Folha de Londrina

Corpo de atleta é sepultado em Cascavel

Segunda-feira foi marcada por manifestaç­ões de pesar pela morte da ibiporãens­e Adriana de Souza

- Simoni Saris Reportagem Local

Foi velado e sepultado nesta segunda-feira (10), em Cascavel (Oeste), o corpo da maratonist­a paranaense Adriana de Souza, que faleceu no domingo (9), após complicaçõ­es decorrente­s de uma cirurgia. A atleta era natural de Ibiporã (Região Metropolit­ana de Londrina) e obteve resultados marcantes ao longo de sua carreira. Em 2000 e 2001, terminou a Corrida Internacio­nal de São Silvestre em quarto lugar e em 2002 foi vice-campeã da prova. Nas provas de cross country, venceu várias vezes a Copa Brasil e foi campeã sul-americana em 2000 e 2002. A CBAt (Confederaç­ão Brasileira de Atletismo) manifestou pesar pela perda e a Prefeitura Municipal de Ibiporã lamentou a morte e declarou luto oficial.

Souza tinha 45 anos e deixa o marido e uma filha de sete anos. Na sexta-feira (7), a atleta foi submetida a uma cirurgia no joelho. No sábado (8), ela postou sua última foto no perfil do Instagram, uma selfie em um leito do Hospital do Coração Nossa Senhora da Salete, em Cascavel, onde se recuperava do procedimen­to. Na legenda, escreveu: “Ainda no hospital”. Na noite de sábado, a atleta teve alta, mas em casa sofreu convulsões e voltou a ser internada. No hospital, foi diagnostic­ada com embolia pulmonar e, em seguida, teve uma parada cardíaca e não resistiu. Ela morreu no domingo. O hospital informou nesta segunda-feira que, a princípio, não se manifestar­ia sobre o caso.

A secretária municipal de Esportes de Ibiporã, Cláudia Guandalini, lamentou a morte da atleta. Souza iniciou sua carreira na cidade. Treinava praticamen­te sozinha, sem incentivos, e só depois de treinar por um período em São Paulo e conseguir destaque em uma edição da Corrida Internacio­nal de São Silvestre o município decidiu iniciar um projeto para apoiá-la. Em sua homenagem, foi criada a Prova Pedestre Adriana de Souza, inserida nas comemoraçõ­es do Dia do Trabalho e que neste ano chegou à 18ª edição. “Para a gente foi um choque. Uma pessoa saudável. É uma perda muito grande para Ibiporã. Todos os anos a Adriana estava aqui, participav­a da prova, tem a família dela aqui. Foi muito impactante”, comentou a secretária.

O projeto de incentivo à atleta, segundo Guandalini, foi mantido por duas gestões, mas em uma troca de administra­ção o apoio foi suspenso e Souza mudou-se para Cascavel, atendendo a um convite para que treinasse naquele município. Em Cascavel, a atleta mantinha atualmente o Clube de Corrida Adriana de Souza com o objetivo de prestar assessoria esportiva para atletas de corrida iniciantes e avançados.

Na noite de domingo, durante a festa da chegada do Papai Noel a Ibiporã, foi feita uma homenagem a Souza.

O presidente da CBAt (Confederaç­ão Brasileira de Atletismo), Warlindo Carneiro da Silva Filho, também lamentou a morte da atleta. “Ela foi um ícone no atletismo brasileiro porque subiu três vezes ao pódio da São Silvestre, correndo em uma época em que havia muitos quenianos e outros estrangeir­os. Ganhou várias vezes o cross country, de longa distância, e morreu em uma cirurgia aparenteme­nte boba”, disse. “Sou muito religioso e acredito piamente que o único dia certo que a gente tem na vida é o dia da morte. Lamentamos a perda pela forma como aconteceu, estamos muito sentidos. A confederaç­ão está de luto.”

A família autorizou a doação de órgãos da atleta. A captação das córneas foi feita na noite de domingo por especialis­tas da Uopeccan - Hospital do Câncer de Cascavel.

O marido de Souza, Cláudio Roberto Paixão Néia, disse que não foram administra­dos à esposa anticoagul­antes porque a cirurgia no joelho, por ser de pequeno porte, não ofereceria maiores riscos. Ele afirmou que ainda não sabe se tomará medidas para que haja alguma investigaç­ão sobre a morte da maratonist­a, para apurar se houve alguma falha de atendiment­o. “Nós acabamos de enterrá-la. Por enquanto, não planejamos nada, mas não posso dizer se no futuro também será assim”, comentou.

Fábio Galão) (Colaborou

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Rubens Chiri/Agência Estado/Arquivo Folha/31-12-2002 Vice na São Silvestre de 2002 foi um dos grandes momentos da carreira da atleta

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