P Impunidade, álcool e acidentes de trânsito
ouco mais de 37 mil pessoas morrem por ano no Brasil vítimas de acidentes de trânsito. É como se um avião de médio porte caísse todos os dias com 90 passageiros a bordo, comparou este ano o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, ao falar sobre segurança nas ruas e estradas do País. São inúmeras campanhas todos os anos sobre o tema que preocupa países no mundo todo, levando a ONU (Organização das Nações Unidas) a incluir a segurança no trânsito como meta a ser alcançada pelos 193 estados-membros até o ano de 2030.
No Brasil, o problema vem alcançando poucos avanços e a impunidade dos motoristas que causam acidentes é certamente um dos fatores que mais contribuem para que milhares de mortes continuem acontecendo nas estradas do País. Mudanças no Código de Trânsito Brasileiro, que entraram em vigor neste ano de 2018, tiveram como objetivo justamente aumentar a punição para os motoristas embriagados que causaram acidentes com vítimas. Por meio dessa alteração, motoristas bêbados enquadrados na lei de trânsito por homicídio culposo (sem intenção de matar) cumpram de cinco a oito anos de prisão. Antes, a pena era de dois a quatro anos.
Nesta sexta-feira, a notícia de que o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho deverá cumprir pena em regime semiaberto chamou a atenção para os casos de acidentes com vítimas fatais envolvendo motoristas embriagados. Carli Filho foi condenado pelas mortes dos jovens Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida em acidente de trânsito ocorrido em maio de 2009, em Curitiba. No júri popular, o ex-deputado havia sido condenado a nove anos e quatro meses em regime fechado por duplo homicídio com dolo eventual. Ele estava embriagado quando dirigia o veículo que colidiu contra o outro carro em que estavam os jovens. Mas a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná deu início ao julgamento da pena estabelecida para o ex-deputado e a princípio a maioria dos desembargadores concordou em estabelecer a pena de sete anos optando pelo semiaberto.
Ainda não é possível perceber se a alteração no Código de Trânsito vai ajudar o Brasil a cumprir as metas da ONU e reduzir o número de vítimas fatais em acidentes.
Mas espera-se que as penas mais rigorosas e o debate em torno de casos como o envolvendo Carli Filho ajudem a conscientizar a população sobre o risco de dirigir após ingerir bebida alcoólica.