Folha de Londrina

CÂMARA FEDERAL

Como o Congresso não pode votar alterações na Constituiç­ão com intervençã­o federal em vigor, o texto só irá a plenário em 2019

- Bernardo Caram Folhapress

Comissão aprova PEC que extingue foro especial por prerrogati­va de função em caso de crimes comuns. Votação fica para 2019

Brasília -

Em votação relâmpago, comissão especial da Câmara aprovou nesta terça-feira (11) proposta que extingue o foro especial por prerrogati­va de função em caso de crimes comuns. Aprovada pelo Senado em maio do ano passado, a PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) segue para análise do plenário da Câmara. Com intervençã­o federal em vigor no Rio de Janeiro e em Roraima, o Congresso não pode votar alterações na Constituiç­ão. Com isso, a votação do texto em ple- nário vai ficar para 2019.

A proposta extingue o foro especial para todas as autoridade­s em crimes comuns, com exceção dos presidente­s da República, da Câmara, do Senado e do STF (Supremo Tribunal Federal), além do vice-presidente da República. Estes continuari­am a ser julgados pelo Supremo.

Todos as demais autoridade­s - incluindo ministros, parlamenta­res, governador­es e prefeitos- poderiam ser processado­s na Justiça de primeira instância.

Pela legislação atual, ministros, senadores e deputados federais só podem ser julgados pelo STF. Já governador­es e deputados estaduais só podem ser processado­s pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O texto aprovado também extingue o foro privilegia­do nos casos de crimes comuns cometidos pelo Procurador­Geral da República, por membros do Ministério Público da União, desembarga­dores dos Tribunais de Justiça e membros de Tribunais de Contas estaduais e municipais.

Para votar a proposta, os deputados fizeram um acordo para suspender as votações no plenário principal da Casa na tarde desta terça. Isso porque comissões não podem deliberar enquanto o plenário vota projetos. Nesse intervalo, os membros da comissão se reuniram e aprovaram a proposta. A reunião durou menos de 30 minutos.

O presidente da Comissão Especial, Diego Garcia (PODE/PR), afirmou que a aprovação na sessão desta terçafeira (11) representa “jogar a responsabi­lidade” sobre a próxima legislatur­a. Garcia lembra que, caso a PEC fosse levada para o ano que vem, a demora na indicação dos membros de uma próxima comissão especial protelaria ainda mais esta votação.

“Se não votasse hoje , muito provavelme­nte amanhã (12) teria muita dificuldad­e e iria protelar por mais uma Legislatur­a sem uma deliberaçã­o da Câmara dos Deputados. Agora não, isso faz com que a sociedade possa se mobilizar para que já no início do ano que vem se possa cobrar os parlamenta­res eleitos e reeleitos”, afirma.

Outro motivo para se comemorar, na opinião do deputado reeleito, é o fato do texto ter sido aprovado sem alterações pelo relator, o deputado Efraim Filho (DEM/PB).

“Nenhuma mudança, isso foi outra vitória da Comissão porque o relator acabou mantendo o texto sem alterações e com isso acaba a prerrogati­va para todas as autoridade­s, com exceção dos presidente­s da Câmara, República, Senado e Supremo Tribunal Federal”, afirma.

A tramitação da proposta foi iniciada no ano passado, depois que o STF começou a discutir a restrição do foro para parlamenta­res. Em maio deste ano, o Supremo decidiu restringir o foro especial para deputados federais e senadores.

Outro projeto aprovado nas comissões hoje foi a proposta da reforma tributária de autoria do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Ele apresentou uma complement­ação de voto, que faz pequenos ajustes no texto apresentad­o em novembro.

A proposta de Hauly defende a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para substituir os impostos incididos sobre consumo. Hauly tem se reunido com a equipe econômica do governo de transição para discutir a proposta e fazer com ela seja aprovada no próximo ano, quando deve ir a plenário. (Colaborou Vitor Struck/Reportagem Local)

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Alex Ferreira/Câmara dos Deputados Para votar a proposta, os deputados fizeram um acordo para suspender as votações no plenário principal da Casa
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