LUIZ GERALDO MAZZA
Esforços dos advogados para evitar a decretação da prisão preventiva de João de Deus foram inúteis
Com a morte de Waltel Branco e o compromisso de algumas pessoas amigas de reconstruir sua obra e agora também nessa linha de memória lembrar da obra filosófica de Ernani Reichman, voltamos a cuidar de algo em que temos sido desidiosos, complacentes. Já me referi aqui ao acervo de Adir Guimarães que continha jornais, revistas, magazines, almanaques, livros desde períodos anteriores à instalação da província até o início dos anos 60 do século passado e que perdemos, de forma absurda, para a universidade australiana de Canberra. Assim o estudioso que quiser saber do Paraná já aproveita para conhecer o canguru, o ornitorrinco e ainda o diabo da Tasmânia.
Nesta sexta-feira (14) a Academia Paranaense de Letras, em seu almoço de fim de ano, prestou homenagens ao filósofo gaúcho que escolheu nosso Estado para viver. Antes de se deslocar exerceu mandato de deputado na assembleia gaúcha da bancada do PRP, integralista. Fazia opção por uma ideologia que foi também a de Alceu Amoroso Lima, Santiago Dantas, Dom Helder Câmara, o bispo vermelho, e Miguel Reale (o pai não o filho, aquele que esteve à frente dos processos de impeachment de Collor e de Dilma Rousseff ), seguramente o nosso maior filósofo do direito. A filosofia de Reichman nada tinha desse resíduo político de passagem da mesma forma que se deu com alguns daqueles nomes que tomaram principalmente no pré e pós 1964 posicionamento à esquerda, abertamente pela democracia .
Ajudei a fazer o filme inaugural do Canal 6, associado (lembro da Dolores Guinle, madrinha do acontecimento) sobre a história do Paraná como autor de script numa peça dirigida por Salomão Scliar e roteirizada por Valêncio Xavier. Um biógrafo do cineasta, anos depois, tentou achar documentos desse evento e nada encontrou (nem fita, nem texto) cabendo a mim dar uma ideia ao interessado de como se produzira o filme de 16 milímetros e iconografia de artistas visuais do Brasil colônia e pertencentes ao Museu de Arte de São Paulo.
Maltratamos, por método, a nossa memória. Façamos o contrário nos casos de Waltel Branco e do nosso antropofilósofo Ernani Reichman.