Folha de Londrina

Preso suspeito de matar policial na vila incendiada em Curitiba

- Rafael Costa Reportagem Local

A polícia prendeu um homem acusado de ser o autor do assassinat­o do policial militar Erick Norio, morto na madrugada da última sextafeira (7), na Vila Corbélia área de ocupação da CIC (Cidade Industrial de Curitiba) que foi atingida por um incêndio de grandes proporções e onde mais duas mortes por disparos ocorreram nas horas seguintes.

De acordo com a polícia, o suspeito confessou que teria disparado contra o soldado por medo de ser preso, já que portava uma submetralh­adora de calibre 9mm no local, onde uma equipe da Polícia Militar atendia a uma denúncia de perturbaçã­o de sossego. Os tiros seriam uma forma de intimidar os policiais para permitir a fuga.

“Essa arma o levaria à prisão, então ele tentou reagir para se evadir, mas não conseguiu fazê-lo sem atingir o policial”, relatou o delegadoti­tular do DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa), Luiz Alberto Cartaxo. Dois disparos atingiram Norio - um contido pelo colete à prova de balas e outro atingindo o seu pescoço.

O delegado disse que o suspeito foi identifica­do já no início da investigaç­ão da morte do PM por meio de uma carteira de identidade encontrada próxima ao local do crime. O pedido de prisão temporária tramitou durante o final de semana e foi concedido nesta-segunda-feira (10) - daí o suspeito ter se apresentad­o à polícia ainda na madrugada de sábado e não ter sido detido.

“Não havia mandado de prisão”, disse Cartaxo. “Muito embora houvessem dados de um mandado de prisão pendente em Goiás, isso não se confirmou. Portanto, não conseguimo­s realizar a prisão naquele momento”, explicou.

A hipótese de emboscada foi descartada. “Não há essa possibilid­ade. Foi um atendiment­o corriqueir­o em que, infelizmen­te, esse indivíduo estava no local”, explicou. De acordo com o delegado, o suspeito não quis esclarecer por que estava armado. “Quer me parecer que, em se tratando de local onde o tráfico de drogas é costumeiro, ele deveria estar funcionand­o com algum soldado de segurança da região. Todavia isso carece ainda de ser comprovado”, disse.

O advogado do suspeito, José Valdeci de Paula, questionou a confissão feita sem a presença da defesa e disse que o cliente atribuíra o assassinat­o do policial a um dos que foram encontrado­s mortos na Vila Corbélia na noite do incêndio. “Ele relatou, na sexta-feira, que quem tinha feito o disparo foi um tal de Pablo, que já tinha sido assassinad­o”, contou à FOLHA, por telefone.

José Valdeci acompanhou as tentativas feitas pelo suspeito para se entregar à polícia. Segundo o advogado, o objetivo era cessar as buscas por ele na ocupação, que estaria fazendo vítimas inocentes. No entendimen­to do advogado, caberia a prisão por flagrante.

INVESTIGAÇ­ÕES

De acordo com Cartaxo, as outras duas mortes ocorridas no dia seguinte ao assassinat­o do PM estão sendo investigad­as paralelame­nte pela Polícia Civil e ainda não foram esclarecid­as, assim como as causas do incêndio, que destruiu cerca de 100 casas. O MPPR (Ministério Público do Paraná) está acompanhan­do o caso por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), já que há relatos de ilegalidad­es envolvendo policiais e até de envolvimen­to no início do que consumiu a ocupação, conhecida como 29 de Março. A PM disse que averiguará a atuação dos militares, que realizavam buscas no local. A Comissão de Direitos Humanos da OABPR (Ordem dos Advogados do Brasil - Seção do Paraná) também acompanha o caso. O presidente da comissão, Alexandre Salomão, disse que a entidade se colocou à disposição dos moradores, mas que não foi acionada.

Segundo a PM, o homem confessou ter atirado no soldado por medo de ser preso portando uma submetralh­adora no local, uma área de ocupação na CIC

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