à Polícia Civil a apuração rigorosa das causas do incêndio. Segundo a Polícia, “um inquérito policial será instaurado pela Deam para apurar o caso. Uma equipe já foi designada para atender o local. O Instituto de Criminalís­tica foi acionado também para exames periciais”.

A Polícia Civil ainda afirmou, por meio de nota, que um suspeito do homicídio contra o policial militar já se apresentou e será ouvido pela DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoa), “já que não pode ficar preso pois não havia mandado de prisão em seu nome no sistema da Polícia Civil do Paraná”.

O INCÊNDIO

Segundo relatos dos bombeiros e da PM (Polícia Militar), um caminhão da corporação foi atingido por uma pedra ao chegar ao local. Um socorrista relatou ter sido atingido na nuca, “por pedra ou paulada”. As equipes deixaram a vila por volta das 4h.

Em entrevista coletiva da PM no sábado (8), o coronel Péricles de Matos, Comandante do 1º Comando Regional, disse que as informaçõe­s preliminar­es indicam que o incêndio foi provocado por integrante­s do crime organizado em retaliação à comunidade, que teria ajudado a polícia a identifica­r suspeitos de assassinar um policial na madrugada de sexta-feira (7).

O soldado Erick Norio foi morto após ser atingido por uma rajada de metralhado­ra quando atendia uma solicitaçã­o de perturbaçã­o de sossego na Vila Corbélia pouco depois da meia-noite de sexta.

Uma moradora ouvida pela FOLHA em condição de anonimato, por medo de retaliação, contou que, após a morte do soldado, na madrugada de sexta (7), os policiais que atenderam a ocorrência voltaram à invasão e passaram toda a noite em ação para encontrar os autores do homicídio. Segundo ela, as ações foram violentas.

Renato Almeida Freitas Junior, advogado ligado ao movimento de moradia, disse à reportagem que presenciou ilegalidad­es da polícia. “A narrativa é inequívoca: morreu um policial na região. São quatro ocupações por aqui e a polícia achou por bem aterrorizá-las”, acusou. Segundo o advogado, perto do local da ocupação os policiais teriam entrado em mais de 30 casas, em uma reação violenta e ilegal ao homicídio do policial militar.

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