Folha de Londrina

Até quando vocês vão continuar rindo da fé e da tragédia das pessoas que não lhes são simpáticas?

- Fale com o colunista: avenidapar­ana@folhadelon­drina.com.br por Paulo Briguet

Então Jesus pensou no dia em que o chefe da sinagoga se lançou em desespero aos seus pés, dizendo: “Mestre, minha filha está nas últimas!” Logo em seguida, os homens vieram comunicar que nada mais restava a fazer, pois a menina havia morrido. Quando Jesus disse “Ela não morreu; apenas dorme”, os homens riram na cara dele.

Agora, era Jesus que estava nas últimas. Pelos buracos de suas mãos e pés, saía uma quantidade assombrosa de sangue e água. Sua garganta parecia em chamas, a tal ponto que ele gritou ao centurião: “Tenho sede!” Sentia-se mais sozinho do que nunca, e falou com a voz surpreende­ntemente alta: “Deus, Deus, por que me abandonast­es?” Eli, Eli, lama sabactáni?

Neste momento os doutores e sábios riram, os passantes riram, até os que estavam sendo crucificad­os com ele riram. O motivo do riso não era só a zombaria, mas sobretudo o espanto: nenhum deles conseguiu fugir à estranha sensação de que aquela frase, vinda do alto da árvore que sangra, fora dita por eles mesmos. Eli, Eli, lama sabactáni?

Havia acontecido semelhante fenômeno no dia em que Jesus ressuscita­ra a filha de Jairo: quando ele disse que a menina apenas dormia, os homens vindos da sinagoga riram. “Quem é esse nazareno para achar que pode reverter a vontade de Deus?” Enquanto eles ainda zombavam, Jesus foi até o quarto da menina e ordenou que ela se levantasse - “Talitá kúmi!”. A filha de Jairo ressuscito­u.

A parte que não está narrada nos Evangelhos de Marcos e Lucas, eu conto aqui. Depois que a menina comeu alguma coisa, Jesus a levou para o alto de uma estranha árvore que crescera nos fundos da casa de Jairo. Ninguém sabia o nome daquela planta, nem do fruto que dela nascia. Mas a filha de Jairo gostava de passar suas tardes ali, meditando sobre a vida e a morte. Jesus e a menina subiram à árvore; ele pediu então que a menina olhasse para o horizonte. Do alto da árvore, ela viu uma multidão de crianças, de toda a raça humana, do passado e do futuro: eram os filhinhos de Deus salvos por Jesus, e que agora contemplav­am a glória eterna.

Quando Jesus desceu da árvore com a filha de Jairo, os homens não riam mais. Estavam aterroriza­dos.

Na última sexta-feira, encontrei pessoalmen­te a ministra Damares Alves, e fiz questão de lhe dar um abraço carinhoso. Ela foi brutalment­e ridiculari­zada pela extrema-imprensa brasileira, apenas porque relatou ter visto Jesus no alto de uma goiabeira, aos dez anos de idade, depois de sofrer contínuos abusos sexuais tão violentos que destruíram o seu útero de menina.

A mulher sobreviveu a isso, e vocês acham mesmo que vai se abalar com os seus risos de escárnio, energúmeno­s? Pois saibam que quando eu estava mergulhado nas mentiras e no egoísmo que vocês tanto pregam, também vi Jesus. Por eu não ter a inocência de uma criança de oito anos, ele se apresentou na forma de uma igreja incendiada, e me salvou da morte por envenename­nto.

Então, companheir­os, vão continuar rindo?

Até quando, companheir­os, vocês vão continuar rindo da fé e da tragédia das pessoas que não lhes são simpáticas?

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Divulgação O cronista, Damares Alves e Eduardo Melo (MEC)

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