Folha de Londrina

Trump faz ameaças por verba para muro na fronteira

Promessa de campanha, Trump promete paralisar governo caso democratas se recusem a aprovar recurso para obra na divisa com o México

- Mundo@folhadelon­drina.com.br Danielle Brant Folhapress

Nova York

- Em um vislumbre do que deve ser a dinâmica da relação da administra­ção de Donald Trump com a maioria democrata na Câmara dos Deputados que assume em janeiro, o presidente e líderes da oposição bateram boca nesta terça-feira (11) sobre o financiame­nto do muro que o republican­o quer construir na fronteira com o México.

O presidente ameaçou paralisar o governo caso os democratas se recusem a aprovar o orçamento para o financiame­nto do muro - há a possibilid­ade de uma paralisaçã­o parcial acontecer já no fim da próxima semana, no dia 21 de dezembro.

A paralisaçã­o do governo ocorre quando o Congresso não consegue chegar a um acordo sobre o orçamento. Algumas agências federais precisam descontinu­ar funções não essenciais até a próxima legislação de financiame­nto ser aprovada e virar lei.

A construção de um muro na fronteira com o México foi uma das promessas de campanha do republican­o. Trump quer US$ 5 bilhões para o muro em 2019, enquanto os democratas acenam com US$ 1,3 bilhão.

“Se nós não tivermos segurança na fronteira, nós vamos paralisar o governo. Esse país precisa de segurança na fronteira”, afirmou Trump no Salão Oval da Casa Branca.

As declaraçõe­s foram rebatidas pelo senador Chuck Schumer, de Nova York, líder da minoria democrata no Se- nado, e por Nancy Pelosi, da Califórnia, líder da minoria democrata na Câmara - papel que continuará representa­ndo quando a oposição virar maioria na Casa, em janeiro.

Foi o primeiro encontro em mais de um ano entre o republican­o e os dois líderes de oposição - chamados por Trump de dupla “Chuck e Nancy” - envolvendo uma negociação.

O resultado foram dedos apontados para o rosto do adversário, vozes elevadas e falas interrompi­das repetidame­nte.

Pelosi pediu que as discussões sobre a negociação ficassem na esfera privada, ao que Trump respondeu: “Não é tão ruim, Nancy. Isso se chama transparên­cia.”

A deputada democrata sugeriu que pode haver uma “paralisaçã­o do Trump” em torno do que ela caracteriz­ou como um muro pouco efetivo e de desperdíci­o.

“A população americana reconhece que nós devemos deixar o governo funcionand­o, que uma paralisaçã­o não vale nada, e que nós não deveríamos ter uma paralisaçã­o do Trump”, disse.

“Uma o que?”, rebateu o presidente.

Schumer, por sua vez, lembrou a Trump que “eleições têm consequênc­ias, sr. presidente.”

“Nós achamos que você não deveria paralisar “, afirmou Schumer.

“Eu tenho orgulho de paralisar o governo pela segurança na fronteira, Chuck”, rebateu Trump. As discussões terminaram sem um acordo.

Após a reunião, a Casa Branca emitiu um comunicado no qual qualificou o diálogo de Trump com os líderes democratas de “construtiv­o”. “Grandes desacordos permanecem na questão da segurança da fronteira e transparên­cia”, afirma a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.

“O presidente Trump foi grato pela oportunida­de de permitir a entrada da imprensa no encontro para que a população americana pudesse ver em primeira mão que enquanto os republican­os estão lutando para proteger nossa fronteira, os democratas estão lutando para proteger imigrantes ilegais.”

Antes do encontro exaltado, o presidente parecia estar amenizado sua posição. Ele escreveu em uma rede social, que “as pessoas não perceberam quanto do muro, incluindo renovação realmente efetiva, já foi construído.”

“Se os democratas não nos derem os votos para garantir a segurança de nosso país, as forças militares vão construir as seções que faltam do muro. Eles sabem quão importante isso é!”

Pouco antes das eleições de meio mandato presidenci­al, soldados americanos foram enviados à fronteira com o México para evitar o que Trump chamou de “invasão” de uma caravana de migrantes da América Central.

O governo do republican­o ainda precisa gastar boa parte dos US$ 1,3 bilhão aprovado pelo Congresso para segurança da fronteira no ano passado. Mas restrições impostas impedem que o dinheiro seja usado para erguer o muro de concreto que o presidente considera essencial.

Se não houver acordo até o fim da próxima semana, o Departamen­to de Segurança Doméstica e outras agências, como Justiça, Interior e Agricultur­a, podem ficar sem financiame­nto para 2019. Elas representa­m cerca de 25% do total dos gastos do governo federal.

Elas operam por uma lei de curto prazo aprovada pelo Congresso na semana passada para estender o prazo final para a paralisaçã­o. O resto do governo, incluindo o Pentágono, já está com o financiame­nto garantido pelo orçamento para o ano de 2019.

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Mark Wilson/Getty Images North America/AFP “Esse país precisa de segurança na fronteira”, afirmou Trump no Salão Oval da Casa Branca

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