Mudança do conceito de idoso exige preparação e cuidados geriátricos
Entidades de saúde alertam para a necessidade de aperfeiçoar atendimento especializado e prevenção de doenças
AItália alterou o conceito de idoso. Lá, um dos países com maior esperança de vida do mundo, a terceira idade passou de 65 para 75 anos. A OMS, todavia, coloca como idosas todas as pessoas a partir de 65 anos em países desenvolvidos. Já para países em desenvolvimento, como o Brasil, são consideradas idosas as pessoas a partir de 60 anos.
O Brasil tem passado por uma transição demográfica acelerada. Segundo a SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), o País tem cerca de 30 milhões de idosos hoje, e a expectativa é que atinja os 73 milhões até 2060.
O presidente da seção estadual da SBGG no Paraná, Vitor Last Pintarelli, acrescentou que é necessária a adoção de um conjunto de medidas de adaptação a essa nova realidade, como uma melhor formação dos médicos para lidar com as características da população idosa: “É necessário maior número de profissionais especializados na área de geriatria e da gerontologia”.
Pintarelli acredita que as medidas de prevenção têm de ser tomadas também para a população mais jovem, que projeta maior expectativa de vida. “Começa desde a infância, com a vacinação, a orientação para uma alimentação saudável, de um estilo de vida saudável, são medidas que vão refletir no futuro em uma melhor condição de saúde para os idosos das próximas gerações.”
Para Juliano Schmidt Gevaerd, superintendente de atenção à saúde do idoso da Sesa, o envelhecimento é uma tendência nacional e pode ser observado com facilidade no Paraná. “É necessário que tenhamos resposta, porque as demandas dessa população mais envelhecida são completamente diferentes das demandas da atenção materna-infantil, uma vez que são pessoas que em geral têm condições crônicas de saúde”, lembrou.
Questões relacionadas à hipertensão e ao diabetes são quadros característicos do processo de envelhecimento. Gevaerd garantiu que a Sesa tem trabalhado fortemente a rede de atenção à saúde do idoso. “Nós trabalhamos com uma proposta de estratificação do risco do idoso. Porque o processo de envelhecimento por si só não é uma doença, mas as pessoas têm riscos diferentes quando envelhecem, em relação à autonomia, em relação às atividades da vida diária”, explicou.
A metodologia da estratificação de risco é baseada no conhecimento de que há idosos com saúde mais robusta e outros fragilizados. Para a Sesa, identificar essa fragilidade e ter planos de acompanhamento conforme o risco são ações essenciais. “É claro que estamos preparados para absorver essa demanda de idosos. Isso exige um incremento das ações de saúde, porque é um perfil populacional que vem se modificando no nosso país e no nosso Estado nas últimas décadas. Temos uma estratégia de estratificação de risco, prevenção ao câncer e estímulo de hábitos saudáveis para se ter um envelhecimento saudável”, alegou.
A Secretaria Nacional de Promoção e Proteção dos Direitos da Pessoa Idosa do MDH (Ministério dos Direitos Humanos) elaborou um projeto de estratégias de educação financeira para a prevenção e redução do endividamento, na perspectiva da promoção da cidadania e dignidade às pessoas idosas. “A meta é qualificar 27 mil facilitadores estaduais e 1,4 mil municipais, com a previsão de atingir com a capacitação 300 mil pessoas idosas de baixa renda, a partir das tecnologias sociais de educação financeira desenvolvidas”, contou Juliane Medeiros Moraes, coordenadora geral do MDH.
Conforme Medeiros, é senso comum que o poder público não está absolutamente preparado para atender as carências nesta área. “Os desafios começam pelos projetos urbanísticos de nossas cidades, que não estão preparados para a circulação de pessoas idosas”, acrescentou.