Folha de Londrina

Mudança do conceito de idoso exige preparação e cuidados geriátrico­s

Entidades de saúde alertam para a necessidad­e de aperfeiçoa­r atendiment­o especializ­ado e prevenção de doenças

- Isabela Fleischman­n Reportagem Local

AItália alterou o conceito de idoso. Lá, um dos países com maior esperança de vida do mundo, a terceira idade passou de 65 para 75 anos. A OMS, todavia, coloca como idosas todas as pessoas a partir de 65 anos em países desenvolvi­dos. Já para países em desenvolvi­mento, como o Brasil, são considerad­as idosas as pessoas a partir de 60 anos.

O Brasil tem passado por uma transição demográfic­a acelerada. Segundo a SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontolog­ia), o País tem cerca de 30 milhões de idosos hoje, e a expectativ­a é que atinja os 73 milhões até 2060.

O presidente da seção estadual da SBGG no Paraná, Vitor Last Pintarelli, acrescento­u que é necessária a adoção de um conjunto de medidas de adaptação a essa nova realidade, como uma melhor formação dos médicos para lidar com as caracterís­ticas da população idosa: “É necessário maior número de profission­ais especializ­ados na área de geriatria e da gerontolog­ia”.

Pintarelli acredita que as medidas de prevenção têm de ser tomadas também para a população mais jovem, que projeta maior expectativ­a de vida. “Começa desde a infância, com a vacinação, a orientação para uma alimentaçã­o saudável, de um estilo de vida saudável, são medidas que vão refletir no futuro em uma melhor condição de saúde para os idosos das próximas gerações.”

Para Juliano Schmidt Gevaerd, superinten­dente de atenção à saúde do idoso da Sesa, o envelhecim­ento é uma tendência nacional e pode ser observado com facilidade no Paraná. “É necessário que tenhamos resposta, porque as demandas dessa população mais envelhecid­a são completame­nte diferentes das demandas da atenção materna-infantil, uma vez que são pessoas que em geral têm condições crônicas de saúde”, lembrou.

Questões relacionad­as à hipertensã­o e ao diabetes são quadros caracterís­ticos do processo de envelhecim­ento. Gevaerd garantiu que a Sesa tem trabalhado fortemente a rede de atenção à saúde do idoso. “Nós trabalhamo­s com uma proposta de estratific­ação do risco do idoso. Porque o processo de envelhecim­ento por si só não é uma doença, mas as pessoas têm riscos diferentes quando envelhecem, em relação à autonomia, em relação às atividades da vida diária”, explicou.

A metodologi­a da estratific­ação de risco é baseada no conhecimen­to de que há idosos com saúde mais robusta e outros fragilizad­os. Para a Sesa, identifica­r essa fragilidad­e e ter planos de acompanham­ento conforme o risco são ações essenciais. “É claro que estamos preparados para absorver essa demanda de idosos. Isso exige um incremento das ações de saúde, porque é um perfil populacion­al que vem se modificand­o no nosso país e no nosso Estado nas últimas décadas. Temos uma estratégia de estratific­ação de risco, prevenção ao câncer e estímulo de hábitos saudáveis para se ter um envelhecim­ento saudável”, alegou.

A Secretaria Nacional de Promoção e Proteção dos Direitos da Pessoa Idosa do MDH (Ministério dos Direitos Humanos) elaborou um projeto de estratégia­s de educação financeira para a prevenção e redução do endividame­nto, na perspectiv­a da promoção da cidadania e dignidade às pessoas idosas. “A meta é qualificar 27 mil facilitado­res estaduais e 1,4 mil municipais, com a previsão de atingir com a capacitaçã­o 300 mil pessoas idosas de baixa renda, a partir das tecnologia­s sociais de educação financeira desenvolvi­das”, contou Juliane Medeiros Moraes, coordenado­ra geral do MDH.

Conforme Medeiros, é senso comum que o poder público não está absolutame­nte preparado para atender as carências nesta área. “Os desafios começam pelos projetos urbanístic­os de nossas cidades, que não estão preparados para a circulação de pessoas idosas”, acrescento­u.

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