Prefeitura contabiliza 134 atendimentos desde o incêndio que atingiu CIC
Curitiba - Neste domingo (9), equipes da prefeitura de Curitiba trabalharam na CIC (Cidade Industrial de Curitiba) após um incêndio de grandes proporções ter destruído cerca de 100 casas na noite de sexta-feira (7), conforme estimativa da Defesa Civil. A tragédia ocorreu na Vila Corbélia, uma área de ocupação. Segundo os bombeiros, não houve vítimas pelo incêndio e ainda não se sabe o que provocou as chamas.
Um agrupamento dos bombeiros retornaria na tarde de sábado (8) para fazer o rescaldo, já que a operação foi interrompida na madrugada por falta de segurança, mas, segundo o tenente Bruno Arantes Hanauer, não houve intervenção dos bombeiros porque “a situação ainda estava insegura e não tinha mais focos de incêndio”.
“Instalamos um gabinete de gestão de crise na Regional”, informou o prefeito Rafael Greca. “Todas as equipes estão de prontidão para fazer os encaminhamentos que forem necessários para atender os moradores que foram atingidos.”
Segundo a prefeitura, até a tarde de domingo (9), as equipes em contingência registraram 134 atendimentos desde o incêndio. “Ao todo foram distribuídos 34 cestas básicas, 48 cobertores, 32 colchões, roupas para 75 famílias, 34 kits de higiene, lonas, fraldas e leite”, afirmou a FAS
Enquanto isso, são dois inquéritos paralelamente em andamento. Um trata da morte do policial militar e a outra investigação, do incêndio, está sob competência da Deam (Delegacia de Explosivos Armas e Munições).
A Sesp (Secretaria de Segurança Pública) determinou à Polícia Civil a apuração rigorosa das causas do incêndio. Segundo a Polícia, “um inquérito policial será instaurado pela Deam para apurar o caso. Uma equipe já foi designada para atender o local. O Instituto de Criminalística foi acionado também para exames periciais”.
A Polícia Civil ainda afirmou, por meio de nota, que um suspeito do homicídio contra o policial militar já se apresentou e será ouvido pela DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoa), “já que não pode ficar preso pois não havia mandado de prisão em seu nome no sistema da Polícia Civil do Paraná”.
O INCÊNDIO
Segundo relatos dos bombeiros e da PM (Polícia Militar), um caminhão da corporação foi atingido por uma pedra ao chegar ao local. Um socorrista relatou ter sido atingido na nuca, “por pedra ou paulada”. As equipes deixaram a vila por volta das 4h.
Em entrevista coletiva da PM no sábado (8), o coronel Péricles de Matos, Comandante do 1º Comando Regional, disse que as informações preliminares indicam que o incêndio foi provocado por integrantes do crime organizado em retaliação à comunidade, que teria ajudado a polícia a identificar suspeitos de assassinar um policial na madrugada de sexta-feira (7).
O soldado Erick Norio foi morto após ser atingido por uma rajada de metralhadora quando atendia uma solicitação de perturbação de sossego na Vila Corbélia pouco depois da meia-noite de sexta.
Uma moradora ouvida pela FOLHA em condição de anonimato, por medo de retaliação, contou que, após a morte do soldado, na madrugada de sexta (7), os policiais que atenderam a ocorrência voltaram à invasão e passaram toda a noite em ação para encontrar os autores do homicídio. Segundo ela, as ações foram violentas.
Renato Almeida Freitas Junior, advogado ligado ao movimento de moradia, disse à reportagem que presenciou ilegalidades da polícia. “A narrativa é inequívoca: morreu um policial na região. São quatro ocupações por aqui e a polícia achou por bem aterrorizá-las”, acusou. Segundo o advogado, perto do local da ocupação os policiais teriam entrado em mais de 30 casas, em uma reação violenta e ilegal ao homicídio do policial militar.