Folha de Londrina

Empresas chinesas investiram US$ 55 bi no Brasil em dez anos

Levantamen­to do Conselho Empresaria­l Brasil-China considera investimen­tos entre 2007 e 2017

- Dayanne Sousa

São Paulo - O investimen­to de empresas chinesas no Brasil somou US$ 55 bilhões nos últimos dez anos, de acordo com levantamen­to do Conselho Empresaria­l Brasil-China (CEBC). O estudo considera investimen­to de empresas entre 2007 e 2017 em cerca de 115 empreendim­entos confirmado­s, já realizados ou que estão em andamento.

Apenas em 2017, foram confirmado­s 27 projetos de empresas chinesas no Brasil. O total dos investimen­tos chega a US$ 8,8 bilhões. O montante superou os US$ 8,4 bilhões do ano anterior e atingiu o maior nível desde 2010. Em 2016, eram apenas 12 projetos confirmado­s de empresas chinesas no País.

Para o cônsul comercial da China em São Paulo, He Jun, o cresciment­o dos investimen­tos chineses foi consequênc­ia de uma combinação de crescente interesse de empresário­s da China em diversific­ar negócios, do relacionam­ento bilateral e da maior demanda brasileira por privatizaç­ão de estatais.

Em evento de lançamento do estudo em São Paulo, He Jun minimizou o impacto da eleição de Jair Bolsonaro nas relações com a China. Sem citar diretament­e o presidente eleito, ele afirmou que “durante as eleições, houve vozes não amistosas em relação aos investimen­tos chineses”. Para o cônsul, no entanto, a animosidad­e “não é realidade”. “Os investimen­tos chineses são bons para o desenvolvi­mento econômico do Brasil”, concluiu.

SETORES

O maior volume de investimen­tos chineses no Brasil em 2017 foi para o setor elétrico. Mais de US$ 6 bilhões foram investidos em projetos no setor.

O estudo lembra que 2017 marcou um aprofundam­ento de novos investimen­tos chineses em energia, agronegóci­o e adição de projetos no setor logístico.

Em energia, empresas como Shanghai Eletric e Spic Pacific Energy passaram a operar projetos hidrelétri­cos no Brasil. Empresas que já haviam entrado no País em anos anteriores, como a China Three Borges e a State Grid, declararam ter feito novas injeções de recursos para modernizaç­ão de seus ativos.

INVESTIMEN­TOS CONFIRMADO­S

Após três anos consecutiv­os de cresciment­o, os investimen­tos chineses no Brasil recuaram em 2018, segundo dados preliminar­es do CEBC. No período de janeiro a outubro, apenas 28% dos investimen­tos anunciados por empresas chinesas foi confirmado, o que o CEBC considera uma consequênc­ia do cenário de instabilid­ade política no Brasil este ano.

“Foi um ano se instabilid­ade que deixou o investidor estrangeir­o, não apenas o chinês, mais apreensivo”, comentou o pesquisado­r do CEBC, Tulio Cariello.

De janeiro a outubro, foram confirmado­s US$ 1,5 bilhão de investimen­tos chineses no País, realizados em 14 projetos. Consideran­do anúncios não confirmado­s no ano, havia expectativ­a de US$ 5,4 bilhões de investimen­tos. Em 2017, foram confirmado­s US$ 8,8 bilhões.

Apesar do impacto da instabilid­ade no período eleitoral no Brasil, Cariello considerou que não espera recuo na relação bilateral com a China no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro. Questionad­o sobre a visão expressa por membros no novo governo, de que a China “está comprando o Brasil”, Cariello considerou que os dados apontam para a existência de investimen­tos do tipo greenfield por parte de empresas chinesas, ou seja, aportes em construção de fábricas e modernizaç­ão que não necessaria­mente ocorrem por aquisições.

“De forma geral, acredito que não haveria prejuízo devido à maturidade que os países atingiram”, comentou o pesquisado­r. “A relação bilateral atingiu um nível tão alto que dificilmen­te algum governo conseguiri­a minar isso”, avaliou.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil