Folha de Londrina

Administra­ção pública movia a economia de 55% das cidades

- Flávia Lima

São Paulo

- A administra­ção pública correspond­ia à principal atividade econômica de 55% dos 5.570 municípios brasileiro­s, incluindo cidades maiores e mais diversific­adas, como Rio de Janeiro e Brasília.

Nesses 3.062 municípios, os salários e serviços gerados por prefeitura­s e órgãos públicos eram o principal motor da economia, à frente, por exemplo, de segmentos do comércio, de serviços e das diferentes indústrias. Os dados, relativos a 2016, fazem parte de levantamen­to feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a).

Segundo o IBGE, existiam ainda 70 localidade­s nas quais a administra­ção pública não só representa­va a principal atividade, como superava 70% de toda a economia local. O grupo era formado por municípios de menor porte, espalhados por apenas 10 estados do Norte e do Nordeste (Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Tocantins, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas).

“Essas cidades são menos diversific­adas, com peso forte dos governos nas economias”, diz o gerente de contas regionais do IBGE, Frederico Cunha. No caso das cidades maiores, diz ele, para além do caso mais óbvio que é Brasília, sede do governo federal, há o Rio de Janeiro, que já foi a capital do país e que ainda abriga muitos órgãos federais que movimentam a economia local, como o Banco Central, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social) e o próprio IBGE.

“O Rio de Janeiro tem muito da administra­ção pública que fará falta se sair de lá”, diz Cunha.

O retrato dos municípios brasileiro­s mostra ainda que a atividade produtiva seguia muito concentrad­a em 2016, com seis municípios respondend­o por 25% da economia brasileira: São Paulo (11%), Rio de Janeiro (5,3%), Brasília (3,8%), Belo Horizonte (1,4%), Curitiba (1,3%) e Osasco (1,2%). Este último saiu da 16a posição em 2002 para a sexta posição em 2016.

Em 2002, início da série, a concentraç­ão era ainda maior, com os quatro primeiros municípios (São Paulo, Rio, Brasília e Belo Horizonte) respondend­o por 25% da economia nacional.

Segundo Cunha, o sistema de proteção social deu força aos municípios menores, ainda que a economia da maior parte deles siga movida pelos recursos vindos da administra­ção pública. Programas como o Bolsa Família ou benefícios como a aposentado­ria rural também ajudaram a gerar renda nesses locais e a diversific­ar a economia, melhorando, ainda que marginalme­nte, a distribuiç­ão de riqueza.

A continuida­de da crise e a redução do tamanho de alguns programas sociais, no entanto, pode ter afetado esse quadro nos anos seguintes.

Num ano de crise como foi 2016, em que o PIB (Produto Interno Bruto) de todas as unidades da federação registrou queda -com exceção de Roraima e do Distrito Federal-, as cidades com melhor desempenho econômico foram influencia­das pela agropecuár­ia, em especial pelo cultivo de milho e soja em municípios do Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e também de São Paulo.

A atividade financeira, beneficiad­a pelo diferencia­l de juros existente naquele ano, passou de 7,1% para 7,9% do PIB nacional, o que favoreceu especialme­nte municípios de São Paulo, como a capital e Osasco -o sexto município com atividade econômica mais pujante do Brasil e único que não correspond­ia a uma capital.

Na outra ponta, os municípios que mais perderam participaç­ão no PIB geral foram os produtores de petróleo e gás, a maioria localizada no estado do Rio de Janeiro.

O destaque negativo foi Campos dos Goytacazes, que tinha 0,64% do PIB do Brasil em 2015, caindo para 0,3% em 2016.

SÃO PAULO

Em 2016, a economia do município de São Paulo correspond­ia ao PIB dos 4.340 menores municípios brasileiro­s. A região que engloba São Paulo, Osasco, Campinas, Guarulhos, Barueri, São Bernardo do Campo, Paulínia, Sorocaba, Jundiaí e São José dos Campos equivalia à economia dos 4.892 menores municípios.

No início da série, em 2002, o quadro era pior. O grupo correspond­ia a 5.070 municípios. A chamada Cidade-Região de São Paulo -que se estende desde Santos até Piracicaba, e desde Sorocaba até Pindamonha­ngaba- concentrav­a 26% do PIB do país em 2016, tendo perdido participaç­ão ao longo dos anos (era 28,2% em 2002).

Em média, um quilômetro quadrado deste território produzia, em 2016, o equivalent­e a 68 vezes a produção de um quilômetro quadrado do restante do território nacional.

Em 2002, São Paulo e Rio somavam 19% do PIB do Brasil, fatia reduzida para 16,2% em 2016. Já a região Sudeste tinha 57,4% do PIB brasileiro em 2002, o que caiu para 53,2% em 2016. O Nordeste aumentou a participaç­ão no PIB nacional de 13,1% para 14,3% no período.

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