Preso suspeito de matar policial na vila incendiada em Curitiba
A polícia prendeu um homem acusado de ser o autor do assassinato do policial militar Erick Norio, morto na madrugada da última sextafeira (7), na Vila Corbélia área de ocupação da CIC (Cidade Industrial de Curitiba) que foi atingida por um incêndio de grandes proporções e onde mais duas mortes por disparos ocorreram nas horas seguintes.
De acordo com a polícia, o suspeito confessou que teria disparado contra o soldado por medo de ser preso, já que portava uma submetralhadora de calibre 9mm no local, onde uma equipe da Polícia Militar atendia a uma denúncia de perturbação de sossego. Os tiros seriam uma forma de intimidar os policiais para permitir a fuga.
“Essa arma o levaria à prisão, então ele tentou reagir para se evadir, mas não conseguiu fazê-lo sem atingir o policial”, relatou o delegadotitular do DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa), Luiz Alberto Cartaxo. Dois disparos atingiram Norio - um contido pelo colete à prova de balas e outro atingindo o seu pescoço.
O delegado disse que o suspeito foi identificado já no início da investigação da morte do PM por meio de uma carteira de identidade encontrada próxima ao local do crime. O pedido de prisão temporária tramitou durante o final de semana e foi concedido nesta-segunda-feira (10) - daí o suspeito ter se apresentado à polícia ainda na madrugada de sábado e não ter sido detido.
“Não havia mandado de prisão”, disse Cartaxo. “Muito embora houvessem dados de um mandado de prisão pendente em Goiás, isso não se confirmou. Portanto, não conseguimos realizar a prisão naquele momento”, explicou.
A hipótese de emboscada foi descartada. “Não há essa possibilidade. Foi um atendimento corriqueiro em que, infelizmente, esse indivíduo estava no local”, explicou. De acordo com o delegado, o suspeito não quis esclarecer por que estava armado. “Quer me parecer que, em se tratando de local onde o tráfico de drogas é costumeiro, ele deveria estar funcionando com algum soldado de segurança da região. Todavia isso carece ainda de ser comprovado”, disse.
O advogado do suspeito, José Valdeci de Paula, questionou a confissão feita sem a presença da defesa e disse que o cliente atribuíra o assassinato do policial a um dos que foram encontrados mortos na Vila Corbélia na noite do incêndio. “Ele relatou, na sexta-feira, que quem tinha feito o disparo foi um tal de Pablo, que já tinha sido assassinado”, contou à FOLHA, por telefone.
José Valdeci acompanhou as tentativas feitas pelo suspeito para se entregar à polícia. Segundo o advogado, o objetivo era cessar as buscas por ele na ocupação, que estaria fazendo vítimas inocentes. No entendimento do advogado, caberia a prisão por flagrante.
INVESTIGAÇÕES
De acordo com Cartaxo, as outras duas mortes ocorridas no dia seguinte ao assassinato do PM estão sendo investigadas paralelamente pela Polícia Civil e ainda não foram esclarecidas, assim como as causas do incêndio, que destruiu cerca de 100 casas. O MPPR (Ministério Público do Paraná) está acompanhando o caso por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), já que há relatos de ilegalidades envolvendo policiais e até de envolvimento no início do que consumiu a ocupação, conhecida como 29 de Março. A PM disse que averiguará a atuação dos militares, que realizavam buscas no local. A Comissão de Direitos Humanos da OABPR (Ordem dos Advogados do Brasil - Seção do Paraná) também acompanha o caso. O presidente da comissão, Alexandre Salomão, disse que a entidade se colocou à disposição dos moradores, mas que não foi acionada.
Segundo a PM, o homem confessou ter atirado no soldado por medo de ser preso portando uma submetralhadora no local, uma área de ocupação na CIC